Jornalista da Globo ouviu segredos de Jorge Jesus, mas segurou o off
Eric Faria justificou: “Por que não publiquei? Porque para mim ficou claro que era uma conversa informal“
atualizado
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O caso Jorge Jesus, que, além de “queimar o seu filme” numa possível reaproximação com o Flamengo, reacendeu uma polêmica sobre ética jornalística.
Renato Maurício Prado sentou-se ao lado de Jesus para ver Real Madrid e Manchester City na TV, dia 4/5, e, na medida em que o técnico foi contando seus segredos, nem precisou anotar nada, mas transformou aquela conversa numa “bomba”.
“Ele não me pediu off em nada e sabia que eu era jornalista. O Mister não estava nem um pouco preocupado em impedir que suas falas viessem a público”, ponderou Maurício.
Outro jornalista também esteve durante a semana com Jorge Jesus e admitiu que ouviu dele as mesmas confidências. Foi Eric Faria, da TV Globo, que confessou candidamente:
“Tudo isso o que ele falou é verdade. Eu ouvi muitas dessas declarações na segunda e na terça, quando ele participou da gravação do ‘Bem, Amigos!’. Depois fomos jantar, depois fui para o hotel com o Jorge Jesus, fui para o aeroporto com o Jorge Jesus. Das minhas 48h em São Paulo, passei muitas horas ao lado dele, ouvindo muitas dessas declarações. Por que não publiquei? Porque para mim ficou claro que era uma conversa informal. Esse é o meu caso. Não sei se é o caso do Renato Maurício Prado. Quero atestar a veracidade de tudo o que ele falou. Falou outras coisas também. Perguntei a ele sobre ter medo de voltar ao Flamengo e perder toda essa devoção que a torcida tem por ele. A resposta dele foi a seguinte: Não tenho medo nenhum, sei que vou fazer igual ou melhor ainda”.
O que fica de lição em toda essa novela? Em primeiro lugar, mostrou a falta de ética de Jorge Jesus. Depois, a constatação de que não existe off em jornalismo. Renato Maurício Prado sabe, mas Eric Faria certamente aprendeu agora. As informações repassadas ao repórter, mesmo em conversa informal, podem (e devem) fazer parte de uma reportagem.
Uma histórica entrevista “em off”
Em abril de 1978, já ungido por Ernesto Geisel à condição de sucessor na Presidência da República, o general João Baptista Figueiredo aceitou falar com repórteres da Folha de São Paulo, ressaltando apenas de que não usassem gravadores nem fizessem anotações.
A despeito das restrições de Figueiredo – que dizia aos repórteres que não iria conceder entrevista mas apenas manter uma conversa com eles – as respostas do militar foram reconstituídas com fidelidade e publicadas no jornal paulista no dia seguinte.
Então é isto.
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