Jorge Jesus, um homem de duas conversas
Tentamos listar as contradições do técnico venerado pela torcida do Flamengo, e que acabou de acertar sua contratação pelo Fenerbahçe
atualizado
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O técnico Jorge Jesus assumiu o Fenerbahçe e está longe do Flamengo. E ele chegou com um discurso estranho, porque, logo de cara, afirmou que só aceitou a proposta dos turcos por conta da insistência do presidente do clube e que “estava mesmo precisando desse carinho”.
Ora, não foi por falta de insistência, tampouco por falta de carinho que o mister não voltou para o Flamengo no começo do ano. Lembro que a presença de Marcos Braz em Lisboa causou mal-estar no Benfica. O Flamengo fez de tudo para resgatá-lo. De tudo!
Lembro também que, em 2020, de contrato renovado com o Flamengo, ele inventou uma desculpa qualquer e foi embora para o Benfica. Não foi por dinheiro. O salário do Flamengo era tão bom quanto.
Não foi por falta de carinho. Ele era venerado pela diretoria e principalmente pela torcida do Flamengo. E é preciso dizer que boa parte dos benfiquistas queriam vê-lo longe do clube, por uma razão muito simples: poucos anos atrás, JJ trocou o Benfica pelo rival Sporting, também de Lisboa.
Seria algo semelhante a Abel Ferreira trocar o Palmeiras pelo Corinthians. Por isso mesmo a torcida não esqueceu e faixas foram erguidas no Benfica Campus, o CT do time de Lisboa, antes mesmo de o mister assumir. E, com os resultados ruins, a vida dele virou um inferno.
A propósito, quando o Flamengo foi atras dele no final do ano passado, esse inferno já estava em chamas. Naquele momento, com os cartolas do Flamengo ajoelhados aos seus pés, teria sido o melhor momento para ele retornar aos braços da Nação.
O resultado disso é que a “fila andou” e o Flamengo contratou Paulo Sousa. Jorge Jesus – que, antes, já demitido pelo Benfica, torcida contra Renato Gaúcho – inventou de participar do Carnaval fora de época e veio para o Brasil promover uma autêntica “folia”.
Numa conversa reservada com o jornalista Renato Maurício Prado, mandou recados para o Flamengo, dizendo que queria voltar. Teve essa mesma conversa com Eric Faria, da Globo, sem pedir reserva, mas depois inventou uma história fantasiosa: “Eu não sabia que estava falando com jornalistas… pensei que era um ex-piloto de F3”.
Não colou, claro. Ficou evidente que a sua intenção, de forma, digamos, pouco ética, era mesmo provocar a queda de Paulo Sousa e reassumir o Flamengo.
Jesus conseguiu o seu objetivo, que era jogar a torcida contra a diretoria. Foi uma estratégia diametralmente oposta àquela que ele utilizou para fazer do seu time de 2019 uma máquina de ganhar títulos. Desta vez o mister causou enormes danos à instituição Flamengo.
Pode ser que Jorge Jesus um dia volte para o Brasil, mas a torcida do Rubro-Negro precisa saber que – como numa antiga música de Lulu Santos – “nada do que foi será, do jeito que já foi um dia”.
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