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Expressões cada vez mais ameaçadoras no futebol: “Cruzeirar”, “Gremiar” e, quem sabe até, “Barcelonear”

Traduzindo ao pé da letra, significa que uma instituição esportiva está à beira de deparar-se com a própria visão do inferno

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Parafraseando o Zeca Pagodinho, poderíamos cantar numa roda de samba: ”Você sabe o que é cruzeirar, nunca vi, nem ouvi, eu só ouço falar”.

Na versão original, o impagável Zeca fala em caviar, ao invés de “cruzeirar”.  Mas, nos últimos tempos, a expressão surgiu do Cruzeiro Esporte Clube, equipe da elite do futebol brasileiro que entrou numa espiral de decadência, por conta dos excessos na sua administração financeira. 

Recorde-se que, em meados de 2019, o Cruzeiro virou notícia no “Fantástico” da Rede Globo, que apontou as irregularidades na condução das finanças de um dos mais tradicionais clubes brasileiros.

Com os avanços das investigações, o público pôde ver – entre outras aberrações – que dirigentes teriam torrado milhares de reais em uma casa de entretenimento adulto em Portugal; tudo com o cartão corporativo do Cruzeiro.

Quando a bolha estourou e os problemas vieram à tona, o resultado negativo não demorou a acontecer: o clube caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro, e de lá não deve sair tão cedo.

Vem daí a expressão “cruzeirar”, que, traduzindo ao pé da letra, significa que uma instituição futebolistica  está em maus lençóis, assim como aconteceu, alguns anos atrás,  com a Portuguesa dos Desportos, e está ameaçando atingir outros aparentemente fortes, como é o caso do Grêmio de Futebol Portoalegrense.

O Grêmio, que está atolado no Z-4 do Brasileirão, também corre o risco de entrar em colapso. Cair para a Série B significa entre outras coisas, perder a cota de patrocínio da TV Globo e se ver obrigado a reduzir a qualidade do seu elenco. No fundo, é esse o principal problema do Cruzeiro, que  está apenas em 12º lugar da segundona, e agora luta para não cair para Série C , o que, na prática, seria a própria visão do inferno.

Pra você ver como o futebol mal administrado pode ser fatal, veja o exemplo do ex-todo poderoso Barcelona. Uma recente auditoria revelou que o último ano fiscal do clube catalão apontou prejuízo de € 485 milhões (R$ 5,3 bilhões no cambio atual), em um ano que teve receitas de € 581 milhões. Em março de 2021, o Barça tinha um patrimônio líquido no vermelho: € 451 milhões negativos. O fundo de manobra – o dinheiro disponível para fazer operações de curto prazo – estava negativo em € 554 milhões.

Os especialistas em administração dizem que, se fosse uma empresa, o Barcelona teria entrado em processo de falência em março de 2021, porque a situação era de “quebra contábil”.

Então, além de “Cruzeirar”, podemos acrescentar mais essas novas expressões no mundo do futebol: “Gremiar”, “Barcelonear”, etecera.

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