Especialista em megaeventos questiona o modelo luxuoso da Copa
Professor da Mackenzie indaga qual o sentido de investir tanto dinheiro e que mensagem está sendo passada para o mundo
atualizado
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A dois dias de começar a mais polêmica de todas as Copas, muitos acreditam que o Catar estaria usando a sua riqueza colossal para projetar uma influência desejável no exterior.
A coluna Futebol ETC conversou com Anderson Gurgel, professor de Marketing Esportivo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisador da área de Comunicação e Megaeventos Esportivos, e ele questionou os impactos e legados do evento que começa no próximo domingo (20/11).
“Temos um cenário pós-pandemia, e isso já coloca um desafio muito grande, pois os eventos que aconteceram até agora foram muito marcados pela Covid-19. E esse vai ser o primeiro evento num novo cenário do mundo em que a pandemia entra numa fase nova ou mais próxima do controle. Temos uma guerra rolando; mundo em crise; uma série de embates políticos muito significativos; e esses fatores todos fazem com que os megaeventos, que são atividades econômicas, políticas e esportivas, porque são megaeventos esportivos de alto impacto, entrem numa berlinda, tendo em vista que eles demandam muitos investimentos dos países, dos promotores, e sempre são alvos de muita polêmica por onde passam”, disse o professor.
Para Anderson Gurgel, a Copa do Catar marca um ponto de inflexão muito forte entre o modelo tradicional dos megaeventos esportivos e o que se discute o que possa vir a ser um futuro mais sustentável e menos polêmico para esse tipo de atividade.
“O Catar é um país muito rico, então não prevejo ganhos, não é um evento que tem a ver com a ideia de um país que quer ganhar recursos e movimentar mais negócios, ou tenha isso como uma questão central. O risco que se corre é que também no pacote venham questões culturais e comportamentais do país, que possam causar desconforto ou estranhamento para outros países do mundo”, ressaltou.
Na opinião do especialista, a Copa do Catar é um evento que vai criar muitos ruídos e vai colocar de novo na agenda a discussão sobre qual o sentido de investir tanto dinheiro e a serviço de que mensagem se quer passar para o mundo.
“Talvez um dos impactos e legados do evento seja voltar a fortalecer a discussão sobre qual o sentido desse tipo de evento nesse formato calcado no luxo, o que é muito pouco sustentável, a julgar como as obras foram feitas, número de mortos envolvidos, custos ambientais nada sustentáveis atrelados ao processo”, concluiu o professor Anderson Gurgel.
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