Copa de 1982: a mentira que um dia eu já contei a Roberto Dinamite
Para quem não se lembra, Dinamite foi sacaneado por Telê Santana, que preferiu escalar Serginho Chulapa na Seleção de 1982
atualizado
Compartilhar notícia
Roberto Dinamite, que morreu neste domingo (8/1), ainda detém o recorde de maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro, com 190 gols. Não tem pra ninguém.
Mas o grande Dinamite pode ser considerado um tremendo injustiçado na Seleção Brasileira. Disputou duas Copas do Mundo, mas sempre entrou pela “porta dos fundos”.
Em 1978, só foi convocado depois da contusão de Nunes, que na época era do Santa Cruz. Em 1982, foi chamado dois dias antes da estreia na Espanha para ocupar o lugar de Careca, do Guarani, também contundido.
Havia um clamor popular pedindo Dinamite na Copa. Telê o convocou sob pressão, mas (talvez de pirraça), nunca o escalou. Naquele timaço que tinha Zico, Sócrates e Falcão, Telê preferiu entregar a camisa 9 para Serginho Chulapa, que destoava completamente dos demais.
Eu estava naquela Copa. Essa foto aqui em cima foi tirada um dia depois que Roberto Dinamite chegou para se incorporar ao grupo.
Ah, preciso explicar que o acesso dos jornalistas aos jogadores era irrestrito. Observe que estou dentro do ônibus da Seleção Brasileira. Hoje em dia seria impensável uma situação como esta.
Mas, enfim, a Copa seguiu, o Brasil perdeu aquele jogo no Estádio Sarriá e voltou para casa, depois de maravilhar o mundo com um futebol espetacular.
Roberto nunca teve uma chance com Telê. Nos treinos, nós, jornalistas, víamos que ele, jogando entre os reservas, dava trabalho demais aos zagueiros Luizinho (Atlético) e Oscar (São Paulo).
Depois da derrota para a Itália de Paolo Rossi, lembro de uma conversa aleatória que tive com Roberto, já na saída do Sarriá. Ele estava triste. Todos nós estávamos desolados e incrédulos.
“Eu poderia ter entrado…”, deixou escapar o artilheiro do Vasco.
Reagi na hora: “Opa, posso gravar isso?” Queria publicar aquela declaração bombástica.
“Não! Não!”, pediu-me arrependido do rápido desabado.
“Você não vai publicar nada, não é?”
Prometi que não, mas não cumpri. Só que – numa época em que não havia internet – a notícia que saiu no jornal O Norte, de João Pessoa, ficou restrita a um público pequeno e não houve repercussão nacional.
Décadas depois, Roberto confirmou o seu próprio desencanto e decepção com Telê Santana.
Para acompanhar as atualizações da coluna, siga o “Futebol Etc” no Twitter; e também no Instagram.
Quer ficar por dentro de tudo que rola no mundo dos esportes e receber as notícias direto no seu celular? Entre no canal do Metrópoles no Telegram e não deixe de nos seguir também no Instagram!