As 5 “pisadas na bola” de Guedes ao tentar vender times de futebol
Pelo que se sabe, Flamengo, Palmeiras e Vasco não estão à venda. E o ministro ainda fez o favor de “queimar o filme” do Vascão
atualizado
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Todo empolgado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou de viagem ao Oriente Médio com o que ele considerou ser uma boa notícia para o nosso país, especialmente para o futebol. Ele disse que investidores árabes anunciaram que irão comprar dois times brasileiros:
“Os árabes vão investir em estradas, vão investir em poços de petróleo, até em clubes de futebol. Eles compraram o Manchester United, compraram o Cristiano Ronaldo… Então, vários brasileiros da comitiva começaram a pensar. Eu pensei: ‘vem ser sócio do Flamengo’. Aí tinha um outro lá do lado, que é vascaíno, e falou: ‘vem para o Vasco’. Eu falei ‘olha, vai perder dinheiro’. Tinha um outro palmeirense, que falou para comprar o Palmeiras…”
Eu anotei pelo menos cinco equívocos cometidos por Paulo Guedes nessa hipotética conversa com os árabes. Não ficou claro se o futebol foi tratado em alguma reunião, mas – ao dar entrevista falando com euforia sobre sobre o tema – as suas reações certamente já são do conhecimento dos possíveis investidores,
1)- Os árabes não compraram o Manchester United. O clube inglês pertence aos irmãos norte-americanos Joel e Avram Glazer. Certamente ele estava tentando referir-se ao Newcastle, comprado pelo príncipe Mohammed bin Salman, da Arábia Saudita;
2)- Os árabes também não compraram Cristiano Ronaldo. O dinheiro da contratação de CR7 pelo United saiu da conta desses mesmos empresários, que são donos de uma fortuna de US$ 4,7 bilhões, segundo a revista Forbes;
3)- Com que autoridade o ministro convidou (ou convidaria) os árabes para serem sócios do Flamengo? A diretoria do clube carioca deu aval para essa abordagem? Algum tempo atrás, Guedes sugeriu o nome do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, para ocupar algum cargo na área de óleo e gás do Ministério das Minas e Energia. Ele parece ter uma obsessão pelo Flamengo;
4)- Quando alguém sugeriu o nome do Vasco aos eventuais investidores árabes, o ministro destruiu qualquer possibilidade de negócio com a advertência: “olha, vai perder dinheiro”. Como se o Vasco já não tivesse tantos problemas em sua administração…
5)- Ainda segundo o relato de Guedes, tinha um outro palmeirense, que falou para comprar o Palmeiras. Com a palavra a dona Leila Pereira, futura presidente do clube: o Palmeiras está à venda?
E por falar em clube-empresa…
Aprovada recentemente pelo Congresso Nacional, a lei que cria a figura da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ainda não foi colocada em prática por nossos clubes. Pela lei, essas instituições esportivas poderão emitir títulos para o mercado, o que permitirá a eles receber investimentos e aportes financeiros.
O advogado Fred Zürcher, especialista em Direito Desportivo do escritório Zürcher Advogados, pontua que a lei exige uma profissionalização por parte dos clubes. “É preciso uma organização, uma vontade de profissionalizar todos os aspectos, especialmente o departamento de futebol”.
O especialista alerta, ainda, que mesmo com a promulgação da lei, não é possível mensurar quantos clubes irão aderir a essa modalidade pois, embora essa seja a forma de organização mais utilizada em boa parte do mundo, no Brasil a possibilidade de um grande número de clubes falir ao fazer essa transição é grande.
Por isso, Fred Zürcher acredita que clubes que tenham dívidas tidas como “impagáveis” dificilmente irão aderir ao clube-empresa pois, permanecendo no modelo atual, de associação, não podem falir, perpetuando sua situação financeira indefinidamente.
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