América desiste de parceiro dos EUA e põe em dúvida o clube-empresa
Em entrevista exclusiva, presidente do time mineiro diz que a CBF ainda não deu aval a todo esse movimento de clube-empresa
atualizado
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No segundo semestre do ano passado, o bilionário americano Joseph Dagrosa tentou comprar o América-MG e chegou até a iniciar a captação de recursos para criar o fundo de investimentos que iria gerir o clube brasileiro.
Em entrevista exclusiva à coluna Futebol Etc, o presidente do América, Alencar da Silveira Junior, explicou por que desistiu da parceria:
“Depois que foram divulgados os acordos do Botafogo e do Cruzeiro, com 90% das ações de cada clube, os norte-americanos quiseram mudar o que ficou acertado conosco. O combinado era 70%. Não concordamos com 90%. Avaliamos e decidimos desistir. Com o dinheiro que o América tem em caixa, com a premiação que ganhamos, com o orçamento deste ano, achamos melhor interromper a possível parceria. Se eles quiserem comprar outro clube, eles comprem; e o América se quiser arranjar outro parceiro, vai arranjar. Eu estive recentemente em Nova Iorque e vi que tem muita gente querendo investir no Brasil, mas eles querem clubes grandes. E o América é um clube hoje que todo mundo está namorando”, disse Alencar.
O América foi uma das sensações do Brasileirão 2021. Terminou em 8º lugar, com 53 pontos, à frente de Santos, Internacional, São Paulo e Athlético-PR; e garantiu, pela primeira vez na sua história, uma vaga na Libertadores da América.
“Eu tenho muito medo do clube-empresa” – prosseguiu o cartola mineiro – “porque até agora a CBF não se pronunciou, não olhou pra isso, não aceitou o clube-empresa. Todo esse processo ainda esta sendo feito amparado por liminar. No Brasil você sabe o que é liminar, né? Pode ser cassada a qualquer momento. Então eu tenho muito medo ainda neste começo. Eu penso que a CBF ainda não tem gente preparada para trabalhar com clube-empresa. O presidente da CBF vai ter que trabalhar muito para ajustar essa composição, porque só através de liminar vai ficar ruim. É novidade? É. Mas pra dar certo, tem que estar tudo regularizado. A CBF e a Conmebol tem que ter ciência do que está sendo feito”, complementou.
Não é liminar, é Lei
Ao contrário do que diz o presidente do América, em 9 de agosto de 2021, o presidente Jair Bolsonaro sancionou, com vetos, a Lei 14.193/21, que prevê incentivos para que os clubes de futebol se transformem em empresas e possam pedir recuperação judicial, negociando dívidas por meio da Justiça. Hoje, a maioria dos clubes são sociedades sem fins lucrativos. A lei foi publicada no Diário Oficial da União. O texto se originou do Projeto de Lei 5516/19, do Senado, aprovado em julho pela Câmara dos Deputados.
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