A Seleção está acabando com a autoestima do torcedor brasileiro
Nem estamos pedindo a Deus que nos abençoe com gênios iguais a Pelé, Romário e Ronaldo. Só queremos sentir de novo o gostinho de ser campeão
atualizado
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Em 2010, Neymar e Paulo Henrique Ganso tinham respectivamente 18 e 21 anos, quando o técnico Dunga abriu mão de convoca-los para a Copa do Mundo da África do Sul.
Dunga resistiu ao bom senso e aos apelos da torcida e não levou os dois garotos geniais, que já brilhavam no time do Santos. Pouco tempo depois, Neymar rapidamente foi se transformando no melhor jogador do país, liderando até hoje uma geração que tinha tudo para voltar a aspirar grandes conquistas mundiais.
Mas o destino tinha outros planos para a nossa Seleção. O que aconteceu nas três Copas subsequentes foi ainda mais frustrante para essa nova geração.
Em 2014, jogando em casa, nos enchemos de confiança e sofremos o maior revés da história de todas as Copas: a humilhante goleada de 7 x 1 para a Alemanha, algo que não conseguiremos apagar da memória por séculos e séculos.
Ah, mas Neymar estava lesionado exatamente naquele fatídico 8 de julho de 2014, no Mineirão.
Sim, ele estava gravemente ferido nas costelas, depois de uma batalha campal nas quartas de final, contra a Colômbia.
Mas Neymar dificilmente teria impedido aquele desastre, porque havia outro técnico teimoso no comando, no caso Felipão, que escalaria o time equivocadamente, como escalou, com Fred e Hulk fazendo a mesma função.
Renovamos a esperança em 2018, mas a Copa da Rússia acabou ficando marcada por outros motivos, não necessariamente elogiosos: o mundo passou a identificar pejorativamente a nossa estrela Neymar como um jogador cai-cai. Hoje, por mais que tente manter-se de pé, isso tornou-se uma marca indelével para o nosso camisa 10.
Ficamos no meio do caminho, depois de uma derrota para a Bélgica que muitos ainda tentam atribuir à falta de sorte, mas é preciso admitir que o que faltou mesmo foi futebol.
Para a Copa do Catar, o técnico Tite foi mantido pela CBF, mas estupidamente ele cometeu erros primários, desde a escolha dos 26 convocados, até a encenação ridícula de imitar a dancinha do pombo no jogo com a Coreia, num gesto desrespeitoso, para dizer o mínimo.
Um dia, quando olharmos para trás, nos lembraremos da Copa do Mundo de 2022 como o evento em que os nossos atletas pareciam mais preocupados com coreografias e danças, ao invés de simplesmente jogarem futebol. O resultado é que – como já dissemos aqui nesta coluna – “eles dançaram e nós dançamos”.
E como esquecer do bife folheado a ouro? Ostentação desnecessária e até humilhante, num país onde milhões de pessoas passam fome.
Menos de 72 horas depois da frustrante eliminação para a Croácia, a imensa maioria da torcida brasileira ainda está tentando curar a ressaca. Honestamente, ainda não deu para digerir.
Vamos esperar pela próxima Copa, em 2026, e nem estamos pedindo a Deus que nos abençoe com gênios iguais a Pelé, Garrincha, Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho. Só queremos sentir de novo o gostinho de levantar uma taça do mundo.
E Deus há de estar vendo a nossa necessidade.