Zezé Di Camargo estreia show solo em São Paulo
O artista apresentou o lançamento de seu show “Rústico”, nesta sexta-feira (1/9), em São Paulo
atualizado
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Antes de começar esse texto, quero pedir licença ao meu leitor, para contar essa história em primeira pessoa: mês passado, recebi o convite da assessoria de Zezé Di Camargo e Luciano para assistir ao lançamento do show “Rústico”, de Zezé, que aconteceria dia 1 de setembro em São Paulo. “Mas eu já comprei ingresso pra ver a dupla em Barretos”, respondi. “Vai ser diferente. Vamos?”, retrucou Arleyde Caldi, assessora da dupla desde que eu me entendo por gente. Não fiz a tréplica.
Dia 24 de agosto, eu e mais 60 mil pessoas, assistimos Zezé Di Camargo e Luciano no festival sertanejo mais famoso do Brasil. Saí do show intrigada, pensando no que Zezé poderia mostrar solo no palco. Curiosa, como todo jornalista, aceitei o convite de “Rústico”. Na minha cabeça, Zezé ia aparecer no palco do Vibra – casa de shows de São Paulo – com um visual do campo, com um palheiro na boca, sentado no feno. Uai! Não é “Rústico” o nome? Foi aí que veio a primeira surpresa.
Zezé aparece no palco com três telões de led, elegantemente vestido com um terno preto, sentado em uma poltrona e começa a cantar “No Dia em Que Eu Saí de Casa”. Nas músicas subsequentes, o público é surpreendido com a entrada de um balé próprio. De fato, o repertório é basicamente o que vi em Barretos. Mas Zezé, de 1,65m, cresce no palco. Uma plateia emocionada acompanha os agudos do cantor.
Lá pelo meio do show, Zezé entoa o que, pra mim, sempre foi o maior sucesso da dupla: “É o Amor”. Depois da música, Zezé senta na beira do palco e resolve repetir a canção. Desta vez, à capela. O público não deixa e canta tão alto que quase cala o anfitrião da noite. Ele ouve mais que canta.
Quando acaba, é ovacionado por seus fãs, que levantam, o reverenciando. Zezé segura a emoção. Eu, não. Nunca antes havia visto a plateia aplaudir de pé um artista antes do fim do espetáculo.
O show segue com momentos memoráveis. Zezé chama a filha Wanessa ao palco para uma música que foi cantada por pai e filha apenas duas vezes antes do show: “Difícil Controlar a Paixão”. Um teleprompter ajuda a lembrar a letra para ambos. Como eu sei disso? Zezé falou. Sim. Um artista daquele tamanho disse que não tinha decorado uma letra nova ainda. Se ele não avisa, ninguém saberia. Do lado de cá, ainda mais choro.
O espetáculo ainda tem outro ponto alto: quando Marília Mendonça aparece no telão para cantar com Zezé “Você Não é Mais Assim”, gravada em 2020, durante a pandemia. Marília morreu num trágico acidente de avião em 5 de novembro de 2021. Mas sua música e genialidade serão eternas.
“Flores em Vida” mostra que o show está chegando ao fim. Está quase na hora de Zezé deixar o palco, depois de duas horas ininterruptas de emoção. É que Zezé canta com o coração. Seco as lágrimas e vou até o camarim. Lá, questiono o cantor sobre o nome da sua turnê solo: “Rústico”. “Que pegadinha é essa, Zezé? Cadê o feno no palco?”, pergunto. “Era pra ser assim mesmo, mas aí fui tendo outras ideias e o show foi crescendo, Fábia. E eu pensei que não queria voltar ao passado. A vida anda pra frente”, responde ele.
Aliás, essa é a diferença entre Zezé e Mirosmar – nome de batismo do sertanejo. “A vida do Mirosmar seria na fazenda, entre os bichos. Mas o Zezé gosta de cantar para o público. Tenho um respeito enorme por quem me acompanha. Gosto de estar no palco”, avisa ele.
Que bom, Zezé. Porque o palco é o seu lugar. Volto para o hotel extasiada e, antes de dormir, lembro de vários momentos do show que transbordam meus olhos. Então agradeço a Deus pelo dia, pela noite, e peço que Ele abençoe a vida de Zezé.