Vídeo: cantor acusa Pablo de não ser compositor de música de sucesso
Em entrevista ao PodZé, Filipe Escandurras detalhou como foi o acordo para incluir mais um nome como autor da canção Fui Fiel, que virou hit
atualizado
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Como sempre, os podcasts trazem histórias antigas e muito interessantes. E a treta da vez ficou por conta de Filipe Escandurras, um dos compositores do hit Fui Fiel, que foi gravada por Pablo, e bombou na voz de Gusttavo Lima há quase 10 anos. Mas o que muita gente não sabe é que o cantor, conhecido como Rei da Sofrência, assina como compositor, mas não ajudou a escrever a canção.
A revelação foi feita por um dos autores da letra, que deu uma entrevista ao PodZé, da BNewsTV, comandado por José Eduardo. Durante o bate-papo com Escandurras, o apresentador quis saber se Pablo realmente participou da criação da música e se surpreendeu com a declaração de Filipe.
“Tô vendo aqui Pablo. Era pra ter lhe feito essa pergunta há muito tempo. Essa música é sua e de Pablo? Pablo fez essa música ou, como antigamente ou agora, não sei, o empresário vai lá e bota uma vírgula e enfia um nome na música?”, quis saber José Eduardo. E recebeu como resposta a explicação de um esquema, que foi ideia do empresário do Rei da Sofrência.
“Essa música, na verdade, é uma composição minha, de Magno Santanna, que é um dos parceiros que eu tenho muito sucesso, e Fabinho O’Brian. A música é nossa e quando a gente foi levar lá no escritório de Pablo, na época o empresário dele era Josué. E aí, Josué muito negociador, eu lembro que na época ele iria pagar R$ 1,5 mil a cada compositor, ficaria R$ 4,5 mil”, começou ele.
E continuou: “Aí, Josué fez assim: ‘Rapaz, eu gostei da música. Eu vou dar R$ 2,5 mil a cada, ao invés de R$ 1,5 mil, pra vocês colocarem Pablo aí com 25% da música’. Ele ofereceu mais R$ 1 mil pra gente dar 25% da música pra Pablo”, relatou.
O apresentador, então, insistiu em saber se o Rei da Sofrência havia participado do processo criativo da canção. E Escandurras rebateu: “Pablo nem tava lá no escritório. Ele, como empresário, falou: ‘Você vai botar Pablo na música e eu vou dar [mais R$ 1 mil]’. Fez uma negociação. Na época, um olhou pra casa do outro, uma época de horro, andava de busu [ônibus], andava de carona. Pensei: ‘Vai ser um dinheiro bacana’. E a gente aceitou”, recordou o compositor.
José Eduardo volta a questinar: “Aceitou botar o nome de um cara que não fez?”. E o autor esclareceu: “Se fosse só colocar o nome, seria massa. Foi pra dar 25% mesmo da obra. Até hoje Pablo ganha mais do que a gente”, comentou, antes de completar, afirmando que isso é normal quando o apresentador pergunta se não se trata de um “estelionato musical”.
“Isso pode. Eu acho que é uma negociação, não é um estelionato. É permitido porque se eu chego pra informar lá no Ecad [entidade brasileira responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais] ou na minha agregadora que a música é minha e sua, o cara vai botar seu nome, você vai assinar, a gente concordou e tá tudo certo. É uma negociação”, detalhou.
Em seguida, Filipe Escandurras desabafou e disse que não repetiria a atitude: “Hoje, se você me perguntar se eu faria isso novamente, de forma alguma. E aconselho os novos compositores que estão chegando [a não fazerem também]”, disse, categórico.
No decorrer da conversa, o compositor ainda fez um cálculo rápido de quanto a música render: “Por baixo, rendeu uns R$ 4 milhões. Aí, você tira 25%. Ele ganhou mais de R$ 1 milhão, R$ 1,250 por aí. E ele fatura até hoje. Mas, assim, na época, em seguida o Gusttavo Lima pediu pra gravar e ofereceu R$ 80 mil. Os R$ 2,5 mil que ele tinha investido, que no caso foi R$ 7,5 mil, já voltou o dinheiro ali menos de 20 dias depois de gravado”.
E finalizou: “Fui Fiel foi uma música que não só me trouxe retorno financeiro, mas uma visibilidade muito grande como compositor porque foi uma das minhas primeiras músicas nacionais. Então, eu não me arrependo de ter feito isso, não faria novamente, mas talvez se a gente não tivesse feito isso, a música não teria tomado a proporção que ela tomou, o Gusttavo Lima não ia conhecer. Porque ele só conheceu depois que Pablo gravou”, declarou, afirmando que a relação dos dois é muito profissional, que ele não teve culpa de nada e que o cantor sempre o tratou muito bem.
Para quem não se lembra da música, a gente coloca um trechinho aqui. É aquela que diz: “Hoje eu acordei, me veio a falta de você. Saudade de você, saudade de você. Lembrei que me acordava de manhã só pra dizer. Bom dia, meu bebê! Te amo, meu bebê!”. No Google, constam os nomes de Agenor Apolinário dos Santos Neto [nome de batismo de Pablo], Carlos Magno De Santanna, Fabinho Souza [O’Brian] e Filipe Costa Silva [Escandurras] como autores da letra.
A coluna procurou a assessoria de Pablo para comentar o assunto, mas ainda não recebeu um retorno.