Tiago Pavinatto sobre “cura gay” de Karol Eller: “Tortura mental”
Ex-apresentador da Jovem Pan fez um longo desabafo sobre o suicídio da amiga e relatou a última conversa que teve com ela antes de morrer
atualizado
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O jornalista Tiago Pavinatto soltou o verbo nas redes sociais após saber do suicídio da amiga e influenciadora Karol Eller. O ex-apresentador da Jovem Pan culpou a reorientação sexual imposta pelas igrejas, mais conhecida como “cura gay”, pela morte da jovem e ainda relatou como foi sua última conversa com ela.
“Aos muitos imbecis: eu falei com a Karol na semana passada. Ela chorou ao dizer que estava fracassando em reprimir seu desejo por mulher. Claro: as terapias de reorientação sexual são sessões de tortura mental. Em 90% dos casos levam a quadro de ideação suicida. Em 100% dos casos agravam quadros de depressão”, afirmou.
Em seguida, ele disparou: “Não misturem política com religião. Quem faz isso é fanático e não conservador. Aquele que confunde tradição com costume, por melhor intenção que tenha, é um desserviço ao conservadorismo. Vão estudar. Leiam Chesterton por completo”.
Logo depois, Pavinatto falou de seu sentimento sobre o processo de “cura”: “Sinto desprezo por aqueles que não estão preocupados com as vidas de irmãos que estão nesse processo diabólico de despersonificação. O próprio Apóstolo Paulo nunca pediu, em casos de espinho na carne, reorientação, mas a castidade. E quem é religioso sabe: suicídio não traz paz”, declarou, antes de completar:
“Sei que muitos vão me atirar pedras em razão do que vou afirmar. Mas é na condição de homossexual convicto e, ao mesmo tempo, entusiasta do cristianismo e profundo conhecedor do bem que a obra cristã legou à humanidade que devo dizer: o suicídio de Karol Eller decorreu do seu ingresso em processo de reorientação sexual”, comentou.
Ele ainda prosseguiu com seu desabafo: “Quem a incentivou não tem culpa no sentido jurídico, mas, se tiver Cristo no coração, deve parar e refletir diante da tragédia anunciada: não se muda a essência de alguém (não existe um Pavivi heterossexual, amigos; e só o acolhimento fraterno serve a um cristão)”.
Pavinatto contou sobre a “eficácia” do tratamento: “Não existe evidência científica na reorientação sexual. A Associação Americana de Psicologia analisou todos os estudos sobre o tema e não achou em nenhum qualquer prova de eficácia. Por outro lado, um estudo com 176 pessoas apontou que 155 passaram a sofrer de danos psicológicos severos: a sensação de inadequação e o fracasso agrava a depressão, o abuso de substâncias e as tentativas de suicídio”.
E finalizou: “Cristãos: acolham, mas não crucifiquem filhos de Deus — não deixem Cristo ter morrido em vão. Nunca estimulem esse calvário. Então, nunca deixe um deprimido escolher um caminho que leva ao suicidio. Você pode salvar ainda mais vidas”.
A morte
A influencer Karol Eller, apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), morreu na quinta-feira (12/10), em São Paulo. Ela publicou, nas redes sociais, mensagem com afirmações como “perdi a guerra” e “lutei pela pátria”. O caso foi registrado como “suicídio consumado”, no 27º Distrito Policial, por volta das 22h.
O falecimento foi confirmado inicialmente por parlamentares como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e também confirmado nas redes sociais da influencer. “Escrevo isso praticamente sem forças, mas infelizmente Karol Eller veio a óbito. Que o Senhor conforte a vida de seus familiares”, escreveu Nikolas no X (antigo Twitter).
“Com muito pesar mesmo, acabei de receber a notícia do falecimento da Karol Eller. Que Deus, em sua infinita bondade, conforte familiares e amigos. Vai fazer falta por aqui”, publicou o também deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lamentou a morte de Karol. “Recebi com muita tristeza a notícia da morte da Karol Eller, uma pessoa de coração gigantesco, uma grande mulher. Peço respeito pela história da Karol e orações pela alma dela e pelo conforto de todos. Que Deus a receba!”, escreveu.
Em setembro, a influenciadora afirmou, em publicação nas redes sociais, ter “renunciado à prática homossexual”, além de “vícios e desejos da carne”, após voltar de retiro religioso. Apoiadora da família Bolsonaro, ela se filiou ao Partido Liberal (PL) em agosto.
Busque ajuda
O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.
Depressão, esquizofrenia e uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Há problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo, voluntária e gratuitamente, todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.
O Núcleo de Saúde Mental (Nusam) do Samu também é responsável por atender demandas relacionadas a transtornos psicológicos. O Núcleo atua tanto de forma presencial, em ambulância, como a distância, por telefone, na Central de Regulação Médica 192.
Disque 188
A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem a quem precisa, 24 horas por dia.