Prints: cantor se livra do fenol no mesmo dia da morte de paciente
Dan Souza, conhecido como Apetelin, iria realizar o mesmo procedimento na clínica de Natália Becker, onde Henrique Chagas perdeu a vida
atualizado
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Depois de Henrique da Silva Chagas, de 27 anos, morrer por complicações depois de realizar um peeling de fenol, na clínica de estética de Natalia Becker, em São Paulo, a coluna Fábia Oliveira bateu um papo exclusivo com o cantor Dan Souza, conhecido como Apetelin. Ele fez o mesmo procedimento e escapou por pouco, já que havia esquecido de seu agendamento, no mesmo dia que o outro paciente perdeu a vida, no dia 3 de junho.
“Eu senti que poderia ter sido eu! Literalmente, eu tinha o horário agendado naquele dia, mas não fui porque esqueci a data. Pelo que ela [Natália] me disse, iria fazer um ‘mais forte’. E a proposta era a mesma que a do Henrique: tirar marcas de espinha”, falou com exclusividade se referindo a segunda sessão da técnica.
Apetelin frisou que já havia feito a primeira sessão, retornado após 20 dias para avaliação de Becker, mas um tempo depois, as cicatrizes de acne tinham voltado. Sendo assim, reaplicaria o fenol, em maior quantidade, para aumentar o resultado:
“Na verdade, minha ficha não caiu até agora. Eu paguei por um procedimento que poderia ter, não só acabado com a minha vida, mas arruinado a minha família”, destacou. O artista pagou R$ 4.500 pelo peeling de fenol, com direito a um retorno para uma nova aplicação.
Segundo ele, Natália Becker teria afirmado ser esteticista, passando confiança. Apetelin também contou que já seguia a influenciadora há dois anos na web, buscando a clínica dela para realçar a beleza, por conta dos conteúdos publicados no Instagram.
Questionado sobre como foi o processo pós-fenol, Apetelin esclareceu que não teve nenhuma intercorrência: “Reação [do produto] não tive, em nenhum momento. Não senti dores, porque no dia do procedimento ela [Natália] aplicou anestesia local. Foi tranquilo, sem dores”.
Numa conversa entre Apetelin e Natália Becker, que esta jornalista teve acesso com exclusividade, os dois falam da sessão que estava marcada e acabou não acontecendo:
“Você acredita que meu rosto voltou tudo, as cicatrizes de acne?”, perguntou para Becker. “Não é que voltou, é porque a pele estava inchada. Manda uma foto pra eu ver, por favor. Agora, vamos [fazer] outra [sessão] mais forte, no retoque”, respondeu ela.
Em outro trecho, no dia 3 de junho, quando Henrique faleceu na instituição depois de usar o fenol, Natália ressaltou que estava com os horários apertados por conta da grande demanda de clientes: “Oi, amor! Você está vindo? Porque hoje estamos com a agenda bem cheia e tenho bastante fenol. Não posso atrasar muito nos atendimentos”.
Nesse dia, Apetelin confundiu as datas e não foi até a clínica. “Não sei qual horário que ele [Henrique, paciente que morreu] estava agendando. Meu fenol, eu tinha marcado para 9h da manhã. Acredito eu, que eu seria a primeira pessoa a fazer fenol na segunda feira, porque a clínica dela abre às 9h”, observou.
Apetelin é amiga de Romagaga, que também aplicou o peeling com Natália Becker. Recentemente, ela desabafou e chorou nas redes sociais, ao descobrir que a profissional não era habilitada para a realização da técnica:
“Eu também fui vítima, eu não sabia não gente, que ela tinha feito o curso pela internet, eu não sabia que ela tinha feito o curso pelo online não, eu não sabia não. Eu cheguei lá, é um bairro nobre, era uma clínica fina, ainda mais para a gente que é travesti, que quer cuidar da beleza, a gente sofre muito preconceito, quer ficar mais bonita, eu não sabia não, gente. Falou para mim que era médica, que era biomédica”, justificou.
Perigo do fenol
A coluna Fábia Oliveira, pensando em informar sobre os riscos do peeling de fenol, conversou com a dermatologista Dra. Priscila Câmara de Camargo, da Clínica Camargo, em São Paulo. A médica esclareceu que nem realiza esse tipo de procedimento, mesmo sendo habilitada, já que a substância pode ser perigosa.
“O peeling de fenol é um tipo de peeling químico, profundo que utiliza o fenol [ácido carbólico], para remover camadas da pele, visando melhorar a aparência de rugas profundas, cicatrizes e manchas. Devido à sua profundidade de penetração, é uma técnica potente e eficaz, mas também apresenta riscos significativos”, detalhou.
A especialista listou alguns dos problemas que podem resultar ao usar fenol de forma inadequada, como Natália Becker fazia:
“Dor e desconforto, já que o procedimento é doloroso e requer anestesia local ou sedação; tempo de recuperação, uma vez que são necessárias várias semanas, durante as quais a pele fica vermelha, inchada e descamando; infecção, caso não haja cuidados adequados durante a recuperação”, informou.
A médica prosseguiu: “Toxicidade, especialmente se usado em grandes áreas, podendo afetar órgãos internos, incluindo o coração, o fígado e os rins; e complicações cardíacas, podendo causar arritmias e outros problemas cardíacos, principalmente em pessoas com históricos preexistentes”.
Dra. Priscila ainda destacou que para realizar o peeling de fenol é preciso ter monitoramento cardíaco e um anestesista à disposição, para amenizar qualquer sofrimento, já que quando o paciente sente dor, a frequência do coração aumenta e, assim, os riscos.