Nando Reis abre o coração sobre vício em drogas após 1º disco sóbrio
Em tratamento há 8 anos, Nando Reis falou abertamente sobre uso de álcool e cocaína e o impacto disso em suas músicas
atualizado
Compartilhar notícia
O cantor Nando Reis abriu o coração e falou abertamente sobre o vício em álcool e drogas e como isso impactava nas suas produções musicais. Em setembro, ele lançou seu álbum mais recente, chamado Uma Estrela Misteriosa Revelará o Segredo, primeiro disco que ele produziu totalmente sóbrio.
“Eu sou alcoólatra, sou dependente químico e essa adicção, como qualquer adicção interferiu muito na minha vida. Mas, diferentemente do que as pessoas creem, ela não é determinante para a qualidade da sua produção”, disse Nando Reis ao site Breeza. O músico está em recuperação há oito anos.
Para o músico, o uso do álcool e da cocaína tinha um efeito “desinibitório”. “Tinha um sentido desinibitório e de quebra de uma espécie de inércia que tem a ver quase com um traço depressivo, de insegurança numa relação angustiada com a própria capacidade de criação”, afirmou.
“É claro que o uso de drogas ou a alteração da consciência também quebra algum tipo de rigidez, do ponto de vista da expressão, que pode ser tanto benéfico quanto desastroso”, ressaltou. “Eu parei de usar cocaína há oito anos, e a cocaína é uma desgraça para a voz, para tudo, para as vias aéreas e tudo mais (…) Só a lucidez é capaz de produzir bons resultados”, garantiu o artista.
Segundo o músico, suas músicas dizem respeito a aflições pessoais, que nunca foram impactadas pelo antigo vício. “Para mim é indiferente as músicas que eu fiz alterado ou as músicas que eu fiz sóbrio, a criatividade é minha, o talento é meu, o desenvolvimento da linguagem é meu. O assunto da minha música está muito relacionado a questões existenciais, angústias, temores e tudo mais.”
Uso de maconha
Nando Reis também falou da sua relação com a maconha e disse que ela fez parte da sua juventude, mas deixou a droga de lado após um ataque de pânico. “Fazia muito, fez parte na minha adolescência. Eu parei de fumar, porque eu tive pânico, acho que com 18 anos. Eu devo ter fumado, digamos, continuamente com a maior quantidade dos 14 aos 18”, explicou.
O músico fez questão de frisar, no entanto, que o uso de drogas e álcool traz prejuízos à saúde. “Todas essas minhas observações são de ponto de vista pessoal, daquilo que eu vejo, mas, obviamente, eu posso dizer que eu acho que o uso de cocaína e de álcool da forma comum, não só eu, muita gente usa, ele não é benéfico”, apontou.
Ele reforçou, porém, que nunca tratou do assunto com os filhos. “Nunca conversei muito. Eu sempre soube que todo mundo fuma maconha, quase faz parte do ritual da vida das pessoas. Eu e Vânia {Passos, esposa do cantor], a gente sempre observou o quanto isso tinha um componente temerário, nunca incentivei”, comentou.
“Claro, quando observei em alguns deles, em determinado momento, um uso excessivo, que me parecia criar um torpor, me incomodava. E eu, como tinha já, mesmo sem reconhecer, noção das minhas questões com a adicção, sempre olhei do ponto de vista de alerta. Falei, que perigo, isso pode dar merda. Eu nunca fui um apologista”, reforçou.