Quem era Antonio Cicero, irmão de Marina Lima que morreu aos 79 anos
Ele, que também era compositor e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), morava na Suiça e deixou uma carta de despedida
atualizado
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Morreu, aos 79 anos, na manhã desta quarta-feira (23/10), o compositor Antonio Cicero, irmão de Marina Lima. O profissional, que também era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e morava na Suíça, deixou uma carta de despedida. Nas redes sociais, a cantora apenas postou o nome do irmão e as datas de nascimento e morte dele.
“Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”, escreveu ele, que era coautor da música último Romântico, eternizada na voz de Lulu Santos.
A informação do falecimento foi confirmada pela ABL. Na despedida, Antonio Cicero revelou que resolveu praticar eutanásia por conta do avanço do Alzheimer.
Após cursar filosofia, Cicero se tornou um dos poetas mais renomados do Brasil e colaborou com letras de algumas das principais canções de sua irmã, Marina Lima, como Fullgás, À Francesa e Pra Começar.
Na postagem de Marina Lima, que limitou os comentários, famosos e anônimos enviaram mensagens de apoio: “Sinto muitíssimo 💔 Sempre tive uma enorme admiração e carinho imenso por seu irmão ❤️”, afirmou Regina Casé. “Que tristeza 😢 Que seu irmão descanse em paz! Ele foi um gigante!”, afirmou um seguidor. “A morte é ingrata com a vida! Leva rico, leva pobre, leva sem querer, leva querendo, leva jovem , leva velho, leva nascido, leva sem nascer. Só não leva um poeta, porque é eterno. Solidarizo-me com a família, com você, Marina, e amigos! Antonio Cícero é eterno! ❤️😢❣️”, escreveu outra.
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Veja a carta na íntegra
“Queridos amigos, encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer.
Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem.
Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi.
Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia.
Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo.
Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível situação.
A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas – senão a coisa – mais importante da minha vida. Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los.
Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo.
Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade.
Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!”