Marido da amiga de Marcelinho Carioca desabafa: “Vida virou do avesso”
Márcio Moreira chegou a ser apontado como mandante do sequestro do ex-jogador e da esposa pelas próprias vítimas, que gravaram um vídeo
atualizado
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Após ser apontado como mandante do sequestro de Marcelinho Carioca e da esposa, Márcio Moreira está vivendo dias difíceis. O autônomo conversou com o portal G1, contou que foi o filho quem relatou o sumiço de Tais Alcântara de Oliveira e como sua vida “virou do avesso” após o vídeo divulgado pelos dois ainda em cativeiro.
“Achei estranho porque a Tais nunca fez um negócio desse [desaparecer]. Eu estava me preparando para ir para São Paulo porque eu faço vendas. Fui para casa para ficar com eles e estava vendo que estava acontecendo uma coisa estranha. Comecei a ficar preocupado. Fiz algumas ligações e não tive êxito”, começou ele.
Em seguida, Márcio relatou os ataques que começou a receber haters depois que relatou o sumiço da esposa: “Quando eu publiquei a foto dela, mais ou menos umas 11h30, começou a chover [comentários]. Parece que em questão de instantes minha vida virou do avesso”, desabafou, antes de completar:
“Foi quando descobriu que ela estava no cativeiro e começou o pessoal mandando mensagem, inclusive pessoas me xingando. Pessoas que eu nem conheço. Foi um transtorno pra mim total”, avaliou.
O marido de Tais, porém, contou que recebeu muito apoio também: “Pensa numa situação difícil que eu fiquei. Quando a gente anda com a verdade, a verdade é uma coisa poderosa, que quando você é verdadeiro você não tem que temer nada. A gente sabe a minha índole. Aqui na cidade onde eu moro, fui abraçado de uma forma inexplicável, porque ninguém apoia pessoas do mal, ninguém apoia bandido. E eles sabendo da minha índole fui superbem tratado nas delegacias. Já sabiam que eu não tinha nada a ver”, destacou.
Ele ainda afirmou temer ataques nas ruas: “Para você ter noção, eu estou há três dias sem trabalhar. A gente pode sair e vem um louco aí e confunde a gente: ‘olha o menino ali, o sequestrador. Pode fazer maldade'”, declarou.
O relato de Tais, amiga de Marcelinho Carioca
Sequestrada junto com Marcelinho Carioca, no último domingo (17/12), Tais Alcântara de Oliveira disse estar traumatizada com tudo o que aconteceu e ainda detalhou como os criminosos armaram para fazer o vídeo fake, em que ela e o ex-jogador afirmam ter um caso e terem sido sequestrados pelo marido dela, Márcio Moreira.
Em conversa com o portal G1, a amiga do ex-atleta, que é funcionária da Secretaria de Esportes de Itaquaquecetuba, onde ele foi secretário até janeiro deste ano, começou afirmando que só existe amizade entre eles, mas que está separada do marido.
“Eu não tenho nenhum relacionamento com o Marcelinho. Nunca tive. A nossa relação é de amizade mesmo. Eu estou separada do Márcio. A gente mora em casas separadas, não estamos convivendo, apesar que ainda não saiu o divórcio. A gente continua ainda casados no papel”, afirmou.
Em seguida, ela relatou o motivo de ter se encontrado com o amigo: “[Queria ver] se ele conseguia uns convites para o domingo, e aí falou que só conseguia levar para mim se fosse à noite, porque no outro dia ele tinha outra coisa para fazer. Eu falei que não tinha problema. Ele me ligou quando estava chegando e desci para pegar os ingressos”, recordou, antes de completar:
“Ele [Marcelinho Carioca] não queria ficar parado [no bairro]. Ele ia passar as coordenadas do show, qual o portão eu poderia entrar, com quem eu iria falar. A gente deu uma volta de carro no quarteirão e, assim que a gente estava chegando, ele avistou três caras vindo em direção ao carro. Eu falei que eu ia sair [do carro] e ele disse para eu esperar, mas eu abri a porta e os caras já nos abordaram falando para colocar a mão na cabeça”, detalhou.
Taís contou, ainda, que o ex-atleta ainda tentou se identificar para os bandidos: “Ele [Marcelinho] desceu e disse que era o ex-jogador. Os caras não acreditaram. Colocaram ele dentro do carro e deram uma coronhada nele. Me colocaram no banco de trás apontando o revólver para a minha cabeça”, disse ela.
E continuou relatando o terror nas mãos dos criminosos: “O tempo todo eles pediam só para passar senha de Pix, essas coisas. Eles pegaram meu celular, provavelmente devem ter olhado o banco e vendo que não tinha saldo, e estavam mais pedindo para o Marcelo. O Marcelo falou que era ex-jogador e eles começaram a investigar nas redes sociais. Entraram na minha rede social, entraram na rede social do Márcio, para saber quem a gente era. A todo momento falavam que iam nos libertar, que era pra gente aguardar um pouco”, afirmou.
Ela ainda revelou que alguém ordenou que inventassem a história da traição: “O helicóptero começou a sobrevoar e eles começaram a se desesperar e falando que ‘moio para eles’, que a casa caiu. Receberam um áudio de uma pessoa falando que era para fazer um vídeo fake porque se a casa deles caiu, que a nossa tinha que cair também. Então, que era para inventar uma história do marido que sequestrou, que saiu com mulher casada. Uma pessoa ficou atrás segurando a coberta e outra ficou apontando a arma”, lembrou.
A amiga de Marcelinho Carioca disse como foi sua reação no cativeiro: “Fiquei o tempo todo orando, pedindo para o Senhor me guardar, para guardar o Marcelo, guardar a nossa vida. É um momento muito angustiante”, descreveu.
Ela falou sobre a chegada dos agentes na casa onde estavam reféns: “Quando o policial chegou, fiquei chorando eu estava em choque de ver que aquilo estava realmente acontecendo, porque não são todos que conseguem sair de uma situação dessa vivo”.
No fim, Taís contou evitar olhar a web por conta dos ataques que vem sofrendo: “Estou evitando de olhar as redes sociais. Já estou traumatizada com tudo que aconteceu todos esses dias, então não quero ficar mais traumatizada com as pessoas. As pessoas têm que começar a rever que existe uma família por trás, que existe uma vida por trás. Elas acabam te criticando, colocando você numa situação que você não é”, queixou-se.
A Polícia Civil indiciou, na terça-feira (19/12), seis pessoas por sequestro, extorsão, formação de quadrilha, roubo, lavagem de dinheiro e receptação. Destas, 4 já estão presas e duas são procuradas. A Divisão Antissequestro (DAS) de São Paulo investiga o caso.