Lobão faz revelações sobre passado controverso com Cazuza
Cantor também falou sobre sua juventude rebelde, uso de drogas e relatou as mortes de seus pais e sua irmã, que tiraram as próprias vidas
atualizado
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Um passado repleto de rebeldia, uso de drogas, perdas de amigos e familiares e muita música. Esse é um resumo muito rápido da vida de Lobão, que compartilhou um pouco de suas histórias bizarras com os humoristas Marcos Chiesa, mais conhecido como Bola, e Márvio Lúcio, o Carioca, durante um bate-papo para o Ticaracaticacast.
Em meio à conversa, Lobão revelou seu passado controverso ao lado dos amigos, entre eles Cazuza. O cantor contou uma passagem, durante o enterro do jornalista Júlio Barroso, que caiu do 11º andar do prédio onde morava. O artista recordou que até hoje não sabem se foi um acidente ou proposital. EM seguida, ele relatou a homenagem que ele e Cazuza fizeram ao amigo.
“A gente tomava uma cachaça e cheirava uma, tomava uma cachaça e cheirava uma. Todo mundo já tinha ido embora, só estávamos eu e Cazuza, ele tava virado, 5h da manhã. Eu falei: ‘P*rra Cazuza, a gente tem que fazer alguma especial pro nosso amigo aqui. Vamos esticar uma carreira aí no vidrinho do Júlio (do caixão). Essa última carreira, uma pra mim e uma pra você, a gente cheira na força do Júlio pra entregar o corpo, a alma, pra Deus'”, disse.
Ao falar sobre o uso de drogas e o comportamento da juventude na época, Lobão afirmou que, apesar de tudo, eles eram bem criados: “Eu, Cazuza e Júlio nós éramos da mesma extração social de Ipanema. Então, era um monte de malucos, mas eram garotos bem-educados, de berço, com boa educação, livros, meigos e, de certa forma, muito carinhosos. O Cazuza era um amor, um doce de pessoa, o Júlio também, mas a gente vestia um personagem, meio Bokowski, e fazíamos verdadeiros horrores”.
E continuou pontuando as coisas que eles faziam juntos: “Eu mijava na cabeça de uma camareira, a gente fazia coisas do arco da velha, que até Deus duvida. O Cazuza, no Baixo Leblon, mijava na careca do freguês do Diagonal. Mas a gente era meninos queridos, mimados (sic) pela mamãe. Tinha um lado doce”.
Ao ser questionado se tudo não passava de um comportamento “inventado”, por serem artistas, ele respondeu: “O fato de a gente ter esse background, de termos sido meninos mimados, tínhamos uma obrigação de romper isso e se autoafirmar em ser o f*dão, em ser o cara mal, ser o transgressor, tava dentro de um script. E isso acabou matando muita gente, o Júlio, o Cazuza, o Renato Russo. Porque o Renato também vestia esse personagem, era uma pessoa doce, meiguíssima, carinhosa”, relembrou Lobão, antes de completar: “Nem todos nós sobrevivemos, mas eu estou aqui pra representar”.
Lobão também falou sobre o problema de saúde que enfrentou por muitos anos: “Eu adorava ter epilepsia porque me achava um gênio, adorava ter convulsão porque parecia que nada era como antes. E não era porque havia uma morte neurônica, mas ao mesmo tempo você tinha um ponto de vista diferente, começava a pensar diferente. Eu tratava a pires de leite a minha epilepsia”, brincou.
Um assunto delicado também foi abordado na entrevista. O cantor declarou que se criou sozinho e morou na rua, após ser expulso de casa aos 15 anos. Em seguida, ele recordou as mortes de seus familiares mais próximos: “Meu pai se matou, minha irmã se matou e minha mãe se matou. Os três se mataram, só sobrou eu da família inicial. Semana passada descobri uma outra irmã, mais velha”.
E detalhou o dia da morte da mãe: “Eu briguei com ela, mandei ela morrer. Minha mãe tinha tentado suicíd*o 16 vezes e eu falei assim ‘agora você vai se matar direito’. Eu não aguentava mais a chantagem emocional, tinha que fazer lavagem estomacal, chamar ambulância. Ela mandava bilhete ‘se você não vier me ver, vou me matar’. E eu fiquei p*ta da outra vez e falei ‘olha, você vai se matar’. E não é que ela se matou mesmo? Fiquei arrependidíssimo. Ela morreu numa aula de inglês”.