Inquérito revela que Djidja Cardoso era torturada fisicamente pela mãe
Em depoimento, a empregada da família contou que Cleusimar Cardoso tinha comportamento agressivo com a filha
atualizado
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Nesta terça-feira (3/9), detalhes do caso da morte de Djidja Cardoso vieram à tona. De acordo com o inquérito, que tramitava em segredo de Justiça, a mãe da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Cleusimar Cardoso, agredia a filha fisicamente. As informações são do G1.
No documento que a publicação teve acesso, a empregada que trabalhava na casa da família que criou a seita Pai, Mãe, Vida, que promovia o uso de cetamina, afirmou que a matriarca tinha um comportamento agressivo com a filha. Por muitas vezes, machucava Djidja, como “assanhar” os cabelos dela, beliscá-la, além de torções no braço.
“Djidja estava fraca e mal conseguia se defender e, inclusive, sempre pedia para Cleusimar parar com o comportamento que a machucava”, disse a funcionária que prestava serviços desde 2022.
A colaboradora ainda relatou que o uso da droga sintética se tornou frequente com o passar dos anos. Cleusimar, Djidja e Ademar Cardoso, irmão da dançarina, também passaram a injetar o anabolizante Potenay, que é um preparado químico usado, originalmente, para recuperação física de animais de grande porte.
Segundo ela, Djidja e Ademar costumavam fazer pedidos de analgésicos por telefone, durante a manhã, enquanto tomavam café. Na delação, a empregada garantiu que a família utilizava um código para pedir os entorpecentes, que eram divididos em 20ml para Djidja, 20ml Ademar e 10ml para Cleusimar.
“Ela [Djidja] ficou muito dependente, então ela não vivia mais sem [a cetamina]. Várias vezes a gente tentou fazer alguma coisa, nós fizemos BOs. Porém, a mãe e os funcionários proibiram nossa entrada. A gente não podia fazer nada”, ressaltou a moça.
Sobre a bailarina estar sempre entorpecida, a funcionária explicou que a família já tinha ciência e chegou a denunciar a situação um ano antes da morte de Djidja Cardoso, que aconteceu em 30 de maio deste ano. A ex-sinhazinha não recebia mais visitas e nem saía de casa, uma vez que estava sempre sob efeito da droga.
Em julho, a Justiça do Amazonas aceitou a denúncia do Ministério Público contra a mãe de Djidja Cardoso, Cleusimar Cardoso, o irmão dela, Ademar Cardoso, e o ex-namorado dela, Bruno Roberto da Silva, por tráfico de drogas. Os três, além de outras sete pessoas, se tornaram réus pelo crime.
A decisão é do juiz Celso de Paula, titular da 3ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes (Vecute). Na mesma decisão em que aceitou a denúncia do MP, o magistrado também negou o pedido apresentado pelas defesas de quatro deles para relaxamento da prisão.
Dos 10 acusados, quatro respondem ao processo em liberdade e seis estão presos. Por ora, o Ministério Público só denunciou o grupo por tráfico de drogas. No entanto, o órgão ministerial, por meio de outras promotorias de Justiça, pode denunciar os envolvidos por outros crimes como: charlatanismo, curandeirismo, estupro de vulnerável e organização criminosa.
Caso Djidja
Djidja Cardoso morreu, aos 32 anos, no dia 28 de maio. Seu corpo foi encontrado pelo ex-namorado em um dos cômodos da casa, em Manaus. A moça representou a sinhazinha do Garantido no Festival Folclórico de Parintins entre 2015 e 2020, quando se aposentou da arena.
Segundo a investigação, a família de Djidja criou o grupo religioso “Pai, Mãe, Vida”, que promovia o uso indiscriminado da droga sintética cetamina, de uso humano e veterinário, que causa alucinações e dependência.
Na denúncia, o promotor de Justiça André Virgílio Betola Seffair disse que a mãe de Djidja, Cleusimar Cardoso, estava no núcleo central do esquema de tráfico de entorpecentes.