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Influencer enaltece Taís Araujo: “Abriu portas para mulheres negras”

A empresária Anna Telles conversou com a coluna e destacou a importância da atriz na luta por maior representatividade

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Montagem feita a partir de fotos de Anna Telles e Taís Araujo - Metrópoles
1 de 1 Montagem feita a partir de fotos de Anna Telles e Taís Araujo - Metrópoles - Foto: Reprodução

A influenciadora digital e empresária Anna Telles, fundadora de uma das principais marcas de cosméticos voltados para cabelos crespos e cacheados no Brasil, e dona de um renomado salão de beleza em São Paulo, compartilhou sua admiração por Taís Araujo e destacou a importância da atriz na luta por maior representatividade das mulheres negras.

Ela, que superou uma trajetória difícil, incluindo um período em que foi moradora de rua, construiu um verdadeiro império no setor de beleza. Além de atender mulheres, seu salão também oferece cursos profissionalizantes e um espaço para que cabeleireiras iniciantes possam produzir conteúdos e fortalecer suas redes sociais.

Ao falar sobre a influência da artista em sua vida, Anna foi categórica: “Taís Araujo abriu portas inimagináveis para as mulheres negras. Ela foi uma das primeiras a nos representar com força e dignidade em papéis de destaque na televisão. E isso mudou a percepção que muitas de nós tínhamos sobre nosso lugar no mundo. Ver uma mulher negra ocupando espaços de poder e respeito me fez acreditar que eu também poderia chegar lá”, afirmou ela.

Além de seu sucesso nos negócios, Anna Telles se prepara para um novo capítulo em sua vida: o lançamento de seu primeiro livro, que chegará às livrarias em 2025. Na obra, ela conta toda a sua trajetória, desde os desafios de viver nas ruas até a construção de seu império de beleza.

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Anna Telles e seus produtos para cabelos cacheados e crespos
Anna Telles e seus produtos para cabelos cacheados e crespos
Anna Telles e seus produtos para cabelos cacheados e crespos
Anna Teles
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Taís Araujo

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Taís Araújo

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Desapegada, ela vai do curto ao longo, da franja às tranças

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Ela usa as laces (perucas) como um complemento do visual desejado para a ocasião

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A apresentadora do The Masked Singer, da Rede Globo, aposta em figurinos que aliam conforto e informação de moda

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Taís Araújo usa o cabelo como uma ferramenta de autoexpressão e comunicação

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Os maxibrincos estão entre os acessórios preferidos de Taís

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Tais Araújo

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“O livro é uma maneira de compartilhar minha história com outras mulheres que estão passando por situações difíceis. Quero que elas saibam que é possível superar, transformar a dor em força e, principalmente, acreditar em si mesmas”, explicou.

O salão de Anna, além de ser um espaço de beleza, funciona como um centro de capacitação para mulheres negras, oferecendo não apenas cursos técnicos, mas também suporte para que essas profissionais se promovam online.

“Eu sei o quanto é difícil começar do zero e, muitas vezes, sem apoio. Por isso, ofereço às mulheres que passam por aqui o que eu não tive: estrutura e oportunidade. Ensinar técnicas é importante, mas ensinar a se divulgar, a usar as redes sociais para crescer profissionalmente, é fundamental hoje em dia”, destacou.

Para a influenciadora, o impacto de figuras públicas como Taís Araujo vai muito além do entretenimento: “Ela nos deu visibilidade, algo que é essencial para que as mulheres negras acreditem no seu valor e nas suas capacidades. Quando vemos uma mulher negra no topo, isso repercute em cada uma de nós. O sucesso de uma mulher negra abre portas para tantas outras, e é exatamente isso que eu busco fazer com meu trabalho e, agora, com o meu livro”, finalizou.

Milionária vendendo produtos de cabelo

No turbilhão das ruas do Pelourinho, em Salvador, onde o som dos tambores e a alegria do samba se misturam com o cheiro de dendê, nasceu uma história de resiliência e transformação protagonizada por Anna Telles.

A baiana de 34 anos, uma mulher negra outrora invisível para a sociedade, decidiu reescrever seu destino e se aventurar no empreendedorismo. Foi assim que ela superou a pobreza, se tornou milionária e construiu seu próprio império no ramo da beleza.

Ainda aos 12 anos, Anna começou sua jornada no mundo da estética ajudando uma vizinha a fazer tranças.

“Aprendi a fazer tranças com a vizinha porque minha mãe usava química no meu cabelo, e isso me causava muitos problemas. A partir daí, comecei a ajudar a vizinha como uma troca de favores: eu a ajudava e ela arrumava meu cabelo sem custos. Foi assim que comecei a desenvolver minhas habilidades”, contou.

Pouco tempo depois, essa habilidade se tornou sua principal fonte de renda. Mas a vida de Anna não foi fácil. Aos 15 anos ela foi obrigada a sair de casa após ser abusada sexualmente pelo padrasto. A mãe, quando soube, deu-lhe um tapa no rosto e ficou do lado do companheiro, recordou.

A única solução para a baiana foi abandonar a própria casa e as ruas do Pelourinho se tornaram seu “lar”.

Sobrevivência nas ruas

Anna já havia conquistado a habilidade de fazer tranças. Nas ruas, também aprendeu a vender. “Tudo que eu queria era não me envolver com drogas e prostituição”, relata a empresária.

Nas ruas, ela oferecia seu serviço de trancista. Fazia serviço a domicílio e, como o trabalho demorava, ela conseguia almoçar e às vezes até dormir na casa de clientes.

“Eu continuei fazendo tranças em troca de uma roupa, um trocado ou alguma coisa para minha sobrevivência”, declarou.

Em meio ao caos, amor

Durante esse período morando na rua e fazendo “bico” de trancista, Anna conheceu seu verdadeiro amor, que, mais tarde, se tornaria um grande incentivador.

“Quando conheci meu esposo, ele me mostrou que as tranças que eu fazia eram um negócio. A partir daí, comecei a ensinar as meninas da minha comunidade, que, assim como eu, não tinham oportunidades. Comecei a divulgar no Facebook e várias pessoas de todo o Brasil começaram a aparecer”, relembrou Anna.

Primeira queda

Com o alcance de seu empreendimento, um homem apareceu propondo criar uma empresa, da qual ele, Anna e o marido seriam sócios.

Sem conhecimentos na área técnica do empreendedorismo e possuindo apenas a educação básica, a baiana achou que abrir uma empresa com um homem que, apesar de desconhecido, parecia profissional, seria uma boa ideia.

“No início, fiz uma sociedade com um homem branco. Eu pensava: já que ele estudou, vai fazer meu negócio ser melhor. Fiz isso porque acreditei que o conhecimento dele era suficiente. Eu estudei até a 8ª série, então eu achava que o que eu fazia não era suficiente”.

No fim, o casal teve um prejuízo de mais de R$ 40 mil. Após o término da sociedade e um grande prejuízo financeiro, Anna e seu marido decidiram seguir sozinhos.

Ascenção

Com muita luta, o casal quitou as dívidas e decidiu investir, também, em produtos para cabelos crespos e cacheados.

“Eu via que no mercado não tinha produto para o meu tipo de cabelo. Eu tinha que fazer várias misturas caseiras para conseguir dar um resultado. Foi a partir daí que vi a necessidade das minhas clientes terem um produto para cuidar dos seus cabelos”, contou.

Com um empréstimo pessoal de 10 mil reais, Anna iniciou sua linha de produtos.

“Tive dificuldade financeira. Mesmo com o nome limpo, os bancos não me davam crédito. Para ter a minha linha de cabelos, eu e meu esposo tivemos que fazer um empréstimo pessoal. Vivi preconceito de diversas formas. Por mais que eu tivesse dinheiro para comprar, sempre tinha algo ‘invisível’ que me impedia de fazer as coisas”, disse Anna sobre o racismo que sofreu durante o processo.

A internet foi o meio escolhido para divulgar seus produtos e alcançar novos consumidores. O negócio cresceu rapidamente, e logo Anna conseguiu abrir sua primeira loja física.

Oportunidade na pandemia

Durante a pandemia, ela tomou uma decisão estratégica que se mostrou crucial: migrar da loja física para o comércio on-line: “Na época, o que fez muita diferença foi migrar a loja física para o on-line. Eu tinha uma loja no shopping, nos desfizemos dela e transformamos no e-commerce. Deixamos de vender somente para nossa cidade e passamos a vender para todo o Brasil”.

Essa mudança, juntamente com o uso do marketing de influência e a venda em atacado, impulsionou o crescimento da marca. Em 2022, Anna faturou R$ 3,5 milhões. No ano seguinte, o faturamento foi de R$ 4.827.183,81 e, até a metade de 2024, a empresa já havia arrecadado R$ 2.538.842,06.

Planos futuros

Ambiciosa, Anna revelou, ainda, que pretende expandir ainda mais sua marca: “Penso na minha aposentadoria daqui a cinco anos. Para a minha empresa, temos uma meta de que nesse prazo, queremos alcançar 149 milhões de pessoas crespas e cacheadas no Brasil e no mundo”, disse Anna sobre o sonho de alcançar cada vez mais clientes.

Hoje, a marca de cosméticos já chegou aos Estados Unidos e Europa e está entre as 15 maiores do Brasil. Anna já atendeu mais de 10 mil mulheres e tem um objetivo claro para o futuro: “Quero alcançar o top 1”.

“Quero ser inspiração para muitas mulheres negras. Mostrar que, mesmo diante das maiores adversidades, é possível transformar a própria vida e alcançar o sucesso. Eu tomei a decisão de empreender e me tornei a primeira milionária da família. Espero não ser a única,” concluiu.

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metropoles.comFábia Oliveira

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