Ginasta romena fala sobre medalha de bronze: “Não sabia como reagir”
Ana Barbosu se pronunciou pela primeira vez após mudança no pódio das Olimpíadas de Paris e deu detalhes do momento que recebeu a notícia
atualizado
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A ginasta romena Ana Barbosu, que ficou com a medalha de bronze no solo após recurso de sua equipe à Corte Arbitral do Esporte (CAS), falou pela primeira vez sobre o caso. A atleta conversou com o site Euronews e deu detalhes do momento que recebeu a notícia.
“Recebi a notícia ao lado dos meus pais. Estava na sala e vi que após às 19 horas seria anunciado um veredito. Realmente não sabia como reagir. O treinador do meu clube (Steaua Bucaresti) me ligou e perguntou se eu tinha visto. Não sabia do que ele estava falando. Ele me felicitou e foi aí que percebi qual a decisão tomada”, afirmou a ginasta.
Em seguida, ela agradeceu o apoio: “Foi uma medalha realmente obtida com muito trabalho desta vez. Sem o apoio dos treinadores, que tiveram a ideia de contestar a decisão final, e sem o apoio da federação, sem todas as pessoas e advogados que souberam como abordar o problema, essa medalha não teria sido possível. Agora, espero conseguir agradecer a todos”, declarou.
Questionada como estava se sentindo, Ana Barbosu desabafou: “É cedo para dizer que me acalmei. Os últimos dias não foram exatamente pacíficos. O próximo passo é tirar férias onde possa relaxar”, encerrou.
Com a decisão, a Roménia chegou a 9 medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris: três de ouro, quatro de prata e duas de bronze.
Entenda o caso
Reviravolta no pódio da ginástica artística das Olimpíadas de Paris. Após recurso da Federação da Romênia pela medalha de bronze, a atleta Ana Barbosu, que terminou na quarta posição, ficou com o terceiro lugar. Assim, a norte-americana Jordan Chiles ficou sem a medalha.
Em audiência no último sábado (10/8), a Corte Arbitral do Esporte (CAS) considerou que o acréscimo de 0.100 concedido à nota de Chiles foi irregular. O recurso foi pedido pela delegação dos Estados Unidos e aumentou a pontuação da ginasta, que superou as notas das atletas da Romênia.
Segundo o tribunal, a irregularidade se deu porque a delegação norte-americana apresentou o pedido após o prazo indicado no regulamento, que é de um minuto após o anúncio da nota das ginastas.
A Federação de Ginástica dos Estados Unidos lamentou a decisão. “Estamos devastados com a decisão da Corte Arbitral do Esporte. A investigação sobre o valor de dificuldade da rotina de exercícios de solo de Jordan Chiles foi apresentada de boa-fé. Durante todo o processo de recurso, a Jordan foi alvo de ataques consistentes, total e extremamente prejudiciais nas redes sociais. Nenhum atleta deveria ser submetido a tal tratamento”, disse, em nota, a entidade.
A mudança não altera as pontuações de Rebeca Andrade e Simone Biles, ouro e prata na prova, respectivamente.
Primeiro-ministro romeno protestou
O pódio do solo na ginástica, no qual Rebeca Andrade ficou no topo e conquistou o ouro, deu muito o que falar na semana passada. Os responsáveis pela equipe de ginasta da Romênia resolveram acionar a Corte Arbitral do Esporte (CAS) para investigar nota dada a Ana Barbosu e, assim, questionar a perda do bronze.
Para quem não acompanhou o caso, Ana Barbosu já estava comemorando a terceira colocação e consequente medalha de bronze quando foi surpreendida pela pontuação de Jordan Chiles, que ficou acima da dela. A jovem acabou ficando com o quarto lugar. Ela ficou devastada por não conseguir uma medalha.
Após a repercussão do caso, a ginasta anunciou seu afastamento da internet: “Obrigada a todos pelas mensagens de apoio. Eu vou dar uma pausa das redes sociais”, escreveu ela, em inglês, nos stories do Instagram, na tarde de quarta-feira (7/8).
Em apoio à atleta, o primeiro-ministro romeno, Marcel Ciolacu, afirmou que não participaria da cerimônia de encerramento da Olimpíada de Paris, domingo (11/8), em protesto à nota dada para Ana Barbosu.
“Decidi não participar da cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Paris, depois da situação escandalosa na ginástica, onde os nossos atletas foram tratados de forma absolutamente desonrosa. Retirar uma medalha conquistada pelo trabalho honesto com base num apelo que nem os treinadores nem os técnicos da elite entendem é totalmente inaceitável”, afirmou ele, em comunicado oficial.
E disparou: “É inadmissível que, numa competição desta envergadura, que promove valores como o respeito, a compreensão e a excelência, uma menina que conquistou honestamente a sua medalha seja brutalmente privada do resultado do seu trabalho de quatro anos! Não consegui olhar para as lágrimas dela e aceitar com serenidade que tal coisa é perfeitamente normal!”, declarou, antes de encerrar:
“E o fato de centenas de milhões de telespectadores de todo o mundo terem ficado, tal como nós, romenos, efetivamente chocados com esta cena terrível, mostra que algo no sistema de organização desta competição está errado”, concluiu.
Nádia Comaneci, lenda da ginástica, também se pronunciou sobre o assunto por meio de suas redes sociais. A ex-atleta cobrou a falta de critério para a reavaliação da apresentação da americana e e mais preocupação com a saúde mental dos atletas.