Uma pessoa multifacetada e com muita história para contar. É assim que se define Tarso Brant, um homem trans que é ator, DJ, escritor, influenciador e palestrante. Em entrevista sincerona para o canal Bruno Di Simone Na Real, à qual essa coluna teve acesso com exclusividade, o rapaz abriu seu coração sobre família, preconceito, carreira e revelou algumas de suas aventuras com a mulherada.

O início do papo dos dois foi marcado pelo desabafo de Tarso sobre sua transição: “Vivi um período de transição sem saber que eu era um homem trans. Eu só entendia que eu não me identificava com o corpo que eu nasci, eu tive uma rejeição”, contou ele, antes de completar:

“Desde criança eu e via como se tivesse fantasiado e obrigado a viver num cárcere privado chamado meu corpo feminino. Eu não gostava, eu não me identificava, eu sempre tive atração por meninas”, afirmou ele, contato que sempre gostou de roupas masculinas, se chateava ao colocar vestidos e precisava ser “subornado” pela mãe para que colocasse uma das peças que ganhou do pai para visitá-lo no trabalho.

Tarso declarou que sempre teve apoio de seus pais e definiu o que para ele significa preconceito: “Quem fala não são as pessoas, é o preconceito delas. O preconceito nada mais é do que a falta de informação”, disparou.

E continuou: “O que nos define é o caráter. Existem pessoas com e sem caráter. Todo mundo tem suas virtudes, tem seu lado falho e todo mundo tá aqui pra aprender. É uma evolução conjunta. Nesse momento, eu vejo pessoas trans como revolucionárias. A gente tá aqui pra mudar o conceito das pessoas e agregar um conceito a mais sobre o que é ser você, você se conhecer”, analisou.

O ator já fez parte do elenco de A Força do Querer, escrita por Glória Perez; atuou no teatro e participou do reality De Férias com o Ex. Na edição, Tarso disse que se sentiu preso e que as pessoas pareciam não saber como lidar com o fato de ele ser trans. A respeito da “pegação” do programa, ela achou fraca.

“As pessoas lá não queriam. Por mim, a gente invadia a Suíte Master e faria uma festa. Eu iria pra suíte com todo mundo”, garantiu ele. Aproveitando o gancho, Bruno Di Simone quis saber detalhes sobre as aventuras sexuais de Tarso e questionou sobre quantas mulheres ele já teria levado para a “suíte”: cinco ao mesmo tempo.

“Eu tava numa esta e, acontece. Você é abduzido, do nada, pra um lugar que não sabe o que vai acontecer”, relatou. Logo depois, ele recordou a primeira vez que ficou com mulheres, e também não foi apenas uma.

“A primeira vez que fiquei com mulheres, elas que ficaram comigo. Era aniversário de uma amiga minha. Quando deu meia-noite, ela me jogou na parede e falou: ‘Pronto, agora você vai me dar meu presente de aniversário’ e me beijou. Aí, as outras cinco amigas dela vieram atras (e falaram) ‘ah, eu também quero’. Eu fiquei assim, ‘meu Deus, o que eu faço?'”, riu.

Ao ser questionado sobre o que a transição significava para ele, o ator foi direto: “A transição de gênero em si é uma condição imposta pela vida porque a gente nasce assim. E quando a gente consegue se entender, a gente vê um leque aberto de possibilidades, independentemente do que eu quero, do que eu faça. Gênero e orientação sexual são coisas diferentes e não definem caráter”.

No fim da conversa, Bruno fez o tão famoso “bate bola” com Tarso. Quando a questão foi a definição de LGBTQIAP+, ele respondeu: “Um público que a cada dia cresce mais e tem muito a ensinar pro mundo”.