Exclusivo! Produtora diz ter sofrido machismo nos bastidores do filme O Faixa Preta
Meire Fernandes deu detalhes do ocorrido durante as gravações do longa, que estreou em março na HBO Max; produção do filme nega as acusações
atualizado
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A produtora brasileira, radicada em Los Angeles, Meire Fernandes, afirma ter sofrido machismo por parte dos produtores do filme O Faixa Preta: A Verdadeira História de Fernando Tererê, que conta com a direção de Caco Souza, produção de Thiago Grecco, Eduardo Ferro e Rangel Neto, que também é roteirista. O longa teve a sua estreia na HBO Max no dia 17 de março.
Meire é conhecida no audiovisual por ser a idealizadora do festival de cinema brasileiro mais importante fora do Brasil, o LABRFF – Los Angeles Brazilian Film Festival, que completa 16 anos esse ano.
Tudo teria começado quando, em outubro de 2020, durante a pandemia da Covid-19, o diretor e o produtor de O Faixa Preta, Caco Souza e Thiago Grecco, anunciaram que estavam fazendo o filme. Meire Fernandes, então, entrou em contato e mostrou interesse em trazer um investidor para a produção audiovisual. A moça lembrou de um homem que havia participado de seu festival naquele mesmo mês e, então, encaminhou o roteiro para ele, que logo se interessou pela história e topou fazer o investimento.
Ao receber um sinal positivo do investidor, Meire teria conversado com Caco e Thiago, e ambos haviam concordado em trazer o homem e, em troca, a produtora ficaria com 2% a 3% de equity do filme. Por já ter trabalhado com os rapazes, a profissional afirmou ter confiado em ambos. Meses antes, ela já havia investido R$ 5 mil em outro projeto, que tinha dado tudo certo.
Através de um grupo de WhatsApp, eles passaram a trocar mensagens sobre as demandas que precisavam. Meire, então, imediatamente teria começado a trabalhar para o filme, indo procurar locações em Los Angeles, além de preparar orçamentos para que 43 cenas fossem filmadas por lá.
Em dezembro de 2020, o filme iniciou as gravações no Rio de Janeiro, mas logo precisou ser interrompido, após o diretor testar positivo para a Covid-19. Devido à situação, a equipe do filme teria ficado aflita, por não ter como manter as gravações com pouco dinheiro. Meire, então, teria entrado em ação novamente, conseguindo que o investidor ajudasse nessa missão.
A produtora alegou, ainda, ter trabalhado entre outubro de 2020 até junho de 2021 sem remuneração, tendo colocado dinheiro de seu bolso para cobrir a tradução do roteiro para o inglês e pagamento de visto para o diretor.
A situação teria começado a mudar depois que a produção do filme conheceu o investidor trazido por Meire. A partir daí, todos teriam passado a lidar diretamente com o homem, deixando de lado a comunicação com a profissional.
Meire afirmou que começou a pedir o contrato, mas ouviu diversas desculpas. Até que ela teve o nome retirado do filme, por pedido dela mesma, já que não havia sido paga e nem mesmo teve seu contrato assinado.
“Estou aqui em nome de um coletivo, para que as vozes das mulheres sejam ouvidas. Eles não fariam isso se fosse um homem produtor executivo de Los Angeles. Sou mãe, sou uma mulher, sou agregadora da cultura brasileira, honro o audiovisual do Brasil através do meu festival, que já premiou mais de 600 profissionais. Não posso mais me calar. Tentei de tudo, amigavelmente, para que esses homens me dessem o meu contrato, e tive apenas promessas”, declarou Meire Fernandes para esta coluna.
“Nenhum deles respeitou o meu trabalho, tampouco o fato de eu ter trazido o investidor maior do filme, inclusive, nem o próprio investidor me respeitou! Mas agora eles vão ver quem é o Faixa Preta dessa história, porque machistas não passarão”, completou ela, fazendo referência ao nome do filme.
Procurada pela coluna, a produtora do filme, Juciliana D’Oliveira, afirmou que as acusações de Meire não procedem. Além disso, a profissional destacou a grande participação feminina na equipe de O Faixa Preta: A Verdadeira História de Fernando Tererê.
“As acusações da Sra. Meire não somente são descabidas como mal-intencionadas. Eu, além de mulher, sou produtora do filme. Como vou compactuar com machismo em uma produção a qual eu produzi? O que ocorre é que a Sra. Meire tentou se inserir inicialmente no projeto, mas diante de algumas condutas, nas quais a equipe de produção não concordou, não foi possível efetivar a parceria. No mais, faço questão de destacar a diversidade de nossa equipe de produção, onde não existe e jamais existiu espaço para qualquer tipo de conduta como a apontada”, disse.