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Exclusivo: figurante da Record TV relata novos perrengues em gravação

Um dos contratados para fazer parte do casting de Reis, nesta quinta-feira (02/11), relatou que chegaram cedo no local e não tiveram lanche

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1 de 1 Logo da Record TV - Metrópoles - Foto: Reprodução

E chegou para a coluna, com exclusividade, mais denúncias de figurantes contra a Record TV. Em pleno feriado desta quinta-feira (02/11), os contratados para fazer parte do casting de Reis foram enviados para Santa Cruz, na zona oeste do Rio, e ainda ficaram com fome.

De acordo com a fonte, que conversou com esta colunista que vos escreveu, os responsáveis pela gravação marcaram com a equipe de figuração por volta das 7h da manhã, mas não disponibilizaram um lanche para eles. Isso causou um alvoroço logo cedo.

“Teve um protesto porque marcaram os figurantes por volta das 7h e levaram para um local chamado Lama Preta [uma fazenda que serve de set], em Santa Cruz. Muitas pessoas, para chegarem às 7h, saíram de casa às 5h. Mas só deram lanche para a produção. Os figurantes vão ter que esperar até a hora do almoço”, relatou o rapaz.

Desde quarta-feira (1º/11), quando publicamos a matéria sobre o descaso com os contratados, a coluna espera um retorno da Record TV, sem sucesso. Assim que for enviado um posicionamento, atualizaremos a nota.

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Figurante Daniel Apolloh afirma ter sido infectado com sarna na Record TV
Figurante Daniel Apolloh afirma ter sido infectado com sarna na Record TV
Figurante Daniel Apolloh afirma ter sido infectado com sarna na Record TV
Figurante Daniel Apolloh afirma ter sido infectado com sarna na Record TV
Sindicato entra com ação contra Record e agências de figuração
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Figurante Daniel Apolloh afirma ter sido infectado com sarna na Record TV

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Sindicato entra com ação contra Record e agências de figuração

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Vídeo: figurantes da Record TV expõem humilhações durante gravações

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Celular de Daniel após uma cena com espadas

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Cena com tochas com fogo

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Fezes de cachorro encontradas no refeitório onde os figurantes almoçam

Bastidores precários e descaso

Não é de hoje que a coluna vem recebendo denúncias sobre os sufocos que figurantes passam durantes as gravações das novelas. A mais recente foi a contaminação por sarna por conta das roupas usadas em Reis, da Record TV. Após essa revelação, esta colunista que vos escreve teve acesso a áudios de outro profissional relatando como eles são tratados pela emissora.

O rapaz, que não terá seu nome divulgado, falou sobre as doenças de pele, a comida estragada e até detalhou um dia de filmagens que terminou em tempestade, com direito a um raio caindo perto dos figurantes.

“É tudo cem por cento real [as denúncias de infecção de pele], lamentavelmente. Parece muito novela, teoria da conspiração ou até mesmo piada, se você tiver um humor meio perturbado. Eu conheço gente, tenho amigos, trabalho na figuração na Record desde o início desse ano e acompanhei uma galera que pegou dermatite, sarna, foram picados por carrapato, tiveram alergia por conta da picada do carrapato nas gravações nas fazendas”, começou o moço.

Ele ainda falou como se sente: “É lamentável, é real o descaso o que eles têm, a falta de respeito com os funcionários, principalmente com a figuração. Pode estar o sol do inferno que for que eles mandam a gente pra debaixo daquele sol. Já presenciei gente desmaiando debaixo do sol. Eles só levam um guarda-sol pra elenco. Raramente foram as vezes que eles pensaram: ‘Vamos botar alguma coisa aqui pra figuração se proteger’”, desabafou, antes de completar:

“Na maioria esmagadora das vezes, eles deixavam a gente largado debaixo do sol. Às vezes, o elenco estava ensaiando, batendo texto e eles deixavam a gente ali debaixo do sol, mofando. Teve o colega que desmaiou, muitos colegas pegaram insolação. Teve gente que deu bolha na cabeça. Eu mesmo já fiquei com bolha na cabeça por conta da exposição ao sol. É um descaso inimaginável”, declarou.

Logo depois, o moço comentou sobre o alimento servido aos contratados: “Sem contar que a comida, muitas vezes, a gente já comeu coisa passada, coisa estragada, que estava de um dia pro outro, armazenada do dia anterior. Quando a gente come, consegue sentir ali se tá passada, se tá no ponto. E a gente sente mais ainda depois quando vê a galera passando mal, vomitando, torrando a b*nda no banheiro, se cag*ndo todinho. Porque é o que acontece, lamentavelmente. Já vi gente dando até problema no estômago por conta disso”.

Ele ainda lamentou, mais uma vez, e afirmou: “Realmente fico sem palavras pra descrever a situação que a gente passa ali. E, detalhe, isso é uma das situações que a gente passa. O buraco é muito mais embaixo”.

Ele detalhou também o dia em que parte da equipe de figurantes precisou correr na chuva para se enconder no meio de uma gravação e ainda foi atingida por um raio, que caiu próximo à barraca onde estavam.

“No dia que caiu um raio, posso explicar e aprofundar um pouco mais porque eu estava lá. Era uma gravação de uma cena de batalha do exército israelita com o exército filisteu e tinham muitos figurantes. A gente estava gravando na Indiana, em Itaguaí. E, neste dia, tava tudo claro, a previsão do tempo tava dando chuva, a gente estava avisando, a nuvem escura se aproximando”, disse ele.

E continuou: “E eles seguraram a gente ali pra gravar a cena ali, chovendo, chuviscando. E quando caiu o toró mesmo, caiu a chuva, veio aquele dilúvio, a gente saiu correndo pra barraca. Os primeiros a entrarem dentro dos carrinhos, se protegerem, correrem pros seus cantinhos foram o diretor, a produção, o assistente, todo mundo. E a gente ainda teve que andar correndo o percurso pra procurar uma barraca, um ônibus. Até a gente chegar lá, já tinha se molhado por inteiro. Um grupo conseguiu chegar no ônibus e o resto ficava dentro das barracas”, contabilizou.

No fim do relato, ele contou como foi o acidente com o raio: “Com isso, caiu o infeliz do raio. Se esse raio tivesse caído mais uns dez metros próximo da gente, cara, tinha fritado metade de um batalhão inteiro. Foi ali uma mão divina que impediu esse raio de cair mais próximo. Na distância que caiu, já foi suficiente pra eletrocutar uma galera que tava na parte ali debaixo das barracas. Teve gente que passou mal por conta do raio. Imagina o tamanho da m*rda se tivesse caído 10 metros mais próximo, tinha morrido todo mundo ali”, lamentou.

Casos de sarna

Em busca do sonho de ganhar um papel principal na televisão, muitos atores iniciantes se aventuram na figuração. Mas o que muitos não imaginam é que as pessoas contratadas para fazer “número” nas cenas podem passar por alguns perrengues sérios, que colocam a saúde em risco. Após revelar o descaso com a alimentação dos contratados, a coluna descobriu que alguns figurantes da Record TV estão sofrendo com problemas de pele.

Daniel Apolloh conversou com esta colunista que vos escreve, com exclusividade, e relatou tudo o que vem passando depois de ser diagnosticado com sarna, segundo ele, adquirida por usar os figurinos da emissora. Ele gravou um vídeo para explicar a situação para os leitores.

“Estou aqui só para mostrar pra vocês que o que a Blogueirinha perguntou para a Preta Gil, se ela já pegou sarna com os figurinos da Record, tem contexto? Tem contexto. Aquele ex-ator do Castelo Rá-Tim-Bum [Cássio Scapin] também falou que pegou, né? E isso daqui tá pelo meu corpo todo”, desabafou ele, mostrando o cotovelo cheio de lesões.

O rapaz ainda continuou: “E foi diagnosticado como sarna devido à gravação em fazenda, com animais. O médico perguntou pra mim: ‘Você grava com porco, essas coisas assim?’. Eu falei: ‘Não, a gente não grava, mas como a gente é tratado como m*rda, é obrigado a rolar no chão’”, afirmou.

Em seguida, Daniel relatou que não recebeu qualquer apoio da Record TV: “Não deram pomada, não dão assistência, não dão nada. Tá todo mundo assim, ó. Acho que 90% dos figurantes já pegaram [sarna]”, declarou ele, que estava gravando Reis e contou ter procurado a emissora para falar sobre o problema de pele, mas recebeu um “isso é normal, novela de época é assim” como resposta.

O figurante ainda aproveitou para pontuar as diferenças de tratamento entre as duas maiores emissoras: “A Globo dá sempre assistência quando vamos gravar lá. Quando acaba a gravação, deixa a gente na porta de casa. A Record deixa a gente no meio da Avenida Brasil, de madrugada. Já tive que andar seis quilômetros para pegar um ônibus e tentar chegar em casa. É um descaso, um absurdo”.

Em outra gravação, o rapaz afirmou ter quebrado seu telefone com um golpe de espada que recebeu de outro profissional: “Como lá não temos armário individual para nossas coisas, coloquei o telefone no colete. Lá, temos que fazer papel de dublê. Se a gente bate fraco com a espada no outro, eles chamam a atenção. Falam ‘anda, estão brincando de espadinha? Bate forte’. Então, o garoto pegou, no meio da guerra, e deu um porradão no meu colete e quebrou”, detalhou.

E continuou: “Não falaram em consertar meu telefone porque afirmam que é responsabilidade nossa, que não devia ter levado para o set. Só que não tem onde guardar as coisas. Nossas mochilas são enfiadas no mesmo armário, socam tudo junto, quebram as coisas. Às vezes roubam as nossas coisas porque todo mundo tem acesso. Nem a chave do armário onde estão nossas coisas, temos”.

Ainda durante o bate-papo, Daniel enviou uma pesquisa feita no grupo de figurantes sobre o tratamento da Record. Algumas pessoas relataram ter comigo alimento estragado e usado roupas sujas, além de relatarem ter sido infectado com alguma doença após trabalhar por lá.

Ao ser questionado como se sente ao ser tratado dessa forma, Daniel relatou que tem sido ameaçado por perfis fakes nas redes sociais para que não faça as denúncias e disse estar morando de favor na casa de amigos.

“Eu tenho depressão e ansiedade, e estou sem assistência médica, sem trabalho, tô morando com os outros, vivendo de favor. Minha vida tá um inferno, tem perfis fakes me ameaçando, mandando que eu pare de falar”, apontou.

Na sequência do desabafo, ele relatou que já tentou contra a própria vida e ficou internado por um ano depois desse episódio: “Eu entrei pro meio da arte pra distrair a minha cabeça, porque sempre foi meu sonho. Sempre ameia a televisão, só que não sabia que os bastidores era isso”, disse, antes de completar:

“Não faço acompanhamento psicológico porque não tenho ânimo pra sair de casa. Tenho 19 anos e não saio nem pra beber, me divertir. Por enquanto, estou aqui: sem rumo e sem trajetória”, lamentou Daniel.

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metropoles.comFábia Oliveira

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