Exclusivo! Agenor fala sobre a Capivara Filó: “Não me vejo sem ela”
Jovem influenciador, que foi multado pelo Ibama, fala sobre a possibilidade de perder sua companheira, que fazia sucesso com ele nas redes
atualizado
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Uma amizade repleta de aventuras no meio da natureza. Essa é a relação de Agenor Tupinambá com a Capivara Filó, que ganhou destaque na imprensa e nas redes sociais após ameaçada de remoção. O estudante de agronomia, que cuida do animal com todo carinho e mostrava toda a rotina na fazenda, em Autazes, no Amazonas, conversou com essa colunista que vos escreve, e contou como Filó chegou em sua vida e como tem sido os últimos dias.
O rapaz revelou que toma conta da capivara, que hoje tem 8 meses, desde que ela nasceu: “Ela veio de uma aldeia indígena, dos índios Moura, da minha cidade. Os índios me deram ela e, desde então, a gente divide o mesmo habitat”, começou ele.
Após ser acusado de domesticar animais silvestres, Agenor explicou: “Ela vive no campo, sai a hora que quer, entra em casa a hora que quer. Ela é livre”, garantiu ele, que mostra sua rotina no campo desde 2019.
Ele recordou como começou a postar os vídeos, mesmo antes da chegada de Filó em sua vida: “Eu sempre gravava o meu dia a dia, como influencer, para mostrar nossa cultura amazônica. Sempre morei no interior, sou ribeirinho. Minha casa é flutuante, em cima da água. Então, sempre mostrei meu dia a dia e os animais fazem parte dele, sempre tive muita conexão com eles e sempre mostrei todos. Até aqueles animais que estão de passagem por ali”, contou, antes de completar:
“Eu já fazia sucesso com os meus vídeos, mas veio fazer ainda mais com a Filó, a partir de novembro do ano passado. Eu sempre quis que o mundo conhecesse a minha cultura, minha região, como a gente vive. Porque é um jeito totalmente diferente, como é nossa conectividade com os animais e a natureza. Eu queria que fizesse sucesso, mas não esperava essa repercussão negativa. Não imaginada que um dia poderia passar por todo esse constrangimento, está sendo muito difícil pra mim”, desabafou ele.
Agenor contou também como os funcionários do Ibama chegaram até ele: “Uma equipe foi na faculdade me procurando. O coordenador do curso me ligou e pediu para eu passar no Ibama e eu fui com a minha irmã. Disseram que seria uma conversa, mas quando cheguei lá, só aplicaram a multa e disseram o motivo”, relatou.
O universitário, então, prosseguiu: “De imediato, fiquei calado, preferi não me pronunciar. Depois que saí de lá, tive uma crise de ansiedade, passei muito mal”, recordou, antes de falar sobre o apoio que vem recebendo de todos os cantos: “Nossa, não apenas o Brasil, mas o mundo abraçou essa causa. Sou tão grato por isso. Não imaginava que seria tão amado e tão acolhido pelas pessoas”. E continuou: “São famosos, seguidores, família, minha cidade. Fizeram uma manifestação na praça da minha cidade para demonstrarem apoio a nós”.
A respeito da multa que recebeu do Ibama, Agenor contou que tudo foi feito à distância: “O Ibama nunca foi lá na fazenda. Eles só me multaram, mas não foram averiguar, fazer vistoria de nada, avaliar os animais, nada”.
A respeito da permanência da Filó ao seu lado, o influenciador disse que ainda espera uma decisão: “Por enquanto, ainda está comigo. Estamos no começo dessa luta, o processo ainda está rolando. Mesmo com a nota do deputado Becari, ainda não tem nada definitivo”.
Questionado sobre estar sendo chamado de “pai” da Filó, ele explicou: “A Filó não é um pet, ela não é minha filha. Ela é livre, a gente vive junto, no mesmo habitat”, declarou. Além disso, Agenor falou sobre a possibilidade de perder o convívio com a capivara: “Não me vejo sem ela. Eu tinha a noção de que um dia, como ela é livre, ela poderia ir embora, mas ela estaria pela fazendo, no lugar onde moramos. Não pensava que poderia ser retirada daqui e levada para um cativeiro da capital”, afirmou.
O rapaz foi obrigado a apagar todas as publicações de suas redes sociais, incluindo com outros animais silvestres. No fim do bate-papo, ele falou sobre a luta para resolver tudo: “Estamos fazendo de tudo para resolver, acabar com tudo isso. Tenho esperança de que vai dar certo”.
De acordo com a assessoria de Agenor, as multas aplicadas pelo Ibama estão nas mãos dos advogados, que vão fazer a contestação. Ao todo, foram quatro mulas, totalizando R$ 17 mil, por supostos maus tratos, exploração em situação de abuso (por ele mostrar os animais nas redes sociais) e pela morte de uma preguiça.
“Ele precisa fazer a contestação das multas. Por exemplo, uma diz que ele lucrou com os vídeos, mas nenhum vídeo dele com animais foi monetizado, patrocinado, usado em parceria com marcas ou coisa parecida. Cada notificação será contestada e vamos trabalhar para que as decisões sejam favoráveis”, comentaram os representantes dele.
Ainda segundo sua assessoria, Agenor pretende fazer uma vaquinha para custear o valor das multas, pois ele não tem condições de pagar. Caso as multas sejam canceladas ou tenham seus valores reduzidos, o valor sobressalente — ou todo ele, em caso de suspensão da cobrança — serão destinados para uma instituição, de preferência que trabalhe pela preservação de animais silvestres como a Filó.
Além de contestar as multas, Agenor precisa providenciar a tutoria definitiva sobre a capivara. Para isso, agentes do Ibama devem ir à fazenda onde a Filó mora, para comprovar que ela está em seu habitat natural e é livre, para que seja emitido um documento nomeando Agenor como responsável por ela.