Especialista analisa acusações de racismo contra Mari Saad na web
Para entender o que poderia estar em jogo do ponto de vista jurídico, consultamos o advogado Faustino da Rosa Junior
atualizado
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O lançamento da linha de maquiagem Mascavo da influenciadora Mari Saad causou polêmica na última semana. Isso porque, o que deveria ser um momento de celebração virou centro de uma discussão acalorada sobre diversidade e representatividade.
Apesar dos elogios à qualidade das fórmulas, muitos internautas criticaram a linha por seu número limitado de tonalidades, o que, segundo eles, falha em incluir peles mais escuras. Diversas influenciadoras digitais negras, que são referências no mundo da beleza, compartilharam sua frustração.
Nos últimos dias, o caso atraiu tanta atenção que especialistas começaram a analisar as possíveis implicações legais. Para entender o que poderia estar em jogo do ponto de vista jurídico, consultamos o advogado Faustino da Rosa Junior, especialista em Direito Digital e Constitucional. Ele explica que, embora as redes sociais tenham “julgado” Mari Saad, um processo judicial formal por racismo é improvável.
“No direito brasileiro, o crime de racismo exige a intenção clara de discriminar ou inferiorizar uma raça ou etnia. No caso da Mari Saad, não vejo evidências de que esse critério foi atendido”, esclarece Faustino
Ele acrescenta que, embora a repercussão seja intensa, muitas vezes o julgamento nas redes é impulsionado pela emoção, nem sempre condizendo com a realidade jurídica.
Diante da situação, Mari Saad logo se pronunciou em um vídeo nas redes sociais. Em um gesto de vulnerabilidade, a influenciadora assumiu a responsabilidade e pediu desculpas por não ter considerado a inclusão de toda a gama de tons de pele em sua linha.
“Eu sei que existe uma grande dor e frustração acontecendo. Antes de qualquer coisa, eu sinto muita culpa e vim aqui para assumir todas as minhas responsabilidades. Quando lancei a Mascavo e não incluí toda a cartela de peles negras retintas, falhei com vocês e com tudo o que acredito”, desabafou Saad, reforçando seu compromisso em corrigir a falha e trabalhar por uma representação mais inclusiva em seus produtos.
Para Faustino, essa postura de reconhecimento e de compromisso com a mudança é fundamental para amenizar o impacto do erro.
“Em minha análise, estamos lidando com um julgamento virtual, onde a repercussão é grande, mas do ponto de vista jurídico, os elementos para uma acusação formal de racismo não estão presentes. O pedido de desculpas e o comprometimento em mudar são passos importantes para mitigar o impacto do erro”, explica o advogado.