Denise Fraga recorda últimos momentos da mãe: “O dia do vazio”
Wilma Fraga faleceu na quarta-feira (8/1), aos 83 anos, após passar um período em cuidados paliativos. A atriz fez um desabafo no Instagram
atualizado
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No dia seguinte à perda da mãe, Denise Fraga resolveu fazer um desabafo nas redes sociais. Através do Instagram, nesta quinta-feira (9/1), a atriz recordou os últimos momentos de Wilma Fraga faleceu, na quarta-feira (8/1), aos 83 anos, e contou que ela estava em cuidados paliativos.
“Que que vai fazer te fazer feliz? Pensa. ‘Risole de camarão!’. Encomendei os risoles e umas cervejas. ‘Quer um copinho?’. E os olhinhos brilharam de novo. Nos últimos tempos, fiz tudo por esses instantes de brilho”, começou ela.
E continuou relatando: “No último ano, minha mãe foi internada oito vezes. Me despedi dela achando que não teria dia seguinte por quatro delas. Fênix exuberante, guerreira incansável, sempre surpreendente e rebelde, quase me fez acreditar na sua imortalidade”, recordou, antes de completar:
“Depois de tudo que me ensinou na vida, aprendi também com ela que viver o processo da morte de alguém pode conter muita vida. E, ainda, beleza. Não sabia que tinha nome: cuidados paliativos. Palio é aquele manto que é colocado sobre as costas dos cavaleiros que chegam da batalha. Daí vem. É o conforto na reta final. E, porque não dizer, prêmio por ter lutado”, declarou.
Logo depois, ela contou como foi a despedida: “É possível ainda se despedir de prazeres, ver coisas bonitas, sentir gostos e cheiros, pensar no que se fez, abrir conversas que nunca se teve, inventariar memórias, pedir pra ela contar de novo aquela história engraçada e rir junto, apesar do fim. Agradeço a lucidez da minha mãe até o final, que nos fez viver esses momentos juntas. Agradeço a todas as pessoas que cuidaram da minha mãe, seus filhos emprestados, minha família e todas as pessoas que se empenharam em retribuir a energia e alegria que ela espalhava por onde quer que passasse”, escreveu.
Na sequência, Denise Fraga lembrou os últimos momentos que viveu ao lado da matriarca de sua família: “Nessa reta final, minha mãe teve alguns pequenos e preciosos delírios. Num deles, pediu que escrevessem em seus braços em agradecimento às pessoas. Não fizemos exatamente isso, mas a imagem dessa mulher enterrada com a gratidão escrita à caneta nos braços estará pra sempre gravada na minha memória. Era mesmo agradecida à vida que teve, a ter escolhido a intensidade, a coragem, a alta voltagem, o fascínio pela existência”, definiu.
A atriz ainda falou sobre a perda: “Hoje é o dia seguinte, o dia do vazio, da inflamação da amputação. Me dei conta de uma coisa muito simples que ontem, na agitação da hora, e por estar preocupada em narrar incessantemente os feitos absurdos da fênix, realmente não dei: vou sentir muita, muita saudade dela”, afirmou.
No fim, ela revelou: “Quando disse isso a ela numa das despedidas, ela me disse: ‘Mas aí não vai ter mais distância. Não vai ter mais Rio e São Paulo. Não vai ter mais mundo. Não vai ter mais distância pro nosso amor. Não vai mesmo. Sinto que, aos poucos, a falta dela vai virar completude minha. A mulher da minha vida vai estar amalgamada em mim”, encerrou.
A notícia da morte
A atriz Denise Fraga, de 60 anos, usou as redes sociais para lamentar a morte da mãe, Wilma Fraga, aos 83 anos. Ela publicou uma imagem da matriarca no stories do Instagram na manhã de quarta-feira (8/1) e escreveu uma declaração emocionante. O motivo da morte não foi divulgado, mas em junho a famosa afirmou que a mãe sofria de um enfisema.
“Depois de muitos ensaios de despedida, a mulher da minha vida faz finalmente a sua estreia como estrela. Prepare-se pra tamanho brilho”, escreveu a atriz. Segundo a própria Denise Fraga, Wilma estava em tratamento paliativo há seis meses.
Em junho, Denise Fraga fez uma postagem para celebrar o aniversário de 83 anos da mãe, Wilma. Na época, ela relembrou momentos íntimos vividos em família e chegou a comentar que a matriarca havia sido internada duas vezes em menos de dois meses. De acordo com a própria atriz, a mãe sofria de um enfisema, que estava avançando.
“Minha mãe se fingia de morta. Éramos crianças. Chamávamos por ela e ela continuava ali, inerte, no sofá. Quando estávamos prestes a chorar, ela acordava com uma gargalhada divertida, rompendo com o nosso possível desespero. Fomos nos acostumando com a brincadeira. Brincadeira de péssimo gosto, eu sei. Mas, na época, eu não sabia nem o que era gosto. Acabava achando divertido”, comentou Denise Fraga, em junho.
“Mas nunca falamos sobre isso [a morte], nem institucionalizamos a brincadeira como Teatro. Eu cumpria bem o meu papel. Queria que ela acreditasse que eu ia chorar muito se ela morresse. E ia. E vou. Um dia, ela esticou um tanto mais o tempo e eu realmente acreditei. Gritei de verdade. Ela acordou sem rir. Me abraçou, terna, como se eu lhe tivesse feito uma grande declaração de amor”, seguiu a famosa.
Em seu relato, Denise Fraga afirmou que as brincadeiras da mãe serviram como “treinamento” para sua partida real. “Nesses últimos tempos, tenho me lembrado muito de sua brincadeira de morrer. Precisou ser internada por duas vezes em um mês e meio. Como era de se esperar, tem um enfisema grave. Nas duas vezes, quase foi entubada e, nessa última, fomos chamados para decidir se sim ou se não”, disse.
A família optou por não entubar a mãe. “Com todas as comorbidades que ela tem hoje, dificilmente sairia do tubo. Ela já tinha nos dito, várias vezes, que não queria ser mantida viva artificialmente. Dura decisão. Minha mãe não conseguia mais respirar sozinha. Decidimos, eu, ela, os médicos e meu irmão, que não. E iniciou-se o tal processo de cuidados paliativos”.
Apesar do estado grave de saúde, Wilma Fraga voltou para casa. “Seu enfisema avança, bem sabemos. Mas seu corpo quer viver, apesar de tudo. Em suas últimas internações, cheguei a chorar despedidas e a Bela Adormecida veio me abraçar novamente. Sei que um dia vamos estrear os treinos de partida que fizemos nessa vida inteira. Como no Teatro, vou me preparando em ensaios para esta estreia difícil”, comentou Denise Fraga, na época.