Claudia Mauro relata assédio na Escolinha do Professor Raimundo
A atriz, que interpretou Capitu no programa da TV Globo, revelou que o homem chegou a oferecer dinheiro para ela aceitar as investidas
atualizado
Compartilhar notícia
Claudia Mauro, que fez sucesso na década de 90 com a personagem Capitu na Escolinha do Professor Raimundo, da TV Globo, relatou que sofreu assédio nos bastidores do programa.
Em um bate-papo com a revista Caras, sem revelar o nome da pessoa, ela revelou: “Eu tive um assédio bem [grave]. Já estava casada com o Paulo César [Grande] e ele já faleceu”, recordou, antes de completar:
“Um ator cismou comigo num grau… ele ligava lá em casa com convite para sair. Teve uma vez, em uma carona, que ele falou: ‘Eu te pago, quanto você quer para ficar comigo?'”, detalhou a atriz e bailarina.
De acordo com Claudia Mauro, o artista em questão fazia apenas participações no humorístico e fazia parte de outra geração: “A pessoa envelhece, mas por dentro ela continua sendo o que sempre foi”, declarou.
Ela também aproveitou para opinar sobre sua personagem, Capitu. Para a atriz, ela representava a objetificação da mulher, sempre tida como “gostosa e burra”. Claudia Mauro comentou, ainda, sobre outros episódios de assédio que viveu entre seus 19 e 20 anos, inclusive no meio da rua.
“[Sofria] assédio direto, nossa. Nunca tomei medida, a gente nem via dessa maneira. Mas, já fui fazer teste para filme que o diretor falava: ‘Dá uma viradinha, por favor’. Outro já falou: ‘Tem namorado?’. O homem se sentia no direito e ninguém fazia nada, tinha mulher que nem respondia”, lembrou.
Outra denúncia de assédio na TV Globo
Vira e mexe algum ator ou contratado da TV Globo relata um episódio de assédio do qual foi vítima ou que tenha testemunhado nos corredores da emissora. E aconteceu de novo: o ator André Pimentel, que está no elenco de Todas as Flores e estreou na companhia da família Marinho em 1992, na minissérie Anos Rebeldes, viveu isso na pele.
Em um bate-papo exclusivo com o colunista Marcos Bulques, do Conexão Entrevista, o artista relatou que seu início da Vênus Platinada foi muito tenso e repleto de momentos constrangedores, nos quais se viu pressionado a aceitar as investidas dos chefões.
Mas antes de relatar essas situações, André recordou como ficou feliz em ser escolhido para a trama: “Eu era muito fã de Malu Mader e Cassio Gabus Mendes, eram meus ídolos. No dia da estreia, que foi na casa da Malu, o Gilberto [Braga] veio me cumprimentar [pela atuação]”.
Ao ser questionado sobre o convívio com todos os envolvidos na minissérie, o ator revelou ter sentido que havia sido escolhido por outros motivos: “O clima dos bastidores era muito bom, mas me sentia muito tenso, me sentia cercado, além de muito cobrado, tinha muita expectativa sobre mim, [dava a impressão de que] eu não estava ali exatamente pelo meu talento não, sabe? Que tinha mais coisas por trás e eu não sabia o por quê”, desabafou.
E seguiu: “Não era uma coisa explícita, tinha ali nos bastidores um clima de assédio mesmo. [Era como se dissessem] ‘olha, se você não fizer determinadas coisas, você não vai ter continuidade aqui’. Eu era abordado pelos corredores mesmo. Não era uma coisa muito velada não”, recordou.
Sobre a pessoa que o assediava, sem citar o nome, ele descreveu: “Era quem mandava ali. Era um diretor. [Me sentia] totalmente impotente. A vontade que eu tinha era de sair, ir embora, só que eu não podia fazer isso. Eu nunca tinha tido um contrato na minha vida”, comentou.
André definiu como se sentiu na ocasião: “O problema do assédio é que te deixam numa sensação de incompetência […] na hora você fica pensando: o que é um ator e se um ator pode ser também um prostituto”.
E as investidas do chefão não pararam na primeira tentativa: “Essa mesma pessoa que me assediou foi uma pessoa que foi muito gentil comigo depois. Eu achei que estava tudo esquecido e, de repente, começou tudo de novo. Foi o mesmo processo”.
Por conta da insistência e dos episódio, André mudou seu comportamento e contou que precisou de terapia: “Eu virei uma pessoa extremamente na defensiva com tudo, uma pessoa extremamente insegura. Quando me chamavam para alguma coisa, eu sempre ficava pensando: Será que vai acontecer? Será que vou ter que passar por isso de novo?”, questionou.
O ator deu detalhes das emoções que se passavam dentro dele após ser assediado: “Eu tinha muita vergonha. E fora que eu achava que essa pessoa [o diretor] tinha contado para todo mundo que eu tinha transado [com ele, o diretor], sabe? Eu sentia isso no ar. Sabe quando os câmeras te olham com desdém? Era uma coisa muito esquisita”, definiu, antes de completar:
“Hoje em dia, todo mundo tem todo direito de não acreditar [nessa entrevista] porque passaram muitos anos, [mas] isso faz parte da minha história. […] Eu não quero falar o nome dessa pessoa [assediador], mas se você for ver o histórico sentimental dessa pessoa, é uma pessoa extremamente infeliz. Se você for ver a relação dela com as drogas, a relação dela com o mundo, então eu fico pensando que no final das contas eu não me prostitui e estou muito bem”.
Ele ainda disse que chegou a desistir de ir atrás dos trabalhos: “Isso me atrapalhou? Me atrapalhou por dentro. Eram cinco, seis cabeças [diretores] que mandavam e infelizmente foi uma dessas cabeças que cismou com a minha cara. O assédio te destrói por dentro. Eu era uma pessoa que queria desbravar o mundo e virei uma pessoa indolente. Eu virei uma pessoa que não queria ir mais atrás, porque eu pensava: será que vale a pena?”.
André comentou também que a atriz Débora Duarte teria percebido o assédio que estava sofrendo e que deu apoio a ele: “A Débora Duarte percebeu tudo que estava acontecendo e me ‘pegou no colo’. Eu sou muito grato a ela, porque ela percebeu o que estava acontecendo e [então] ela falou: ‘Que legal que você não cedeu’. Porque em Pátria Minha eu fui humilhado na frente de todo o elenco”, contou.
E deu mais detalhes: “Esse diretor me expos para todo mundo ali: ‘Você não vai sair comigo mesmo, não?’. Eu acho que ele falou num tom para as pessoas acharem que era de brincadeira. Eu, com muita raiva, falei não! [Por isso], ele me mudou, me colocou em um ponto cego da cena, onde nenhuma câmera ia me pegar [na hora das gravações de Pátria Minha]. Era bem pesado”.
O tal chefe seguiu insistindo: “Isso foi intensificando porque eu não sorria para ele, não o cumprimentava, [peguei] nojo profundo. Eu dava graças à Deus quando não era ele que me dirigia. Quando não era ele, tudo corria bem, até que um outro diretor me disse: ‘André, o que está acontecendo? Você está jogando fora uma grande oportunidade. Você é irmão do Felipe Camargo e do Zé Mayer’. Eu estava apático”, relembrou.
André Pimentel hoje trabalha como professor de teatro em Macaé, no Rio de Janeiro, e, eventualmente, faz participações em produções na televisão. No fim da entrevista, ele pontuou o que aprendeu com tudo isso: “Eu sempre falo que não vale a pena [se prostituir] porque você não vai alcançar estrelato desse jeito”.
Ele ainda revelou seus planos para o futuro: “Estou reaquecendo minha carreira, tirei novas fotos, estou com 57 anos. Não tem tanto coroa assim no mercado. Alguns ex-alunos meus estão entrando para a direção e estão querendo que eu trabalhe com eles. Vou fazer um curta. Eu nunca parei”, encerrou.