Chamado de “bicha” por Cariúcha, assessor rebate: “É desrespeitoso”
O jornalista Rafael Gomes bateu um papo exclusivo com a coluna, após ser citado pela apresentadora em uma entrevista para Blogueirinha
atualizado
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Não é de hoje que Cariúcha afirma que todas as pessoas que trabalham com ela são do “vale” [apelido usado carinhosamente pela comunidade LGBT a um lugar imaginário onde todos viveriam juntos] e que só trabalha com “bichas”. E a apresentadora do SBT voltou a falar sobre isso durante um bate-papo com blogueirinha, na última segunda-feira (29/7).
Só que desta vez, seu ex-assessor de imprensa, Rafael Gomes resolveu rebater as declarações. Após fazer um desabafo nas redes sociais, o jornalista conversou sobre o caso com a coluna Fábia Oliveira, com exclusividade.
“Na entrevista, ela [Cariúcha] contou que eu fui assessor dela e falou do trabalho que foi feito. Realmente, passamos muitos anos juntos e somos amigos, só que eu não quero ser tratado da forma como ela está me colocando: ‘O meu assessor gay, as bichas'”, explicou ele.
Em seguida, Rafael Gomes rebateu e revelou os motivos de ter se incomodado: “Porque eu sou profissional, eu sou formado, tenho diploma, sou jornalista, tenho uma carreira e um trabalho, assim como as outras pessoas que trabalham com ela. A gente tem nome e sobrenome”, disparou, antes de completar:
“Acho que para todo homem gay é muito desrespeitoso ser colocado nessa prateleira que, na verdade, nenhum homem gay deveria aceitar. Outros profissionais que trabalham com ela são tratados assim: ‘Meu advogado gay, meu médico gay, meu amigo gay’. E as pessoas têm nome, têm história, têm profissão”, pontuou.
Logo depois, o ex-assessor de Cariúcha seguiu com seu relato: “E o sujeito não é o gay, é quem ele é. E por mais que ela tente se incluir dentro da comunidade LGBT, fazer parte disso, até acredito que seja uma bandeira verdadeira, ela tem bandeiras próprias, como uma mulher negra que sofreu racismo, passou dificuldades periféricas. Eu acho que ela nem precisava dessa bandeira para tentar se enaltecer ou se divulgar”, analisou.
E continuou: “Porque as pessoas podem gostar dela apesar disso, naturalmente, e ela ter as próprias pautas. Eu sei a dificuldade e tudo o que ela passou para ser inserida na mídia, porque fiquei com ela muitos anos, até 2016, 2017, na época do Pânico. Sei que ela foi recusada muitas vezes, tanto pela mídia quanto por promoters de eventos”, lembrou.
Ainda durante o bate-papo com a coluna, Rafael Gomes afirmou respeitar a história de Cariúcha: “Por ser quem ela é, por falar da forma que ela fala, por ser uma mulher negra, por tudo o que ela passou. Respeito muito isso. Então, da mesma forma que eu sempre a tratei com respeito, sempre vendi o trabalho dela de uma forma respeitosa, também queria que ela me respeitasse”, disse ele.
Na sequência, o jornalista esclareceu: “Há quase 10 anos, eu trabalho em outro nicho de comunicação, com política, e não é legal ter seu nome associado ‘ah, o viado, o gay’. E não é só por isso, é porque eu acho que a gente luta tanto para ser respeitado, pra ser incluído, pra estar dentro dos espaços naturalmente sem precisar ser tratado dessa forma jocosa, que eu achei feio”, comentou.
E encerrou: “Quando as pessoas me falaram que ela falou de mim, achei legal. Quando fui ver, era isso ‘minhas bichas, meus viados, assessor bicha’. Eu tenho carreira, tenho nome, não preciso ser colocado nessa prateleira, dessa forma. Se outras pessoas se propõem a aceitar isso, tudo bem, não tem problema, mas eu não não me proponho, nunca me propus e não vou me propor”, detonou.
Entenda o caso
O desabafo de Rafael Gomes foi causado pela declaração de Cariúcha. Ao ser questionada sobre uma suposta assessora que teria falado por ela, ela afirmou que essa pessoa não a representava e falou do jornalista.
“Meu primeiro assessor desde que eu era Garota da Laje era o Rafael Gomes, que é a bicha. Eu só trabalho com viado. Aí, essa bicha, Rafael Gomes, foi meu primeiro assessor, em 2009, quando eu não tinha dinheiro e ele me assessorou, ficou comigo anos”, contou ela, antes de completar:
“Depois entrou o Irinaldo, que é outra bicha. Então, eu só tive duas gays assessoras. Eu não tive assessora mulher. É só viado que trabalha comigo, é só o vale”, garantiu.
Blogueirinha, então, quis saber o motivo de a apresentadora só querer “pessoas do vale” com ela: “Porque eu sou a mãe das gays, porque eu tenho mais afinidade com as bichas. Eu gosto de trabalhar com bicha porque ela me traz pra realidade, me dá dois tapas na cara [e fala] ‘querida, acorda. Você não é a Xuxa’. As bichas acabam comigo e eu gosto disso, me trazem pro mundo real”, relatou.
Após ver essa declaração de Cariúcha, Rafael Gomes compartilhou o momento e escreveu: “Eu quero entender até quando os homens gays vão se colocar nessa prateleira para serem incluídos? Eu nunca aceitei esse papel de ‘bicha assessora’, ‘bicha amiga carregadora de bolsa de famosa’. Pelo contrário, sempre fui um p*ta assessor de imprensa, que deu visibilidade, construiu carreiras e lançou marcas no mercado”, postou ele.
E continuou com seu desabafo: “E, para isso, foi necessário muito estudo, conhecimento e network. Gosto que sempre lembre de mim nas entrevistas, Cariúcha, mas não me coloque nesse lugar. EU fui o estrategista que ajudou a te colocar nos holofotes. Respeite minha história”, pediu.
E finalizou: “E outra: da forma que você coloca, parece que, na verdade, me ajudou. E, pelo contrário, eu perdi muitas oportunidades porque acreditei no seu talento”, recordou.
Rafael Gomes contou que, após fazer o desabafo nas redes sociais, Cariúcha o procurou e afirmou que ele “entendeu errado” suas falas.