Caso Djidja: polícia revela quem apresentou a cetamina à família
A informação foi confirmada ao G1 pelo delegado Cícero Túlio, responsável pela investigação da morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido
atualizado
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A cada dia que passa da investigação da morte suspeita de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, novas informações vão aparecendo. E a notícia da vez foi que o responsável por apresentar a cetamina para a família da empresária foi o próprio irmão, Ademar, que está preso desde o fim do mês passado.
O delegado Cícero Túlio, responsável pelo caso, conversou com o G1 e contou que o rapaz conheceu a medicação, usada pela seita Pai, Mãe, Vida, durante um tratamento contra dependência química que fez em Londres, na Inglaterra.
Segundo ele, os familiares de Djidja já tinham contato com outros entorpecentes antes de Ademar viajar. Ao retornar para Manaus, ele teve contato com um casal que teria lhe apresentado a cetamina em pó.
“A partir de então, ele e seus familiares começaram a fazer uma espécie de experimentação para descobrir qual seria a melhor forma de utilização [da cetamina], visando render mais aplicações e consumo. Foi assim que chegaram à forma de aplicação subcutânea, que permite a injeção do medicamento diretamente no tecido que fica abaixo da camada superficial da pele e acima do tecido muscular”, detalhou Cícero Túlio, em conversa com o portal de notícias.
Ainda de acordo com as investigações, além de fazer uso da droga, Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja e de Ademar, começou a realizar uma espécie de culto onde fazia uma interpretação equivocada da doutrina apresentada no livro Cartas de Cristo.
Com isso, ainda segundo o site, eles passaram a chamar outras pessoas, principalmente funcionários do salão de beleza de Djidja a participarem do grupo religioso, que tinha na cetaminha uma portal para alcançar uma falsa plenitude espiritual.
Os policiais descobriram, ainda, que os rituais eram realizados dentro dos salões de beleza e na residência da família. Durante algumas vistorias nos imóveis foram encontrados ampolas de cetamina, dezenas de seringas e agulhas.
Em suas redes sociais, Ademar Cardoso se apresentava como uma espécie de “guru” que poderia ajudar as pessoas a “sair da Matrix”, que seria ir para o “plano superior”. Atualmente, seu perfil no Instagram está fechado.
Vídeo mostra últimas horas de Djidja
A morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, ainda está dando o que falar, principalmente na Justiça. No último domingo (9/6), novas imagens da jovem, que foi encontrada morta aos 32 anos no dia 28 de maio, mostram suas últimas horas com vida. Os vídeos foram filmados pelo ex-namorado de Djidja, Bruno Lima, que está preso.
Em uma gravação na noite de 27 de maio, o rapaz aparece pedindo para que a ex-sinhazinha entregue o frasco de cetamina que está segurando, mas ela se recusa.
Já na madrugada do dia 28, data de sua morte, Djidja Cardoso aparece procurando a tampa de uma seringa na cama, já bastante debilitada. Ao ver a cena, Bruno pede para que ela vá dormir e dispara: “Eu tentei te salvar”, disse ele.
Djidja Cardoso morreu horas depois dos vídeos feitos pelo ex-namorado. Seu corpo foi encontrado por Bruno em outro cômodo. A moça de 32 anos representou a sinhazinha do Garantido no Festival Folclórico de Parintins entre 2015 e 2020, quando se aposentou da arena.
Prima de Djidja detalha “ritual da cura”
A seita formada por familiares e amigos de Djidja Cardoso fez um “ritual da cura” horas antes da morte da avó da ex-sinhazinha do Boi Garantido. Foi o que revelou uma prima da empresária durante entrevista ao Fantástico, exibida no último domingo (9/6).
A mulher, que preferiu não se identificar, contou ao Fantástico como a matriarca da família Cardoso morreu após receber anabolizantes e outras drogas.
“Cleusimar [mãe de Djidja] fez o ritual da cura, ela expulsou todo mundo da casa da minha avó. E nesse ritual eles aplicaram uma bomba, e deram maconha para minha avó. Para fazer medicação, para ela meditar. Às 3h da manhã do dia 29 minha avó teve um AVC”, recordou.
A prima da ex-sinhazinha contou como a avó acordou no dia da morte: “Ela chamou minha tia que estava dormindo. E quando ela levantou, ela reclamou de muita dor de cabeça e ela caiu nos braços da minha tia”, disse.
Após a notícia da morte da mãe, uma irmã de Cleusimar enviou uma mensagem pedindo para que ela parasse com os entorpecentes: “Cleuse, que sirva de lição minha irmã, para de usar droga!”, suplicou a mulher.
A prima de Djidja contou, ainda, que a tia continuou afirmando que traria a mãe de volta: “[Falava] ‘Pai, mãe, vida, cura. É só todo mundo orar que ela vai ressuscitar, que ela vai viver. Vocês não têm fé’. Sendo que ela já estava enterrada”, detalhou.
Depois de perder a avó, familiares de Djidja foram à polícia e fizeram uma denúncia de cárcere privado. Segundo a reportagem, eles queriam tirar a ex-sinhazinha da casa e ajudá-la a se livrar das drogas. Os agentes, porém, foram ao local, mas ela se recusou a sair.
“Foi quando, inclusive, nós criamos um grupo no WhatsApp que se chamava Salvamento da Djidja. A nossa intenção era a polícia e o Samu verem o estado em que ela se encontrava e levassem. Mas, infelizmente, ela disse que não queria ir”, lamentou.
Na mesma reportagem, o delegado Cícero Túlio, responsável pela investigação do caso, revelou que a família de Djidja queria abrir um estabelecimento comercial para facilitar a compra da cetamina, anestésico com o qual ela gastava boa parte da renda do salão de beleza que mantinha em Manaus.
“As conversas mantidas e que foram objetos de análise durante a quebra de sigilo de dados telemáticos apontam que existia um interesse daquele grupo familiar, daquela seita, em realizar a abertura de uma clinica veterinária para facilitar a compra desse tipo de material”, apontou.