Caso Djidja: ex-personal detalha comportamento de membros da seita
Hatus Silveira prestou depoimento à polícia na terça-feira (4/6) e contou que foi drogado por um familiar da ex-sinhazinha sem consentimento
atualizado
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A polícia continua ouvindo as testemunhas do caso da morte suspeita de Djidja Cardoso. E um dos depoimentos mais recentes foi do ex-personal da família, Hatus Silveira.
O profissional de educação física esteve na delegacia na terça-feira (4/6) e, antes de falar com as autoridades, falou com a imprensa. Ele revelou como era o comportamento dos membros da seita e ainda relatou que foi drogado por um familiar da ex-sinhazinha sem consentimento.
“Nesse dia que eu fui lá, tinham sete pessoas sentadas na sala, com uma TV escrito Cartas de Cristo. Quando passei por lá, a dona Cleu falou ‘você tem que usar isso, você tem que sair da Matrix’. Eu falei que conhecia esse tipo de droga e que não ia usar”, lembrou o rapaz.
E completou: “Quando eu estava conversando com o Ademar, eu estava de costas e chegaram com a agulha e aplicaram em mim. Muito rápido. Eu falei: ‘Não faça isso’. Eu fiquei tonto por uns 15 minutos”, contou ele.
No fim, o personal relatou que os familiares de Djidja Cardoso, incluindo ela, não tinham condições de treinar: “Quando eu vi todo mundo naquela situação, não conseguiam treinar, não conseguiam nem fazer um agachamento. Eu falei: ‘tenho que me afastar disso aqui. Está todo mundo drogado, já estão se prejudicando, eu vou embora daqui'”, garantiu.
Ex-namorado revelou detalhes da seita
As investigações da Polícia Civil do Amazonas sobre a morte suspeita de Djidja Cardoso ainda estão a todo vapor. Na última segunda-feira (3/6), o ex-namorado da empresária, Bruno Roberto compareceu à delegacia, em Manaus, prestou depoimento e revelou detalhes sobre a seita comandada pela ex-sogra.
Após ouvir o personal trainer por mais de uma hora, o delegado Cícero Túlio, responsável pelo caso, conversou com a imprensa. Apesar de afirmar que ainda tem muita coisa sendo investigada, ele confirmou algumas informações:
“Foi bem esclarecedor sobre como funcionava esse pessoal. Ele relatou que, efetivamente, os autores administravam uma espécie de seita e que existia uma conduta dessas pessoas direcionada a tentar induzir outras pessoas à utilização da ketamina. Confirmando e corroborando tudo o que já tem no curso do inquérito”, garantiu à reportagem da Rede Amazônica.
Questionado sobre a tatuagem feita por Bruno Roberto, Cícero Túlio revelou: “Ele relatou que tinha feito a tatuagem durante um dos encontros que foi feito na casa dos autores, onde eles firmaram compromisso de todos realizarem essa tatuagem. E que ele já havia remarcado a tatuagem com outra por cima”, contou.
Ainda de acordo com as investigações, o ex-namorado de Djidja Cardoso estava na casa da ex-sinhazinha no dia em que ela foi encontrada morta. Foi ele quem teria acionado a polícia para comunicar a ocorrência.
No dia em que prestou depoimento, o personal trainer chegou acompanhado de um advogado. Ao concluir suas declarações saída, Bruno Roberto e sua defesa não quiseram falar sobre o assunto e saíram sem falar com os jornalistas.
Mãe filmava Djidja e o irmão após uso de entorpecente
Há uma semana, desde que a ex-sinhazinha do Boi Garantido Djidja Cardoso faleceu, muitos episódios envolvendo a família da moça começaram a pipocar. Além da denúncia sobre a existência de uma “seita”, apareceram vídeos feitos pela mãe da empresária, Cleusimar Cardoso, mostrando os filhos sob efeito da cetamina.
As gravações, obtidas pela Rede Amazônica, afiliada da TV Globo, mostram Djidja e Ademar Cardoso “catatônicos”, sem reação. Em um dos momentos, a matriarca da família manda a filha desligar a pia e afirma que ela deu “três seringadas e ganhou superpoderes”. Depois, Cleusimar garantiu que cetamina “não faz mal pra ninguém”.
Em outro ponto da gravação, Ademar Cardoso aparece “rígido” na ponta da cama enquanto a irmã está deitada, imóvel. Na filmagem, a mãe questiona o motivo de o filho “estar duro” e manda que ele se endireite. De acordo com a reportagem, familiares contaram que os três ficavam o tempo todo dentro de casa usando o entorpecente.
Laudo revela detalhes da causa da morte
Na última segunda-feira (3/6), o Instituto Médico Legal (IML) revelou detalhes da causa da morte de Djidja Cardoso. Segundo o documento preliminar, a ex-sinhazinha do Boi Garantido faleceu por conta de um edema cerebral, que afetou o funcionamento do coração e da respiração. A suspeita é de que o uso excessivo de ketamina tenha culminado na complicação, já que a família da moça tinha a droga aliada aos rituais da seita religiosa Pai, Mãe e Vida, liderada por eles.
O laudo aponta “depressão dos centros cardiorrespiratórios centrais bulbares; congestão e edema cerebral de causa indeterminada”, que é uma condição caracterizada pelo inchaço no cérebro. No entanto, o IML não explicou o que poderia ter desencadeado o problema.
O resultado final da necropsia e o exame toxicológico deverão ser divulgados até o fim deste mês. As informações são do G1.
A Polícia Civil acredita que a morte de Djidja Cardosa ainda está relacionada a uma possível overdose de ketamina. A substância tem efeito anestésico, causando alucinações e sensação de bem-estar, quando usada de forma recreativa.
Relembre o caso
O nome de Djidja Cardoso continua sendo um dos mais citados na web, depois de sua morte, no último dia 28, em Manaus. Existe a suspeita de que a causa do falecimento tenha sido overdose, depois da Polícia Civil descobrir que a mãe e o irmão da moça lideravam uma seita religiosa, onde praticavam o uso de drogas.
Segundo as investigações, o grupo era comandado pela mãe e pelo irmão de Djidja, que acreditavam ser Maria e Jesus Cristo, respectivamente. A ex-sinhazinha do Boi Garantido seria Maria Madalena. Para alcançar a evolução, eles usavam cetamina ou ketamina, um potente anestésico, que tem a venda proibida no Brasil.
O grupo estava sendo observado há 40 dias. Os agentes afirmam que Djidja possuía uma grande quantidade da substância no corpo, quando veio a óbito. Existe chances de que ela também fazia parte do esquema, além de outros três funcionários da família. Todos estão presos.
A polícia ainda aponta que algumas vítimas da seita foram submetidas a violência sexual e aborto:
“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo religioso”, alegou o delegado responsável pelo caso, Cícero Túlio.
A repercussão da morte da ex-sinhazinha culminou na Operação Mandrágora, que foi adiantada para que os suspeitos fossem presos. Os familiares de Djidja pretendia fugir com as drogas numa mochila, quando foram abordados, na última quinta-feira (30/5).
Abstinência na cadeia
Presos, a mãe e o irmão de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido que morreu no último dia 28, estariam tendo crises de abstinência. Segundo o Fala Brasil, da Record TV, Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso faziam o uso de cetamina, conhecida como ketamina, durante experiências espirituais, em nome da seita religiosa Pai, Mãe e Vida, liderada por eles.
Os familiares de Djidja foram detidos em Manaus na quinta-feira (30/5), ao tentarem fugir com uma mochila cheia de narcóticos e armas de fogo, depois do falecimento da moça. A suspeita da Polícia Civil, que investiga o caso, é que ela tenha tido uma overdose.
A defesa da família Cardoso, comandada pela advogada Lidiane Roque, afirmou que Cleusimar e Ademar eram apenas usuários de drogas, que seita religiosa não realizava sacrifícios e que pregavam, sob efeito da substância, uma filosofia prevista num livro:
“Não existia seita. Não existia envolver funcionários. Nada disso”, justificou a especialista. Outras três pessoas, que prestava serviço para a rede de salões dos parentes de Djidja, também foram detidas.
Além do envolvimento com ketamina, de acordo com o delegado do caso, Cícero Túlio, Ademar foi denunciado por estupro e por induzir o aborto da ex-mulher:
“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si”, esclareceu.
As mulheres eram supostamente mantidas em cárcere privado, nuas, por dias se tomar banho, em nome da seita. Segundo o rapaz, seria em prol de um ritual de purificação. No entanto, relatos garantem que uma delas, foi encontrada sangrando na residência da família Cardoso, sofrendo um aborto. Ela foi apontada como ex-mulher de Ademar.
A partir dessas queixas, a polícia chegou até Ademar Cardoso e sua mãe, Cleusimar Cardoso. A morte de Djidja teria adiantado as prisões, já que eles estavam sendo investigados há 40 dias por tráfico, já que a venda da ketamina é ilegal no Brasil.