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Cantora Xênia França conta experiências com maconha e ayahuasca

Para a artista, o misticismo e os psicodélicos são faces de uma mesma moeda: “É um estado de serenidade e contemplação”

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Cantora Xênia França
1 de 1 Cantora Xênia França - Foto: Reprodução

Xênia França demonstra uma honestidade que a gente gosta de ver nas pessoas. Não abre mão do direito de exercer seu misticismo e fé na humanidade pela lente do amor; ou em outras palavras, sob efeito de substâncias enteógenas. O misticismo e os psicodélicos, para ela, são faces de uma mesma moeda. Em conversa com a Breeza Magazine, que a coluna Fábia Oliveira teve acesso em primeira mão, a cantora Xênia França disse já ter tido contato com três delas: maconha, psilocibina e ayahuasca.

“Como entrar no país dos outros e jogar bomba é permitido, mas a pessoa querer se cuidar, se compreender a partir de um contexto natural é considerado crime? A gente tá em 2024 e isso não faz o menor sentido pra mim.”

Apesar de estar aberta a e já ter tido curiosidade sobre a maconha, Xênia não é usuária da erva. “Não por moralismo, mas porque eu fico rouca.” Esse efeito ne voz da cantora depois de fumar acontecia também depois de usar o óleo”. Xênia fica rouca com cannabis, independentemente da via de uso. “Deve ser alguma substância que tem na planta, ou o fato de eu sempre rir muito quando uso maconha”, diz (rindo), ao fazer essa associação pela primeira vez.

Xênia não é usuária de cannabis, mas defende a legalizaçãoporque o contrário, para ela, não faz o menor sentido. “Em São Paulo todo mundo fuma maconha”, diz a cantora, baiana, mas radicada na capital paulista faz anos. Amiga de todas as experiências místicas “que nos deem a oportunidade de evoluir enquanto ser humano”, ela vem experimentando com a psilocibina.

“Adoro microdose”, conta Xênia, que começou a microdosar em 2020, no início da pandemia, naquele momento em que a maioria de nós surtou um pouquinho e todos procuramos encontrar novas versões de nós mesmos. Talvez isso explique o fato de que o consumo e a autoprodução de algumas drogas durante o confinamento se intensificaram em todas as partes do mundo. Se era para ficar em casa, que pelo menos fosse experimentando com a gente mesmo.

“A proibição é inibidora do prazer, e os psicodélicos te devolvem isso”

Cuidadosa ao entrar no campo das experimentações psicodélicas, a artista primeiro se muniu de muita informação, passou meses estudando como fazer a tal da microdosagem, até que se sentisse segura para começar. “Sempre experimentei sensações muito boas de bem-estar [com a microdose]. Acho que essas substâncias te dão o que você tá precisando. O que eu precisava era me sentir bem comigo e ver como a vida realmente é legal´”.

Se alguém ainda se pergunta se a psilocibina vicia, Xênia é um bom exemplo de que não, ou menos não para a maioria. Depois de terminados os ciclos de microdosagem, ela não volta a pensar a respeito por muito tempo. “Tenho tudo na gaveta de casa, mas não dá mais vontade de usar”, revela a cantora, que não gosta de se sentir presa a algo, seja uma substância ou um ritual, e por isso reveza, abandona e segue experimentando.

O filme Fantastic Funghi, de Paul Stamets, a pessoa que provavelmente mais conhece sobre cogumelos (e por consequência, também sobre psilocibina), a impactou legal – e se você ainda não viu, corre. Se Xênia já não estivesse estudando a respeito, certamente o faria dali em adiante. Na época em que assistiu, o filme ainda circulava pela cena “underground”, um par de anos antes de entrar para o catálogo da Netflix e virar referência não apenas aos psiconautas, mas qualquer pessoa fascinada pelos mistérios da natureza.

Depois de estudar como funciona a microdose e experimentar na pele, o veredito: “Eu acho que essas substâncias são, de maneira controlada, capazes de trazer você para o seu estado natural, que é um estado de serenidade e contemplação”. De fato, a cantora esbanja fluidez. Confortavelmente habitando a si mesma, em uma coisa rara de se ver.

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O ápice da capacidade de me ver como eu realmente sou

Sentir-se parte do todo é o grande lance dos psicodélicos. Diminuir a barreira entre o eu e o outro nos torna mais empáticos, e embora possa parecer papo de hippie, a real é que é bom demais. Xênia também adora dissolver o próprio ego com a ajuda de psicodélicos: “Eu faço parte de tudo isso e eu amo tudo isso.”

Entrar em contato com a grandiosidade da vida, segundo ela, é a oportunidade perfeita para ampliar a criatividade, a comunicação, se reconectar com o universo, se curar. A legalização dessas substâncias seria o caminho ideal se acompanhada, claro, de educação. “Tudo se aprende. A gente é ensinado a jogar lixo no lixo, então também se pode ensinar as pessoas a se relacionarem com elas mesmas.”

Na única vez em que tomou ayahuasca, Xênia preparava o segundo disco e levou papel e caneta para anotar insights. Só que, no processo, nem lembrou que era uma cantora. “Não era sobre o meu personagem. Foi um negócio essencial, quem é você de verdade? Nada a ver com a Xênia, foi muito maior. Parecia que eu tava no colo de uma grande mãe, nunca senti tanto amor na vida.”

Essa sensação de bem-estar integral que se sente no dia a dia da microdosagem, ela também experimentou na sessão de ayahuasca, só que milhões de vezes mais forte. Tanto que por enquanto, ela afirma ter sido o suficiente: “É muito forte pra ficar tomando toda hora.”

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