Cantora vítima de racismo rebate Infraero após nota: “Parem o assédio”
Luciane Dom viu seu caso repercutir e falou sobre violência após ter o cabelo revistado durante embarque no aeroporto
atualizado
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Após expor que havia sido vítima de racismo no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (14/12), Luciane Dom viu o caso repercutir e, mais uma vez, voltou a falar sobre o assunto.
A artista se pronunciou após a Infraero divulgar uma nota afirmando que as câmeras de segurança não registraram seus cabelos sendo revistados. Nos stories do Instagram, no fim da noite, a cantora aproveitou para fazer um novo desabafo e falou sobre assédio e violência.
“Eu sei o que ouvi hoje no scam. Foi tudo muito rápido e sutil. O racismo de todo dia não se vê em câmeras de segurança. Peço que parem o assédio e a repercussão dessa violência. Vamos seguir”, pediu.
A postagem de Luciane é referente ao comunicado do órgão, que informou que “a cantora Luciane Dom foi selecionada aleatoriamente para uma inspeção manual. Após averiguação interna, foi constatado por imagens de câmeras de segurança que não houve inspeção nos cabelos”, começou.
A Infraero relatou, ainda, que não pode divulgar as imagens: “De acordo com a Instrução Suplementar IS 107.001-J, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as gravações feitas por essas câmeras de segurança só podem ser compartilhadas com a Polícia Federal, mediante solicitação de representantes do órgão”.
E continuou: “Um dos procedimentos previstos para garantir a segurança do passageiro e demais usuários, a realização de inspeção de segurança aleatória é prevista na Resolução ANAC nº 515, de 8 de maio de 2019. Destaca-se que os pórticos detectores de metais do aeroporto têm a capacidade de gerar alarmes aleatórios, com acionamento de forma automática ou sob ação do passageiro, para fins de controle de execução da inspeção aleatória”.
O órgão aproveitou para finalizar: “Importante ressaltar que a inspeção de segurança aleatória é independente de origem, raça, sexo, idade, profissão, cargo, orientação sexual, orientação religiosa ou qualquer outra característica do passageiro”.
Entenda o caso
A cantora Luciane Dom afirmou ter sido vítima de racismo no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (14/12). Por meio do Twitter, a artista relatou que seu cabelo revistado no local durante uma “revista aleatória”.
“Acabaram de revistar o meu cabelo no Aeroporto Santos Dumont! Eu to sem chão. Nem sei o que pensar”, escreveu Luciane.
“As coisas nunca são suaves para pessoas como eu. Eu estou no meio da divulgação de uma música minha que sai amanhã, estava feliz, vendo memes, lendo coisas leves que gosto, ai chego no aeroporto Santos Dumont e sou parada por uma ‘revista aleatória’, minutos antes de embarcar pra São Paulo”, contou ela.
“Eu já tinha passado a mala no scanner, e eu mesma já tinha passado no scanner corporal. A mulher me diz ‘tenho que olhar seu cabelo’. Eu olho pra ela aterrorizada com a violência desse ato. Ela chama o superior. Meu dia acabou”, completou Luciane.
Ela ainda lamentou: “Eu trabalho com arte, criando possibilidades e imaginários diferentes, fazendo pessoas sonharem… me fazendo acreditar na mudança. Queria ao menos ter ânimo e cabeça pra continuar divulgando o som e falando o que eu estava falando durante a semana.. queria estar leve! Mas não”.
Quem é Luciane Dom, vítima de racismo
Luciane nasceu em Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro, e iniciou sua carreira musical em 2018. Formada em história pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a artista mostra o ensino teórico da história e da arte através da música.
Seu álbum inaugural foi Liberte esse Banzo, lançado em 2018. Ela ainda é responsável por músicas como Notícia Boa, Si Bu Kre e Kabile.
A cantora já se apresentou ao lado de Bala Desejo, Luedji Luna, Liniker e outros.