“As pessoas que lidem com seus preconceitos”, desabafa Gabriel Santana
O ex-BBB e ator bateu um papo exclusivo com a coluna, onde falou sobre sua bissexualidade, Bruna Griphao e desconstrução da moda. Confira!
atualizado
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No BBB23, Gabriel Santana foi um dos participantes que mais cativou o público com a sua simpatia e gentileza, além de ter causado polêmica por se assumir bissexual. O ator, que ganho destaque na novela Pantanal, da TV Globo, ainda deu uns beijos em Sarah Aline e Fred Nicácio, além de revelar que estava apaixonado por Bruna Griphao. Nesta entrevista, exclusiva para a coluna, o artista fala sobre o reality show, seus projetos pós-BBB e, principalmente, sobre preconceito e como está a sua relação com os brothers. Confira:
Quando é que está a sua vida após o Big Brother Brasil? No geralzão mesmo, com relação a trabalho, projetos futuros.
Ah, graças a Deus está fluindo muito bem. Eu estou gravando um filme no nordeste. E vou lançar uma dublagem para um filme da DreamWorks. E tem alguns projetos que eu ainda não posso revelar, que estão pra sair, na linha de moda também. Fora projetos pessoais meus. Eu quero começar a produzir culturalmente.
Então o seu foco principal continuará sendo nas artes cênicas? Não está pensando em publicidade, marketing ou ser influenciador?
Não, com certeza também é um dos focos, mas como desde o começo a minha meta sempre foi ser ator e eu tentei usar o Big Brother pra potencializar a minha carreira de ator, continuo nesse processo. Porém, a minha carreira como digital influencer também resiste. Recentemente fiz uma publi para uma empresa de cosméticos. Eu acho que eu separo essas duas carreiras, são dois pilares: o lugar publicitário onde eu enquadro o mundo da moda, enquadro minhas redes sociais; e esse lugar da atuação, dos projetos pessoais que eu sou convidado, que eu faço ou que estou começando a desenvolver.
Você falou com relação à moda. Depois que você saiu, virou um burburinho das roupas que você estava usando, do seu novo estilo. E teve muitas críticas também. Como é que você lidou com isso? Você pensou em algum momento mudar o jeito que você estava se vestindo?
Nem um pouco. Eu não não pensei em mudar nenhum pouquinho a maneira que eu me visto. Principalmente nos eventos, porque eu acho que as pessoas estão muito acostumadas a ver os artistas e pessoas vestindo uma moda quase moralista mesmo. E bem segregacionista do que o homem pode vestir, do que uma mulher pode vestir. Quando veem uma figura que tem relevância social, midiática, e ela extrapola, sai um pouco disso, acaba fugindo um pouco desse padrão. As pessoas estão acostumadas. Eu entendo que elas estranhem e que muitas pessoas criticam. Mas, enquanto as pessoas não se sentirem livres, à vontade pra se vestirem da maneira que quiserem, sempre vão ter esses questionamentos. Sempre terão essa barreira preconceituosa. Se eu tenho essa oportunidade, tenho a coragem de fazer isso, eu acho que eu estou ajudando muito nesse processo de desconstrução do que as pessoas eh estão acostumadas a ver. Ninguém é obrigado a gostar, né? Mas acho que todos são obrigados a respeitar e não destilar ódio, não disseminar preconceito.
Você você falou muito de desconstrução com relação à moda. É é um dos objetivos que você tem, passar essa mudança de pensamento quando você se veste de uma maneira diferente dos demais?
Eu acho que tudo que eu utilizo do meu trabalho acaba sendo, de alguma forma uma maneira de desconstrução social, porque eu acho que a arte trabalha muito com isso, a mudança através da sensibilidade, do amor, da estranheza, do diferente, né? Então, no final das contas, tudo o que eu faço artisticamente é pra isso. Algumas vezes mais amoroso, com bons discursos; e outras de uma maneira mais rebelde, pra alfinetar, pra provocar mesmo. A moda entra nesse lugar pra mim. Um lugar de gerar identificação com quem já tem identificação e já se sente representado por isso. E pra quem tem esses preconceitos que não consegue lidar com a modernidade, com as coisas fluindo e evoluindo. Eu uso mesmo pra provocar e as pessoas que lidem com seus preconceitos, sabe? É meio que pra fazê-las sair do armário mesmo.
Sobre preconceito, você teve alguma questão aqui fora, alguém te te desmereceu ou alguma coisa relacionada a isso, já que no programa você assumiu sua bissexualidade?
Sim. Olha, eu devo dizer que acho que eu sempre tive pouquíssimas experiências assim, mas sim. E nesse período pós-BBB principalmente, por conta de algumas roupas que eu fui vestindo, acho que [o preconceito] apareceu um pouco. E esse lugar aparece tanto dos héteros, quanto da comunidade LGBTQIAPN+. Eu ouvi muita coisa de que eu não era bissexual. E é muito doido, porque dizem que eu uso a pauta bi[ssexual] para lacrar, mas na verdade eu sou hétero e tem quem fale que eu sou gay e não tenho coragem de me assumir. Falam que eu digo que sou bi para não ficar feio socialmente.
Ainda sobre o BBB, como está a sua relação com a Bruna Griphao, estão namorando? É amizade? O que rola, de fato, entre vocês?
É amizade, amizade mesmo. Dentro da casa o que a gente mais prezava era a nossa amizade, nosso relacionamento. E digo relacionamento no sentido de relação entre as pessoas. A gente sempre falou que não abriria mão disso. Aqui fora a gente tem se divertido muito. É uma das pessoas que eu mais tenho visto pós-BBB. Temos muito carinho por tudo que a gente viveu no confinamento.
Como ficou a amizade com outros brothers? A Sarah, por exemplo, que foi sua grande amiga no BBB?
Eu e Sarah temos uma particularidade muito incomum que é selecionar, muito bem, o que a gente posta nas redes sociais. Quando a gente sai, se encontra, conversa, a gente não mostra. Mas costumo falar com ela por chamada de vídeo de quase uma hora. Cada amizade é diferente da outra, mas somos muito amigos sim. Nos encontramos sempre, mas longe dos holofotes. Eu também tenho muita afinidade com a Marvvila, de sair junto, de estar junto. De todos, eu tenho mais convivência com a Bruna, a Sarah e a Marvvila. Me dou bem com todos, porém são as que mais eu vejo e encontro.
E seu crush no Fred Nicácio, perdurou aqui fora? Você chegou a conhecer o marido dele?
Eu saí do BBB com uma boa relação com todo mundo. Com um bom relacionamento. Até a Aline [Wirley], que lá dentro [da casa] a gente teve confrontos, eu super encontrei aqui fora. Pedimos desculpas um para o outro e seguimos. Encontro com o Fred Nicácio em eventos, conheci sim o marido dele e achei ele incrível, super gente boa. Mas não teve nada além disso, saí tendo amizade com todas as pessoas.
Você se arrepende da sua participação?
Não. Acho que entrei consciente do que poderia acontecer na minha vida pessoal e profissional. Lá dentro eu não me privei de fazer nada, mas sempre com consciência de que qualquer ato meu poderia mudar muita coisa. Não se iria queimar minha carreira ou algo assim, mas quando a gente é artista, a gente pensa em como nossa imagem pode influenciar na sociedade. Eu tinha responsabilidade artística, eu pensava muito no quanto uma pessoa preta, bissexual e jovem, de 23 anos, seria criticada. Fiz tudo muito consciente. Sei que errei e acertei, mas não me arrependo.