Após polêmica com padre Julio, Thammy Miranda faz live com o religioso
O vereador fez uma chamada para esclarecer tudo o que aconteceu e afirmou que a CPI assinada por ele não citava o nome de Lancellotti
atualizado
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Após afirmar que iria retirar seu apoio da CPI que pretende investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam com moradores de rua e dependentes químicos da Cracolândia, no centro de São Paulo, que tem como alvo o padre Julio Lancellotti, Thammy Miranda fez uma live com o religioso para colocar em pratos limpos o que aconteceu.
Na chamada de vídeo, realizada no Instagram, na quinta-feira (4/01), o vereador afirmou que o documento que ele assinou não citava diretamente o nome do padre e, se tivesse citado, não assinaria.
Assim que começou a conversar com padre Julio, Thammy Miranda desabafou: “As pessoas julgando e maltratando a gente sem ao menos escutar o nosso lado e a nossa versão. Obrigado por esse apoio”, disse.
Em seguida, o filho de Gretchen explicou o que o texto apresentado a ele não citava o religioso: “Quando eu assinei a CPI, em nenhum momento foi citado o nome do senhor, como a gente já falou. Se tivessem me apresentado uma CPI ‘Vamos investigar o padre Julio Lancellotti’, eu jamais teria assinado”, garantiu.
Thammy Miranda aproveitou para elogiar a luta do padre nas ruas da capital: “Porque o trabalho que o senhor faz, que o senhor apresenta, é o que eu faço hoje em dia, que é cuidar de gente, de pessoas. O que eu puder ajudar financeiramente e divulgar, conta comigo”.
Padre Julio agradeceu ao vereador: “A tua gentileza e a tua transparência, eu agradeço muito. É muito importante que mesmo que nos joguem em posições falsas, antagônicas, nós sejamos capazes de romper essas barreiras. Ao invés de fazer muros, vamos fazer pontes”.
E encerrou: “É tão bom estar com você, nos olharmos um ao outro com todo respeito, com toda dignidade para servirmos os nossos irmãos e nossas irmãs. Eu que te agradeço, que Deus te abençoe”.
Na sequência da live, Thammy Miranda contou que foi questionado sobre não ter lido o documento e voltou a afirmar que o texto não citava Lancellotti:
“Muitas pessoas têm falado: ‘Mas você assinou sem ler?’. Não, eu li e postei ainda o projeto que me foi apresentado. Só que ele mudou a finalidade. Hoje ele se tornou uma CPI direcionada ao Padre Julio Lancellotti. Se tivesse chegado de primeiro momento assim, jamais teria o meu apoio e acredito que de outros vereadores também”.
Ele ainda declarou seu total apoio aos projetos do religioso: “A gente vai continuar fazendo esse trabalho junto. Porque quando a gente começa a fazer um trabalho que realmente faz a diferença na vida das pessoas, é como o senhor diz: vem as pedradas e as pessoas querendo parar a gente. Mas a gente não vai parar, a gente vai continuar lutando”.
E encerrou, se digirindo diretamente ao padre: “O senhor é um que toma pancada de todos os lados e tá sempre firme e forte, seguindo no seu propósito. E é isso que eu tomo como inspiração de continuar fazendo o trabalho, independentemente da pancada que venha, visando o próximo”.
Vídeo: Thammy já tinha falado sobre a CPI
Thammy Miranda usou as redes sociais, na quinta-feira (4/01), para esclarecer a sua assinatura na CPI das ONGs, que tem como alvo a atuação filantrópica do padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, na Cracolândia. O filho de Gretchen virou um dos assuntos mais comentados e foi detonado pela postura, já que foi defendido pelo religioso em diversas ocasiões.
Em um vídeo postado no Instagra, Thammy relatou que foi vítima de fake news e que o nome do sacerdote não estava no requerimento. Segundo o vereador, a comissão assinada tinha como intuito proteger os moradores do centro.
“Tenho recebido mensagens sobre uma suposta votação de investigação que não é verdade, mais uma vez estão usando meu nome para divulgar fake news. A comissão que assinei apoiamento tem como intuito proteger os moradores do centro que enfrentam desafios relacionados à saúde e segurança pública na região da Cracolândia”, disse ele na legenda da publicação.
E continuou: “Em nenhum momento, o nome do Padre Júlio Lancelloti foi mencionado, direta ou indiretamente, nesse apoiamento à CPI. Tenho admiração, carinho e gratidão pelo Padre Lancelloti que é exemplo para muitos brasileiros de solidariedade e amor ao próximo”.
Thammy voltou a afirmar ter sido vítima de fake news. “Sempre digo para todos que minha missão como político é cuidar da nossa gente, e quando assinei o apoiamento, era esse meu intuito. Sempre jogo limpo com vocês e continuarei dessa forma, qualquer coisa que não seja divulgada na minha página ou falada através da minha boca, desconfiem, é fake news”, escreveu.
Por fim, o filho de Gretchen destacou que está tomando as medidas cabíveis para a retirada de seu nome e que não apoia o projeto caso o intuito seja atacar o padre Júlio Lancelloti.
“E reitero a vocês, já solicitei a minha assessoria jurídica para fazer imediatamente a retirada do meu apoiamento, pois se o intuito desse projeto é atacar o Padre Júlio Lancelloti, não tem o meu apoio”, encerrou.
Entenda a CPI
Os vereadores da base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na Câmara Municipal de São Paulo articulam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam com moradores de rua e dependentes químicos da Cracolândia, no centro da capital. Um dos alvos da CPI é o padre Júlio Lancellotti, crítico da gestão municipal.
A iniciativa da CPI é do vereador Rubinho Nunes (União), que já foi integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) e presidente da comissão que, no ano passado, propôs as mudanças no Plano Diretor e na Lei do Zoneamento da cidade.
Rubinho afirma que já conseguiu assinatura de 24 vereadores para requerer a instalação da CPI — número suficiente, de acordo com o regimento interno da Casa. Na capital, a Câmara precisa manter, obrigatoriamente, ao menos duas CPIs em andamento e haverá uma janela para a proposição de uma nova a partir de fevereiro.
Segundo o vereador, a proposta é apurar de que forma as ONGs que atuam na Cracolândia oferecem atendimento à população de rua e como interagem com o poder público. Há suspeitas, segundo Rubinho, de que algumas das entidades empregam auxiliares de políticos.