Após drama de Beiçola, atriz desabafa sobre etarismo no meio artístico

Nos últimos dias, o ator Marcos Oliveira foi as redes sociais pedir ajuda devido à sua condição financeira e falou sobre a dificuldade em conseguir novos trabalhos na televisão. De maneira sincera, o intérprete do inesquecível Beiçola abriu o coração a respeito do momento que tem vivido e lamentou não ter recebido novos convites para trabalhar.

A situação do ator traz uma questão ao centro do assunto: por que é que os atores mais experientes têm perdido papéis? A atriz Flavia Magnani, de 49 anos, falou sobre como as redes sociais influenciam nisso, as situações de etarismo no mundo dos famosos e sobre momentos difíceis que viveu em sua vida pessoal.

“Percebo que, hoje em dia, todo ator que quer alcançar o seu lugar, tem que ser influencer, tem que criar conteúdo todos os dias para o público assistir. Existem diferentes motivos para isso e, na minha opinião, pode ser para angariar novos seguidores, manter os que já estão lá, ter reconhecimento e, assim, conseguir mais papéis na TV ou no cinema, mais espaço na mídia… Mas, para ter muitos seguidores, é preciso bastante trabalho, porque criar conteúdo não é fácil. Quando eu comecei a fazer teatro, na década de 90, nós fazíamos rodas de leitura dos clássicos literários. Hoje, as pessoas não se interessam pelos clássicos, o público mudou… Tudo mudou numa velocidade incrível”, disse ela.

Longe da TV desde 2016, Flavia revelou que sofreu uma forte crise existencial.

“Foi muito difícil. Na verdade, achei que nunca mais voltaria e esse pensamento me causava mais tristeza, me deixava ainda mais paralisada com a situação. Pensava: ‘Não adianta tentar, não vou conseguir mesmo’, mas eu nem sabia por onde começar. Quando comecei a fazer TV, existiam quatro emissoras e eu ainda tinha esse pensamento de que precisava delas para trabalhar. Até tinha esperanças. Pouca, mas tinha porque Deus não falha em Suas promessas”, refletiu.

Além disso, ela ainda contou que sofreu um quadro de depressão ocasionado por questões pessoais, mas que se agravou pela situação em que se encontrava profissionalmente. “Não via saída para a minha vida. Fiquei um ano dentro do meu quarto, deitada na cama, olhando para a parede e chorando. Não tenho visto muitas campanhas sobre depressão e da prevenção ao suicídio, mas é muito importante ser falado porque essa doença é uma das doenças mais paralisantes que existem”, disse.

Com sinceridade, a atriz expôs que, finalmente, consegue sentir felicidade ao atuar. “Trabalhava em lugares que eu até gostava, mas não era uma realização profissional para mim. Voltar a trabalhar como atriz, principalmente no audiovisual, não saía da minha cabeça e parecia um sonho muito distante. Quando fui convidada para voltar, foi como um milagre. Conheci pessoas maravilhosas e fiz amizades que espero levar para a minha vida toda. Meus amigos apontam que agora estou mais feliz e que meus olhos brilham quando falo do meu trabalho. Voltar para a TV foi um presente e, literalmente, uma injeção de vida”, assumiu.

Mesmo com todo esse drama pessoal, Flavia revelou que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito por conta de sua idade. “Em meu retorno às telinhas, não senti isso. Em momento algum, se importam com quantos seguidores eu tinha, apenas com o meu talento e com o fato de eu ser parecida com a atriz que viveu a mesma personagem na fase anterior”.

E completou: “Infelizmente, sempre haverá mais papéis de protagonistas para atores de 20 ou 30 anos de idade. Os papéis para pessoas com 45+ são muito mais escassos, a menos que o artista seja muito famoso. É sempre um papel secundário, de uma mãe ou professora da escola… Mas eu vejo uma luz no fim do túnel, principalmente com os premiados do “Oscar” dos últimos anos. Atores com 50+, 60+ e até 70+ com papéis de protagonistas ou coadjuvantes de peso, sendo indicados e/ou ganhando a estatueta. Como Hollywood dita a moda do mundo, eu acredito que isso é o começo de um momento onde os atores mais maduros ganharão mais oportunidade”.