Mobilidade urbana: organizações criticam volta de “carros populares”
Movimentos defensores do uso urbano de trens, ônibus e bicicletas entendem que estimular e financiar o transporte individual é um retrocesso
atualizado
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A coalizão Mobilidade Triplo Zero, nova rede de organizações e movimentos sociais que luta para que a mobilidade seja uma forma de garantir mais democracia e dar voz à sociedade civil, divulgou uma dura nota sobre a intenção de o governo federal lançar um plano de incentivo à retomada do setor automotivo. Hoje, a indústria faz lobby pela volta do chamado “carro popular”, com menos impostos e menos equipamentos.
Por isso, as entidades defensoras da mobilidade urbana sustentável dizem que a ideia é um retrocesso para o cenário atual ainda mais grave do que foi a ação semelhante realizada após a crise de 2008.
Afinal, hoje, reforçam, a sociedade se vê obrigada a defender as causas climáticas com ações eficientes de curto, médio e longo prazo. E lançar um pacote de ações para socorrer a indústria automobilística será um retrocesso sob a ótica da mobilidade urbana sustentável, quando o país perderá a chance de, finalmente, ser protagonista com a narrativa da proteção climática.
Os autores dizem ainda que é fundamental considerar a contradição de ter um discurso amplo internacionalmente sobre o clima, enquanto as políticas internas caminham numa direção completamente díspar, com um pacote estimulante ao transporte individual, que prevê a ampliação das linhas de crédito e reduções tributárias para os fabricantes.
Os autores ainda reforçam que o automóvel é o maior poluidor das nossas cidades. E que o foco do governo, se realmente busca um futuro equitativo e verde, deve ser no transporte público, na mobilidade a pé e por meio da bicicleta.
Precisamos, dizem os autores, de um sistema de transporte com triplo zero: zero emissões, zero mortes e zero tarifa.
A Coalizão Mobilidade Triplo Zero é formada por instituições como a Fundação Rosa Luxemburgo, Idec, Observatório da Mobilidade de Salvador, Observatório dos Trens do Rio de Janeiro, Movimento Passe Livres etc.