Lei Seca: número de mortes por acidentes de trânsito cai
Porém, aumenta o comportamento de beber e dirigir na faixa etária entre 35 e 54 anos e em seis capitais brasileiras entre 2011 e 2023
atualizado
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Nesta quarta-feira (19), a Lei Seca completa 16 anos e o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, (Cisa) antecipa alguns indicadores relacionados aos acidentes de trânsito atribuíveis ao álcool no Brasil. Os dados completos serão divulgados na sexta edição do anuário “Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2024”.
“Acompanhamos com entusiasmo a queda progressiva da mortalidade por acidentes de trânsitos causados pelo consumo de álcool, mas muitos brasileiros ainda bebem e dirigem. Alterações cognitivas e motoras ocorrem mesmo que não sejam percebidas pelo condutor, por isso é perigoso qualquer consumo antes de dirigir”, avalia Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do Cisa.
Entre 2010 e 2022, houve uma diminuição de 22,7% no número de mortes (de 13.911 para 10.747), especialmente entre os homens. Em relação ao ano anterior (2021), observa-se estabilidade nos números.
No entanto, a faixa etária mais impactada mudou. Em 2010, os jovens adultos de 18 a 34 anos lideravam o número de óbitos. Atualmente, a população entre 35 e 54 anos é a mais afetada.
Beber e dirigir: Um outro indicador importante é o comportamento de dirigir após o consumo de bebidas alcoólicas, monitorado desde 2011 pelo Vigitel, levantamento do Ministério da Saúde. A edição de 2023 mostra que 5,9% da população relata beber e dirigir.
Entre aqueles de 35 a 54 anos, observa-se um aumento na prevalência, de 7% em 2011 para 7,8% em 2023.
Além disso, no mesmo período, seis capitais registraram crescimento na condução de veículos após uso de álcool: Palmas (TO), Rio de Janeiro (RJ), Boa Vista (RO), Teresina (PI), São Luís (MA) e Campo Grande (MS). Já em 19 capitais e no Distrito Federal nota-se queda, com destaque para Natal (RN), Recife (PE) e João Pessoa (PB).
”A implementação da Lei Seca estabeleceu uma importante prática, recomendada para outros países. No entanto, a legislação sozinha não muda comportamentos. São necessárias campanhas educativas, fiscalização (como blitzen) e sanções rigorosas para quem descumprir a lei, especialmente onde os indicadores são preocupantes”, alerta Mariana Thibes, doutora em sociologia e coordenadora do Cisa.