Quer ajudar? Veja como se preparar para adotar pets resgatados no RS
Especialistas detalham como os novos tutores podem se preparar para adotar pets que sofreram traumas. Confira!
atualizado
Compartilhar notícia
Até poucos dias atrás, a realidade de alguns cães e gatos era desoladora. Entre as imagens que chamaram a atenção do mundo, diante dos temporais e das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul (RS), estavam animais lutando para sobreviver. Aos poucos, contudo, as notícias acabam revelando um novo capítulo dessa história.
Seja um reencontro acalorado com os tutores, seja a conquista de um novo lar, esses animais começam a respirar aliviados. Esta semana, por exemplo, 25 cachorros chegaram à capital federal para conhecer seus novos companheiros. Sim, depois de resgatados e levados para abrigos ainda no estado gaúcho, os pets foram encaminhados para um processo de adoção responsável em diferentes estados da federação, incluindo o Distrito Federal.
Os novos moradores de Brasília vieram em caixas de transporte devidamente catalogadas e já com a adoção definida, além de terem recebido vacinas. Contudo, se o processo natural de adoção requer cuidados e atenção especial, nesse caso, as exigências são redobradas. Afinal, são animais que passaram por momentos traumáticos.
“Esses animais precisam de muito amor, carinho e atenção. Eles passaram por uma situação de vida ou morte, uma questão de sobrevivência. Muitos perderam seus tutores ou foram afastados de outros animais que conviviam. Muitos podem vir com traumas, como o medo da água, medo de morrer de fome, medo de pessoas, até de outros cães. Cada um vai ter sua percepção diante do que passou nesses últimos dias”, explica, ao Metrópoles, Ana Guiomar Schultz, médica-veterinária integrativa.
Para os novos tutores, a primeira orientação de Guiomar é ter paciência. “Tudo deve ser reintroduzido aos poucos, sempre com reforço positivo. Nunca com punição”, acrescenta.
Antes de tudo
Antes de receber os pets em casa, a veterinária esclarece que os tutores precisam ter certeza de que desejam adotar aquele animal. “Estamos em um momento de muita comoção, que todos querem ajudar, mas será que estamos prontos para receber um pet em casa?”, questiona.
Além dos custos recorrentes com alimentação, camas, brinquedos, coleira e visitas ao veterinário, há que ter em mente situações emergenciais e no tempo que aquele bichinho demandará com passeios e brincadeiras. “Também devemos lembrar que esse pet vai conviver conosco por anos. Isso é muito importante, pois não vejo as pessoas preparadas para lidar com animais idosos“, pontua Guiomar.
Chegada em casa
“O pet deve ser recebido em um ambiente tranquilo, seguro e limpo”, define a veterinária. Por isso, devem ser retiradas plantas tóxicas; deve-se usar produtos de limpeza apropriados para pets; tomar cuidado com janelas, sacadas, piscinas e escadas. “É importante que o animal explore todo o ambiente”, complementa.
Além disso, os animais de estimação gostam de rotina, porque isso traz segurança, então é importante estabelecer horários para as refeições e para os passeios. “Nos primeiro dias, provavelmente ele vai querer ficar mais quieto, recomendo que deixe ele quieto se assim ele quiser, ofereça a comida nos horários estipulados e leve ele para passear. Pode chamar para brincar também, mas pode ser que ele não queira nos primeiros dias, não se frustre. Por ser um mamífero, ele gosta de estar próximo e não isolado, no momento que ele estiver preparado vai se aproximar”, explica.
Se houver outro animal em casa, a recomendação é que haja uma apresentação deles em um ambiente neutro, e, nos primeiros dias, pode ser necessário separá-los nos momentos em que estiverem sozinhos. “Se o animal for um gato, essa etapa é um pouco mais longa. O animal que chega deve ficar em um ambiente restrito da casa, na sequência os animais devem se ver, utilizando uma caixa de transporte, porta de vidro ou grade, por último estarem soltos no mesmo ambiente”, pontua a veterinária.
Cuidados com a saúde
É importante também que esses animais sejam levados ao veterinário para um check-up. “Além da avaliação clínica, são necessários testes de diagnóstico para toxoplasmose e leptospirose, zoonoses principais que podem contrair por meio do contato com a água e a lama contaminada”, salienta Bruno Alvarenga, professor de medicina veterinária do CEUB.
Alvarenga também destaca que os pets podem ter alguma doença ou desordem preexistente. “Por isso, a importância de um check-up completo, com exames de sangue, fezes, urina e ultrassom abdominal, para que a família consiga, desde o início, ter um parecer amplo da condição de saúde do animal”. Vale confirmar ainda o nível de cobertura vacinal, sendo essencial se atentar para a polivalente e a antirrábica.
Sobre o estado emocional do pet, Alvarenga acrescenta que, caso o carinho com reforço positivo não seja suficiente durante o novo condicionamento, os tutores podem recorrer aos especialistas para administrar fármacos ou outros tipos de tratamento. “É importante observar alterações como perda de apetite, vômito, diarreia, mucosas amareladas, entre outros sinais”.