Ovelhas “terapeutas” ajudam pacientes especiais em hospitais e escolas
O trabalho consiste na visita de ovelhas a hospitais e escolas para ajudar pacientes especiais; confira como funciona a iniciativa
atualizado
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Os animais têm um poder incrível de ajudar a quem precisa. Mas, você sabia que os bichinhos também desempenham um papel crucial no serviço terapêutico? Em Curitiba, as ovelhas estão fazendo a diferença ao serem “terapeutas” para pacientes especiais em hospitais e escolas.
Com o nome de InspiraSheep, o trabalho de terapia assistida por animais consiste na visita de ovelhas a hospitais e escolas. O projeto é uma iniciativa do Grupo de Estudos de Equinos e Ruminantes (GEEr) da Unicesumar Curitiba e da professora da faculdade, Maria Christine Rizzon Cintra.
Em conversa com o Metrópoles, as voluntárias Isadora Miczevski e Brunna Lourenço, junto à coordenadora, Maria Christine Rizzon Cintra, contam que o projeto foi lançado em maio deste ano. No entanto, a iniciativa já era idealizada há bastante tempo pela professora Maria.
“Ela era apaixonada por ovelhas desde a faculdade e encontrou nelas um motivo de paz e tranquilidade ao ser diagnosticada com esclerose múltipla. Estar na companhia delas a fazia esquecer da doença. Por isso, levar esses animais como terapeutas a alunos e pacientes é a realização de um sonho”, disseram as voluntárias.
A presença desses animais trouxe conforto não apenas para as crianças, mas também para as ovelhas, que se mostraram dóceis ao serem abraçadas e “apertadas” pelos jovens. Foi aí que a equipe percebeu o potencial dos animais não convencionais, como os ovinos, na terapia assistida.
O projeto cresceu ao longo do tempo e recebeu convites de várias instituições. Desde então, o InspiraSheep segue levando os animais a escolas e hospitais para ajudar crianças que apresentem alguma condição especial, sendo ela física ou não. Ao todo, três ovelhas participam deste trabalho: Marshmellow, Coco e Feijoada.
Objetivos do projeto
Segundo a equipe do GEEr, o InspiraSheep tem como objetivo unir a terapia assistida por animais a ações sociais para proporcionar o conforto que os animais podem transmitir aos seres humanos. Além disso, o projeto visa aprimorar de forma significativa a saúde mental e emocional dos participantes.
“Nosso propósito é também inspirar as pessoas durante momentos de dor e aflição, oferecendo experiências e sensações positivas e compartilhando o espírito do rebanho, que se baseia em acolhimento, carinho e coletividade”, explicam Isadora, Brunna e Maria Christine.
Por que ovelhas?
Devido à rotina do grupo de estudos, foi observado que os cordeiros são dóceis e de fácil manejo, além de serem capazes de interagir com seres humanos. As ovelhas também se mostram animais que não demonstram reações negativas ao serem manejadas, o que motivou a escolha desses animais.
“Eles não oferecem riscos aos pacientes, não mordem, não latem, não arranham, não dão coices. Eles só soltam balidos (fazem ‘bééh’) quando estão estressadas. Os ovinos estabelecem uma relação única com o ser humano, já que foram um dos primeiros animais a serem domesticados pelo homem”, afirmam.
Trabalho voluntário
Embora muitas pessoas tenham interesse em trabalhar com animais fofinhos, o InspiraSheep é apenas realizado por alunos voluntários de medicina veterinária, que fazem parte do GEEr. Eles são treinados para conduzir as ovelhas e todo o trabalho segue um protocolo sanitário para serem levadas aos pacientes e alunos.
“O projeto ainda está em seu início, ainda não temos estudos suficientes para determinar mudanças no tratamento ou no dia a dia das crianças. Porém, a resposta imediata tem sido muito positiva tanto dos hospitais como nas escolas que já visitamos”, relatam.
Segundo as voluntárias, as crianças ficam eufóricas com as ovelhas. “Muitas relatam nunca terem visto de perto, abraçam, pegam no colo e não querem mais largar. Não só as crianças, mas as enfermeiras, médicas e professores também ficam encantados e relatam como isso traz alegria para o ambiente.”
Relatos emocionantes
Durante uma visita a uma escola de educação especial, Larissa Teixeira, uma aluna convidada do GEER, teve uma experiência marcante com um garoto com autismo. Inicialmente, o menino estava desconfortável com a presença de muitas pessoas, até ser levado para uma sala isolada junto com a ovelha terapeuta Cookie.
“Cookie foi apresentada aos poucos para o garoto. Depois de dar o tempo necessário para que o menino se adaptasse, a interação dele com a ovelha se tornou muito positiva. Cookie se aproximou aos poucos e se manteve tranquila a todo momento”, explicaram.
O garoto acariciou a ovelha e expressou sua gratidão, apesar das limitações. O momento foi encarado pelo GEEr com muita gratidão, destacando a empatia de Cookie, que parecia compreender a situação. “Foi um exemplo para todos que estavam na sala.”
Futuro do projeto
Atualmente, o GEEr está em progresso com trabalhos científicos para analisar o comportamento dos animais em contato com as pessoas, assim como a reação das pessoas submetidas a terapia assistida com as ovelhas.
Além disso, eles pretendem levar as ovelhas a vários lugares, como asilos, faculdades, hospitais — e onde mais for necessário. “Levar um animal de grande porte, relacionado apenas a produção, que se mostra tão amoroso e receptivo ao carinho de todos, é uma experiência única”, finalizam as estudantes.