Novos tratamentos para leishmaniose dão esperança a tutores
As opções foram um conquista para os donos de pets, pois, até 2017, liminares da Justiça permitiam o sacrifício de cães infectados
atualizado
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A leishmaniose visceral canina é uma doença transmitida pelo mosquito palha que pode levar, cerca de 90% dos cães infectados, à óbito. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, de todos os casos registrados na América Latina, 90% ocorrem no Brasil, em números absolutos, são 3.500 cães infectados por ano. Entretanto, pesquisas, medicamentos e novas formas de tratamento têm sido a esperança de muitos tutores por todo o país.
Algumas raças de cães, como boxer, rottweiler, cocker spaniel inglês e pastor alemão, possuem uma predisposição para contraírem a doença. Mas todos os cachorros, principalmente os machos, podem desenvolver a leishmaniose. A doença geralmente é mais comum entre animais jovens, com até 3 anos. A incidência também é grande nos bichos com mais de 7 anos de vida, por já terem baixa na imunidade devido a idade e doenças crônicas.
De acordo com a médica veterinária Camila Maximiano, a doença pode se manifestar de diversas formas e em diferentes graus de gravidade, não havendo sintomas específicos. Mas algumas alterações clínicas nos sistemas cardiorrespiratório, circulatório e digestório podem ser comuns. Por isso, a especialista ressalta a importância de levar o cãozinho ao veterinário para ser feito o diagnóstico completo e a escolha do tratamento adequado.
“O tratamento para a leishmaniose é algo muito específico e pode variar de acordo com cada caso. Nós vamos avaliar os sintomas, fazer um acompanhamento e ver qual medicação será melhor para o animal. Mas geralmente fazemos uma mudança na dieta, usamos anti-inflamatórios ou algum tratamento homeopático. O tutor não deve medicar o bichinho por conta própria de jeito nenhum, pois o paciente deve ser monitorado por um profissional”, alerta.
A cachorrinha da jornalista Rafaela Amaral, Princesa, estava bastante debilitada por conta da leishmaniose e da idade. Para a pet, foi recomendado o uso do Milteforan, um medicamento que é utilizado em um protocolo de 28 dias. O remédio é recomendado em casos mais graves, pois ele tem a capacidade de eliminar todos os protozoários da doença presentes no corpo do animal.
“A Princesa praticamente renasceu depois de fazer o tratamento, ela tinha várias feridas pelo corpo e todas sumiram após os 28 dias. O Milteforan foi o único capaz de deixá-la bem. Era um remédio extremamente caro, mas depois de ser aprovado o uso dele no Brasil, o valor se tornou mais acessível”, conta.
As opções de tratamento que estão sendo disponibilizadas e estudadas viraram uma conquista para os tutores em todo o país. Até 2017, algumas liminares da Justiça permitiam o sacrifícios de animais infectados alegando risco à saúde humana. Hoje, há opções para se tratar o cãozinho de maneira confortável, sem ter que perder o melhor amigo. E para a Camila, o melhor caminho ainda é a prevenção e o cuidado do ambiente onde o animal vive.
“Os tutores devem cuidar dos ambientes que atraem o mosquito como o quintal, retirando madeiras, folhas secas, pedras e fazer o uso contínuo de inseticidas na área externa e interna do local. O cachorro deve também fazer o uso de coleiras inseticidas, repelentes e tomar a vacina”, recomenda.