Estudos revelam que cães identificam estresse do tutor pelo cheiro
Veterinários alertam os impactos da exposição ao “mau humor” frequente aos pets, e a importância de prezar pela convivência com os bichinhos
atualizado
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Ter um dia difícil e chegar em casa com os nervos “à flor da pele” é comum entre os seres humanos, sendo uma oscilação natural causada pelas responsabilidades da vida. Entretanto, essa emoção, quando recorrente, pode afetar até mesmo os pets que convivem com os donos dentro de casa.
Essa tese foi comprovada em estudos recentes, que revelam que os cachorros conseguem farejar o odor do estresse humano. Segundo o relatório científico publicado pela Nature Portfólio, o cheiro de uma pessoa completamente desconhecida, caso ela esteja estressada ou relaxada, pode afetar as respostas dos cães.
Os testes foram realizados com 18 cachorros e com as amostras de odores coletados de três voluntários após eles realizarem determinadas atividades, algumas relaxantes, outras estressantes.
Os cachorros, quando expostos ao odor do estresse relacionado ao objeto, mostravam menor interesse em se aproximar de um tigela contendo alimento. O estudo também comprovou que, a longo prazo, o estresse pode interferir nos processos de aprendizagem sob determinadas ações caninas.
Especialistas explicam as consequências dessa relação. De acordo com o médico veterinário Marcelo Henrique de Paiva, cada vez mais os estudos científicos sobre as interações entre cães e humanos demonstram que os pets são, sim, sensíveis às emoções de quem convivem, e reagem a elas por meio de pistas visuais, auditivas e olfativas.
“Se os tutores estão estressados, há uma tendência que os cães reflitam esse estresse, ficando agitados e ansiosos”, expõe.
Isso pode ter influência na frequência cardíaca e, em alguns casos, até o desenvolvimento de problemas de saúde a longo prazo. “Quando um animal está estressado, ele pode ficar hiperativo, agressivo, e em alguns casos, retraído e apático”, revela o especialista.
De acordo com estudos, os cães que vivem em ambientes estressantes apresentam níveis elevados de cortisol, hormônio associado à imunossupressão.
A médica veterinária Carla Maion aponta que esse vínculo estreito entre cães e seus tutores reforça a importância das pessoas gerenciarem seu próprio estresse para o bem-estar de ambos. “A pesquisa sublinha a necessidade de uma abordagem sensorial no cuidado com os cães, considerando não apenas aspectos físicos, mas também o impacto emocional do ambiente em que vivem”, alerta.
Reconhecer essa influência é essencial para ambas as partes. Maion destaca que em tempos de altos níveis de estresse, valorizar a conexão entre os cães e seus tutores pode melhorar a qualidade de vida tanto dos pets como dos seus responsáveis.