Estudo: cães sentem as emoções humanas por meio da frequência cardíaca
Pesquisas revelam que os cães são capazes de sintonizar seus batimentos cardíacos com o de seus tutores; entenda
atualizado
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Uma experiência muito comum vivida pelos tutores de cães é a de ser consolado pelo animal de estimação diante de momentos de dificuldade e instabilidade emocional. Nesses ocasiões, é possível ter a impressão de que eles entendem os estados emocionais humanos. Acontece que essa teoria é real.
Estudos realizados na Universidade de Jyväskylä, na Finlândia, demonstraram que os cães conseguem compreender as emoções humanas por meio da frequência cardíaca dos tutores, podendo inclusive responder a elas.
A conexão entre os cães e os humanos faz que os pets consigam sintonizar a sua frequência cardíaca com a de seus tutores. Publicada na Scientific Reports, a pesquisa explica que a cooperação e laços de apego mútuo entre os membros das duas espécies se assemelham, em certos aspectos, ao vínculo visto entre mães e filhos. Dessa forma, os cães exibem comportamentos de apego em relação ao dono, regulado pelo ciclo de oxitocina entre o cão e o dono.
Segundo o veterinário Alan Mora, fundador e diretor Clínico da VFP – Hospital Veterinário, isso ocorre porque os cães conseguem, por meio dos seus sentidos sensoriais, ter certa percepção social e emocional do ambiente.
Mora explica que a frequência cardíaca é modulada pelo equilíbrio dos sistemas nervosos simpáticos e parassimpáticos, responsáveis por preparar o organismo para estados de alerta ou relaxamento. “O fato de os cães apresentarem alterações cardíacas em sincronia com as emoções humanas sugere uma conexão empática profunda, possivelmente mediada por sinais auditivos, visuais e olfativas”, esclarece.
Ou seja: os cães não apenas percebem os estados emocionais de seus “humanos”, como também os internalizam fisiologicamente. O veterinário adverte que essa sensibilidade dos cães às emoções humanas pode explicar o surgimento de distúrbios comportamentais ou até fisiológicos em ambientes emocionalmente adversos.
Os pesquisadores também destacaram que a conexão entre tutores e cães era ainda mais prevalente durante o sono. “A interconexão na variabilidade da frequência cardíaca entre o cão e seu dono durante os períodos de repouso pode ser explicada pelo fato de que, nessas instâncias, não havia tarefas externas, mas as contrapartes podem reagir mais ao estado uma da outra de forma natural”, observaram.
A sintonia entre as duas espécies acaba por ter um potencial benéfico a ambas. De acordo com a psicóloga Amanda Rangel, a conexão entre tutores e cães vai além de um simples vínculo afetivo, pois é capaz de promover uma comodulação emocional e comportamental. “Essa interação estimula a produção de hormônios como a oxitocina, conhecida como o ‘hormônio do amor’, que melhora o humor e cria uma sensação de conexão e segurança”, encerra.
