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Caso capivara Filó: gravar TikTok com animais silvestres é crime?

Embora não seja crime produzir conteúdos na internet sobre animais silvestres, o tutor pode estar sujeito a cometer uma infração ambiental

atualizado

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agenor tupinambá
1 de 1 agenor tupinambá - Foto: Instagram/Reprodução

Produzir conteúdos nas redes sociais sobre a fauna brasileira é uma maneira interessante de promover a educação ambiental. A ideia, no entanto, é contrariada por alguns influenciadores digitais, que utilizam os animais silvestres para entretenimento ou lucro.

Em muitos países, as leis de proteção da fauna silvestre proíbem a posse, transporte e comercialização de animais sem autorização adequada. No Brasil, criar espécies silvestres sem licença é crime ambiental, conforme o artigo 29 da Lei de Crimes Ambientai (Lei nº 9.605/1998).

Apesar disso, a demanda por animais selvagens como bichinhos de estimação tem sido incentivada. O motivo está nos inúmeros conteúdos na internet, que mostram como eles podem ser adoráveis. Em alguns casos, os “tutores” até postam vídeos mostrando a rotina de cuidados, a exemplo do influenciador Agenor Tupinambá.

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Agenor Tupinambá e a capivara Filó
Agenor Tupinambá e a capivara Filó
Influenciador divulgou vaquinha para pagar multa
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Capivara Filo é devolvida ao habitar natural, após disputa entre Agenor Tupinambá e o Ibama

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Influenciador divulgou vaquinha para pagar multa

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Conhecido por compartilhar conteúdos com a capivara Filó no TikTok, o jovem foi multado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por “exploração indevida de animais silvestres para a geração de conteúdo em redes sociais.”

Além disso, Agenor teve que apagar em todas as redes sociais os vídeos da capivara e de outros animais que cuidava.

A seguir, entenda por que não é recomendado criar conteúdos na internet sobre animais silvestres:

Prejuízo à saúde humana e animal

A produção de conteúdo, quando feita de forma consciente, deve sempre levar em consideração o bem-estar dos animais envolvidos. Mas, não é bem isso que acontece. Muitos vídeos exibem espécies vestidas com roupas e até mesmo abraçadas com humanos, prática que afeta a saúde dos selvagens.

“Não sabemos se, por trás das câmeras, os animais têm seus comportamentos naturais e outros aspectos de bem-estar respeitados, como a alimentação, ambiente adequado e socialização com outros indivíduos da espécie”, afirma Vitor Sena, biólogo e diretor de advocacy da ONG A Vida no Cerrado. 

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Segundo o profissional, toda a exposição dos silvestres também pode ocasionar na transmissão de doenças para os humanos. Por isso, ao encontrar um animal ferido, deve-se acionar o órgão público competente e não mantê-lo em cativeiro.

Ameaças à biodiversidade

Quando se trata de animais silvestres, é crucial entender as consequências que a exposição desnecessária podem causar. Isso porque os bichos, muitas vezes, são retirados de seus habitats naturais ou submetidos a péssimas condições de vida somente para entretenimento.

A problemática, no entanto, vai muito além disso. Segundo o médico veterinário Thiago Borba, a exposição de animais silvestres nas redes sociais representa uma ameaça para as espécies e para a preservação da biodiversidade da fauna brasileira.

“No Brasil, nós temos leis rígidas que proíbem a utilização (isso inclui a exibição) de animais silvestres não legalizados. Porém, o problema não é só esse. A exposição incentiva o comércio ilegal, o que acaba aumentando o tráfico”, explica Thiago, ao Metrópoles.

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Em pesquisas pela rede social, é possível encontrar diversas espécies de animais sendo vendidas ilegalmente. Na imagem, uma coruja é comercializada por R$ 650

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Ameaçada de extinção, arara-canindé é colocada à venda na plataforma

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Homem elogia traficante de animais após comprar aranhas: "Os animais chegaram muito bem embalados"

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PMDF resgata pássaros silvestres em Samambaia

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YouTube armazena vídeos de caçada a animais silvestres no Brasil

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O veterinário ainda ressalta como consequência o desequilíbrio do meio ambiente.

“A produção de conteúdo também pode levar a caça predatória e a destruição da população de animais silvestres. Toda essa ação provoca o desequilíbrio ambiental, ou seja, alterações que afetam o ecossistema de maneira negativa”, elucida.

O que a lei diz sobre o assunto?

Embora não seja crime produzir conteúdos nas redes sociais sobre animais silvestres, o tutor pode estar sujeito a cometer uma infração ambiental. A penalidade, no entanto, é aplicada somente em casos de animais criados sem autorização de órgãos ambientais.

De acordo com a assessora de comunicação do Instituto Brasília Ambiental, Bety Rita Ramos, a infração está descrita no artigo 33 do decreto nº 6.514/2008, que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais.

“Explorar ou fazer uso comercial de imagem de animal silvestre mantido irregularmente em cativeiro ou em situação de abusos ou maus tratos, pode gerar multa de R$ 5 mil a R$ 500 mil reais”. A penalidade não se aplica para fins jornalísticos, informativos, acadêmicos, científicos ou educacionais.

A profissional ainda ressalta ao Metrópoles que a legislação de crimes ambientais foi desenvolvida em 2008. Por isso, não há nenhuma regulamentação que julgue como delito a criação de conteúdos (prática que ganhou força nos últimos anos) sobre animais silvestres.

 

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