Caso Agenor Tupinambá: entenda os riscos de domesticar uma capivara
As capivaras são os maiores roedores do planeta. Apesar de fofas, elas podem transmitir doenças e provocar mordidas fatais
atualizado
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Agenor Tupinambá, conhecido por compartilhar a rotina de amizade com a capivara Filó no TikTok, foi denunciado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por maus-tratos, abuso e exploração animal. Penalizado em R$ 17 mil, o fazendeiro fez vaquinha on-line para viabilizar o pagamento da multa.
Comovidos, internautas doaram ao influenciador bem mais do que ele precisava para honrar o compromisso. A vaquinha, ainda aberta, ultrapassa a casa dos R$ 80 mil.
Apesar das supostas boas intenções e do carinho do jovem por Filó, o Ibama alega que animais silvestres não devem ser mantidos como pets. A seguir, conheça os perigos de interagir com capivaras:
Por que não podemos interagir com capivaras?
Animais herbívoros e semiaquáticos, as capivaras são os maiores roedores do planeta, podendo atingir mais de 1,3 metro de comprimento e pesar até 90 quilos. De temperamento dócil, elas podem parecer domesticáveis.
O estereótipo, inclusive, é ressaltado por alguns influenciadores que dividem a rotina com o roedor, como o amazonense Agenor Tupinambá.
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O veterinário Thiago Borba, no entanto, faz coro ao Ibama ao dizer que a interação com as capivaras é desaconselhável. “Elas são animais silvestres e não estão acostumadas com a aproximação dos humanos. Não devemos interferir em sua rotina. O estresse causado nelas pela alteração do dia a dia pode ocasionar acidentes graves”, frisa.
Segundo o especialista, um dos maiores problemas são os ataques. Por serem roedores de grande porte, as capivaras têm dentes igualmente grandes, que podem machucar gravemente uma pessoa. “Interagir com capivaras pode resultar em mordidas de defesa”, alerta Borba.
Maiores roedores do planeta, elas podem transmitir doenças
As capivaras necessitam de uma vida ao ar livre, em contato com água e área verde. Por isso, a convivência nas áreas úmidas serve como um atalho para a espécie se tornar transmissora de doenças. O roedor é um dos hospedeiros do carrapato-estrela, transmissor da doença Febre Maculosa Brasileira (FMB), por exemplo.
Essa zoonose tem como sintomas iniciais febre, dor de cabeça, dores musculares e desânimo, assim como outras infecções. Embora os efeitos colaterais pareçam passageiros, a doença apresenta alta letalidade se não tratada, conforme informa o veterinário.
“Por serem hospedeiros naturais de carrapatos, as capivaras são vetores de bactérias que, quando transmitidas aos seres humanos através de picadas, causam a febre maculosa. No local da picada, pode haver erupções”, elucida Thiago.
Além da migração do carrapato causador da febre maculosa, a espécie também pode transmitir outras doenças, a exemplo de raiva, leishmaniose, leptospirose e tripanossomíase. Portanto, especialistas não recomendam manter contato físico com as capivaras.
Veterinário ensina como agir ao encontrar capivaras na rua
De acordo com o biólogo e professor no Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB) André Mendonça, é comum ver capivaras em grupo. “Elas são os maiores roedores viventes. Esta espécie é comumente encontrada perto de lagos e outros cursos d’água”, detalha.
A recomendação do veterinário Thiago Borba ao encontrar uma capivara na rua é evitar movimentos bruscos e respeitar o espaço delas. Além disso, ele sugere contatar os órgãos responsáveis.
Para quem admira os roedores, a dica é manter uma distância segura e, claro, não interagir com eles. Respeitar o local das capivaras é o melhor jeito de apreciá-las e não correr riscos. Afinal, apesar de fofas, elas podem ser muito perigosas.