Calopsitas podem desenvolver depressão? Veja o que diz especialista
Essas aves são tidas como animais domésticos fáceis de cuidar; muitas vezes, tutores estão alheios a questões de saúde que podem afetá-las
atualizado
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Aves da espécie das calopsitas são companheiras agradáveis e de fácil manutenção em comparação aos animais maiores. Devido à independência e ao carisma desses bichanos, muitas pessoas acabam optando por tê-las em casa.
Suas habilidades em aprender a cantar, falar e realizar pequenos truques cativam os tutores. Entretanto, os cuidados necessários não são tão simples como as pessoas imaginam. Por serem bastante inteligentes, elas estão propensas a desenvolverem problemas de saúde mental.
A estudante de psicologia Paloma dos Santos, de 23 anos, perdeu sua calopsita Dory, de 2 anos, em 2019. Segundo a discente, a ave era apegada aos membros da família – que moravam juntos – e apreciava acordá-los pela manhã. “Ela era muito esperta. Não tinha medo das pessoas e gostava de cantar pela casa. Quando precisei viajar por um longo período, ela parou de comer e de cantar, e teve perda de apetite”, relata.
A ave foi parando de comer voluntariamente, até que um dia foi encontrada desfalecida na gaiola pelo pai da estudante. “Foi muito triste. Nós também éramos muito apegados à ela”, lamenta.
Animal pode sofrer com ansiedade e depressão
De acordo com o veterinário Matheus Rabello, da clínica Exotic Life, os psitacídeos (aves da família das calopsitas e papagaios) têm a inteligência bastante desenvolvida. Por essa razão, podem sofrer com distúrbios psicológicos.
“Alterações comportamentais, reclusão, sono excessivo, perda de peso e diminuição de apetite denotam frustração e são sinais que podem estar ligados ao quadro depressivo. Isso traz a queda imunológica e, consequentemente, doenças oportunistas”, explica o veterinário.
Riscos
A razão desse diagnóstico pode se dar por muitos fatores. O veterinário salienta que, por sua sensibilidade ao ambiente onde vive, as calopsitas podem sofrer ao passar por mudanças dentro da sua rotina e até ao perder entes queridos.
“Às vezes, a ave está acostumada a ficar em uma área externa, onde pode tomar banhos de sol. De repente, o tutor se muda para um apartamento…”, exemplifica Rabello, mostrando como mudanças bruscas podem causar estresse emocional nas aves.
Outro exemplo são os casos de tutores que adquiriram aves durante a pandemia, trabalhavam de home office e ficavam de 10 a 12 horas por dia com a ave.
“Ao fim do isolamento social, eles voltavam a trabalhar presencialmente e a ave ficava sozinha. Tivemos vários casos assim, em que a ave apresentava depressão, distúrbios de comportamento e até mesmo arrancamento de penas devido ao estresse”, revela o especialista.
Cuidados essenciais
O ambiente ideal para evitar problemas emocionais, segundo o médico, seria aquele em que a ave possa ter interação social, tanto com outros pássaros quanto com membros da família. Oferecer brinquedos e obstáculos para estimular desafios no dia a dia para a calopsita também é uma boa opção.
Entretanto, ele traz um adendo sobre trazer outras calopsitas para o ambiente. “Por serem aves bastante inteligentes, nem sempre elas se dão super bem, pode ser que elas não gostem”, brinca o médico. “Justamente por ter essa questão da personalidade. Mas vale o risco sim, a fim de evitar o isolamento dela”, orienta.