Baratas transmitem doenças? Biólogos desvendam mitos e verdades
As baratas são insetos antigos que existem há milhares de anos e que podem se adaptar em diversos ambientes
atualizado
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Um dos insetos mais odiados, se não o mais detestado pelas pessoas, as baratas são animais que despertam repulsa por serem associados com sujeira e ambientes insalubres. Apesar de serem frequentemente estigmatizadas, elas são fundamentais para a existência de vida na Terra.
De acordo com Marcos Morris, professor de biologia e coordenador pedagógico do Colégio Everest Brasília, as baratas são insetos bem antigos que existem há milhares de anos. Por isso, elas conseguem viver em diversos ambientes, mais especificamente em regiões tropicais.
“Atualmente, há milhares de espécies conhecidas e, diferentemente do que muitos pensam, nem todas, por exemplo, são capazes de voar. O seu habitat preferido são locais escuros e úmidos e, é por isso que no verão costumamos nos encontrar mais com esses insetos”, explica Marcos ao Metrópoles.
Embora possam viver em diversos ambientes, um mito frequente é que as baratas podem sobreviver a qualquer condição, afirma o profissional. “Elas são animais resistentes a determinadas condições, porém temos outros insetos que são mais resistentes, como a mosca doméstica”.
Por que tem baratas em todo o mundo?
Fabrício Escarlate, professor de ciências biológicas do CEUB, conta que, durante as grandes navegações, muitas espécies de baratas foram levadas de um continente a outro, escondidas dentro dos porões dos navios. Como havia muita matéria orgânica, resíduos e frestas, elas acabam proliferando.
“Desta maneira, as baratas foram para as mais variadas regiões do planeta. Existem aproximadamente 20 espécies de baratas que se tornaram domésticas. A espécie Periplaneta americana, por exemplo, está em todos os lugares, pois convive muito bem com as alterações que os humanos provocam”, comenta.
As baratas são nocivas à saúde?
Muitas pessoas acreditam que as baratas fazem mal à saúde, e sim, essa afirmação é verdadeira. Marcos explica que esses insetos têm bastante interesse científico não apenas nos estudos à resistência, mas também na questão sanitária por serem capazes de transmitir diversos patógenos.
“Se pensarmos um pouco, as espécies que estão mais em contato com a população de área urbana vivem em esgotos, lixos e tubulações. Com isso, ao acessarem nossas casas, elas carregam todos estes patógenos que podem provocar doenças, a exemplo de lepra e tuberculose”, elucida o biólogo.
Febre, diarréia e desinterias, entre outras condições, também podem ser causadas pelas baratas, segundo Fabrício. Isso ocorre porque esses insetos têm contato com materiais contaminados, os quais aderem ao seu corpo. Assim, ao andar ou se arrastar, elas podem encostar em alimentos, por exemplo.
“O grande problema das baratas reside em seu contato constante com a matéria orgânica, o que pode resultar na transmissão de doenças. São animais noturnos em geral, então não temos contato intensivo — certamente existem mais baratas do que aquelas que estamos vendo”, declara Fabrício.
O uso de inseticidas
Um dos questionamentos mais famosos em relação a essas criaturas diz respeito à resistência das baratas aos inseticidas. De acordo com Marcos, isso pode estar relacionado ao uso indiscriminado do produto.
“Evolutivamente falando, o uso destes produtos faz com que os insetos que, naturalmente são resistentes, sobrevivam mais e gerem mais descendentes. Com isso, vamos aumentando sua população. Por isso, a limpeza e a higienização constante dos locais é a melhor forma de prevenir”, afirma.
A melhor forma de evitar as baratas
O desejo da maioria das pessoas é dizimar todas as baratas do mundo. No entanto, isso envolve diversas mudanças, desde ajustes comportamentais até considerações relacionadas a projetos de engenharia. Dessa forma, torna-se desafiador alcançar uma solução definitiva.
Como elas aproveitam as condições que os humanos criam, o ideal é manter os ambientes limpos e gerenciar adequadamente os resíduos. O armazenamento apropriado de alimentos é um passo fundamental para afastar esses animais da comida.
“A realização periódica de dedetizações nos ambientes também é essencial, uma vez que não conseguimos eliminar completamente a geração de resíduos. Esse serviço deve ser feito com cuidado, utilizando produtos seguros para evitar impactos negativos em outras espécies de insetos essenciais para nós”, finaliza Fabrício.