metropoles.com

A história do motorista de 89 anos e o embate com o bafômetro

Personagem querido de Brasília, o professor e motorista José Carlos Córdoba Coutinho tem mais uma história para contar

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Secom/UnB
José Carlos Córdoba Coutinho
1 de 1 José Carlos Córdoba Coutinho - Foto: Secom/UnB

Personagem querido no roteiro cultural/arquitetônico/cinéfilo de Brasília, o professor José Carlos Córdoba Coutinho, a três meses de completar 90 anos, foi pego no bafômetro. Detalhe importante: desde que, há 20 anos, quase morreu de uma pancreatite, ficou em UTI, passou cinco meses internado, Coutinho raramente bebe e, quando o faz, é não mais do que um cálice de vinho em ocasiões festivas.

Mas, como quase tudo o que acontece com o professor emérito da Universidade de Brasília, a história já nasceu crônica.

Deu-se assim:

Coutinho foi a um lançamento de livro num bar da Asa Sul. Perto de ir embora, quando a sessão de autógrafos já tinha acabado, alguém o convidou para um brinde com a meia garrafa de espumante que havia sobrado. Repartido franciscanamente, deu um dedo de vinho para cada um no fundo da taça, só mesmo para molhar o bico. Finda a celebração, todos se despediram e o nobilíssimo professor entrou no possante sedan 2001 rumo à sua morada, pouco mais de 500 metros adiante.

No que entrou no Eixinho, viu o congestionamento gigante e ao longe as luzes natalinas das viaturas. Era uma blitz do Detran para pegar os incautos bebedores na saída dos bares, sexta fim de noite.

O professor caiu na blitz. Teve de estacionar e apresentar os documentos.

– O senhor aceita soprar o bafômetro? Indagou um jovem e cordial agente do Detran.

– Aceito, por que não? Respondeu Coutinho, certo de que aquele dedo e meio de espumante não seria pego no bafo. Foi.

O agente de trânsito explicou ao digníssimo professor de arquitetura os procedimentos que ele deveria tomar: chamar alguém para conduzir o carro e ser submetido aos rigores da lei.

– Eu tenho 89 anos. O senhor me acha com cara de bebum? Vou lhe contar francamente: acabei de tomar um dedo e meio de espumante, um dedo e meio se muito, e estou indo pra casa. Moro aqui ao lado, posso ir a pé e pego o carro amanhã.

Não adiantou. O sempre cordial representante da lei sugeriu então que o motorista a três meses de completar 90 anos esperasse meia hora e fizesse novo teste no bafômetro.

Com um risco, o agente avisou: confirmado o teor alcoólico no segundo teste, os rigores da Lei Seca seriam devidamente aplicados – e o muito querido, admirado e celebrado personagem da vida cultural do Plano Piloto teria de desembolsar R$ 2.934,70, perderia o direito de dirigir por 12 meses, o carro seria retido e ele teria que fazer um curso de reciclagem para recuperar a carteira.

Coutinho voltou para o carro, tomou água da garrafinha que sempre carrega no console, esperou a meia hora e aceitou o risco de um segundo teste. Zero álcool.

Os dois homens se despediram cordialmente e o professor de arquitetura mais querido da cidade seguiu para casa no seu possante sedan. E com mais uma incrível história para contar.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?