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A história do menino que inventou o mar de ponta-cabeça

Para as crianças e os adolescentes de Brasília que não sabem quem é Lucio Costa

atualizado

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Acervo Lucio Costa
Fotografia em preto e branco de Lucio Costa aos 12 anos em Montreux, na Suíça - Metrópoles
1 de 1 Fotografia em preto e branco de Lucio Costa aos 12 anos em Montreux, na Suíça - Metrópoles - Foto: Acervo Lucio Costa

O menino Lucio nasceu em Toulon, cidade francesa à beira do Mediterrâneo, um mar de águas azuladas. Nasceu quase colado ao início do século 20, no dia 27 de fevereiro de 1902.

Então ele era francês?

Não, ele era brasileiro. Parece estranho, mas a Constituição determina que filhos de mãe ou pai brasileiro nascidos no estrangeiro serão igualmente brasileiros, isso se um dos pais estiver a serviço do Brasil em algum outro país. Foi o caso do menino de cabecinha redonda.

Lucio é o sexto filho do engenheiro naval baiano Joaquim Ribeiro da Costa e da amazonense Alina Marçal Ferreira. O pai gostava de desenhar – era um desenhista caprichoso, fazia desenhos técnicos que pareciam fotos de máquinas verdadeiras.

Joaquim Ribeiro da Costa era da Marinha, ia para onde lhe mandavam e sempre, claro, para cidades portuárias. O bebê Lucio, penúltimo dos sete filhos, ainda não tinha completado 3 meses de vida quando a família teve de juntar os trecos e voltar de Toulon para o Rio de Janeiro – de navio.

Muita gente pensa que o inventor do Plano Piloto de Brasília passou toda a infância e parte da adolescência na Europa. Não foi bem assim. A família ficou no Rio de Janeiro de 1902 a 1910, quando Lucio já estava com 8 anos.

Menino carioca, portanto. De calçada, de rua e de montanha. Naquele tempo, o carioca ainda não tinha o hábito de ir à praia. Só em 1906, com a inauguração da Avenida Beira-Mar na orla do Rio, é que as famílias começaram a se aproximar da areia e da água salgada.

A lembrança de cair na água que Lucio nunca esqueceu foi quando o padrinho, Thaumaturgo de Azevedo, o forçou a mergulhar no Rio Paquequer, em Teresópolis. “Me fez perder o fôlego.” Daquelas brincadeiras sem graça de adultos que querem que as crianças aprendam a nadar se afogando.

Dos 8 aos 14, o garoto de cabelos negros e volumosos viveu na Europa saltando de cidade em cidade, todas elas à beira-mar. Nesse fim da infância e começo da adolescência, Lucio acompanhou o clima de início da Primeira Guerra Mundial. Passou a colecionar soldadinhos de chumbo e a desenhá-los em cavalarias.

Antes de deixar a Europa, o já adolescente Lucio se apaixonou por uma menina mais velha que ele, chamada Henriette Bessard. Era tímido, o bichinho: “Só falei com ela uma vez, numa excursão, quando me enchi de coragem e lhe pedi para autografar um cartão”.

De volta ao Brasil, Lucio Costa se tornaria um dos mais importantes pensadores da arquitetura colonial, da arquitetura e da arte moderna e do Brasil. E foi no mar, vindo de uma viagem rápida a Nova York, que ele começou a desenhar o Plano Piloto de Brasília.

Em um apartamento com um janelão aberto para o mar do Leblon, ele concluiu o projeto da nova capital do país. Deixou tudo baixinho pra que o mar pairasse inteiro sobre nossas cabeças.

A história do brasileiro que inventou Brasília – e que muitos brasilienses desconhecem – é toda trespassada de mar, cidades, arquitetura e amor às mulheres e ao Brasil. A prosa é longa, e o personagem é de honrar o coração brasileiro.

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