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Veja revelações inéditas de sobrinho de socialite mantida em cativeiro

Com 41 anos, Álvaro O’hara é sobrinho materno de Regina Lemos Gonçalves, de 88 anos. A socialite foi mantida em cativeiro no Rio de Janeiro

atualizado

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Foto cedida ao Metrópoles
Socialite carioca Regina Lemos Gonçalves
1 de 1 Socialite carioca Regina Lemos Gonçalves - Foto: Foto cedida ao Metrópoles

O enredo sobre a vida em cativeiro da socialite carioca Regina Lemos Gonçalves está prestes a ter novos capítulos revelados. Conforme investigação que segue em segredo de Justiça, a mulher de 88 anos esteve mantida em cárcere privado, por meses, pelo ex-companheiro José Marcos Chaves Ribeiro em um apartamento no luxuoso Edifício Chopin, no Rio de Janeiro. Com exclusividade, a Coluna Claudia Meireles conversou com Álvaro O’hara, um sobrinho da idosa.

Com 41 anos, Álvaro O’hara é estilista e, apesar de ter nascido em Brasília, atualmente mora no Rio de Janeiro. Em entrevista à coluna, o brasiliense detalha o que a tia materna viveu enquanto esteve “manipulada” e “dominada” por José Marcos Chaves Ribeiro. Conhecida por realizar festas pomposas e memoráveis na Cidade Maravilhosa, Regina saiu dos holofotes nos últimos anos e chegou a sumir até das áreas comuns do prédio em que vivia a ponto de causar a desconfiança dos vizinhos.

Regina ficou viúva em 1994. Ela era casada com Nestor Gonçalves, fazendeiro e proprietário dos baralhos Copag. Como o casal não teve filhos, a herança foi repassada à socialite. À época, a imprensa divulgou que o patrimônio dela atingia a cifra dos US$ 500 milhões, o equivalente a R$ 2,5 bilhões em cotação atual.

Foto de mulher idosa branca. Ela usa uma echarpe com estampa de animal print - Metrópoles
A socialite conseguiu uma medida protetiva contra o ex-companheiro

“Crescer o olho”

Passados anos, a vida de Regina teve uma reviravolta. De acordo com Álvaro, José Marcos passou a trabalhar para a socialite no fim de 2011. “Ele foi apresentado pela esposa de um primo de terceiro grau da minha tia e iria trabalhar como motorista por estar precisando de emprego”, conta. O estilista lembra que no ano em questão a tia materna fez uma “das últimas grandes festas”. Morando em Brasília, o sobrinho não participou, porque a mãe estava mal de saúde.

Segundo Álvaro O’hara, Regina é uma mulher “extremamente generosa” e José Marcos se aproveitou da bondade da patroa para “se adentrar”. “A minha tia é uma mulher muito gentil, dessas poucas que ainda existe no mundo, que está acabando. Uma pessoa quase da Belle Époque. Ela o deixou frequentar os salões e ele foi ganhando a confiança dela”, enfatiza.

O estilista recorda que José Marcos dizia para Regina que frequentou seminário de formação para padres e teve poucos relacionamentos amorosos a fim de ganhar cada vez mais a confiança da mulher. “Era um homem quase santo e ela foi deixando. Ele se tornou o motorista dela e uma espécie de faz tudo”, rememora. Antes de se tornar funcionário da socialite, José Marcos havia trabalhado como faxineiro na Irlanda.

“Plano de manipulação”

Na avaliação do brasiliense, José Marcos “cresceu o olho” para a fortuna de Regina, descrita por Álvaro como “uma mulher que sempre gostou de viver muito bem”. Conforme relato de Álvaro, o primeiro passo do plano de manipulação do motorista envolveu “minar as amizades” da socialite. Nesse período, Regina tinha um grande grupo de amigos ao redor.

Regina com Paulo Roberto Barragat e Romy di Vitti
Regina com os amigos Paulo Roberto Barragat e Romy di Vitti

“Com o passar do tempo, esse cara começou a tirar de perto dela [Regina] os grandes amigos e pessoas da sociedade. E foi minando, minando”, compartilha Álvaro. A princípio, a relação que deveria ser de empregadora e funcionário ganhou as manchetes como romance por meio de um colunista, a quem o estilista caracteriza como “jornalista da imprensa marrom”.

“Não sei se foi um plano dos dois, porque tempos depois esse jornalista chegou a morar em uma das mansões da minha tia”, afirma. O brasiliense menciona que o colunista espalhou notícias sobre José Marcos ser primo da socialite. Tempos depois, o mesmo jornalista criou e divulgou fotomontagens na internet revelando que Regina e o motorista estariam namorando.

De acordo com Álvaro, outras publicações do colunista trouxeram que Regina e José Marcos haviam se casado na Índia. “Isso começou a repercutir”, comenta. O sobrinho ficou preocupado com a tia e quando conheceu o funcionário, confirmou a intuição: “Ela me apresentou e eu não gostei dele, porque estava tomando espaço na casa. Um dia vi que ele estava pagando conta com o cartão de crédito dela”.

Álvaro questionou José Marcos a respeito do uso do cartão com a senha pessoal da tia e ouviu a seguinte história: “Ele me disse que era o cartão de despesas domésticas”. Segundo o estilista, José Marcos, quando passou a dominar a socialite, tirou o celular pessoal dela: “Foi a primeira coisa que ele fez”. Pelas contas do sobrinho, a socialite a chegou a ficar por 10 anos sem ter um aparelho telefônico móvel.

Regina e amigos em festa no apartamento
Ao centro, Regina rodeada de amigos em festa. José Marcos também aparece na imagem

“Ela veio dispor de celular agora”, prosseguiu. Álvaro destaca que conversar com Regina era um verdadeiro imbróglio, imposto por José Marcos: “Para falar com a minha tia, era preciso falar no celular dele. Para conseguir informação sobre ela, ele demorava três, quatro dias para dar uma resposta. Sempre era ele que dava, nunca ela”.

Quando as desconfianças por parte de familiares e amigos a respeito do estado de Regina Lemos Gonçalves atingiam o ápice, José Marcos colocava a socialite no telefone. Entretanto, alguns sinais chamaram atenção de Álvaro: “Minha tia falava com a voz muito embargada, sonolenta”.

Descobertas

Em 2013, Álvaro foi morar por quatro meses com a tia materna em São Conrado, no Rio de Janeiro, e presenciou ocasiões preocupantes: “Lá, eu pude ver a situação dela. Ela já estava completamente tomada por ele”. O brasiliense lembra que José Marcos “se dizia farmacêutico” e passou a dar remédios para a socialite. “Ele começou a dopar a minha tia. Eu encontrei vários frascos de medicamentos”, garante.

Em alerta quanto a situação da tia, o estilista recorreu a um amigo que estudava química na Universidade de Brasília (UnB): “Chamei um amigo meu e ele falou: ‘Isso aqui é um composto que é a base do Boa Noite Cinderela”. Álvaro frisa que Regina vivia “dopada o tempo todo” e “dormindo”, enquanto José Marcos Chaves Ribeiro se sentia o “senhor de tudo, com os cartões de crédito e talões de cheque” da socialite.

“Documentações falsificadas”

À época em que residiu na mansão da familiar em São Conrado, o estilista descobriu “documentações falsificadas”. Nos registros, José Marcos havia se intitulado como beneficiário de Regina. “Ele falsificou e se colocou como se fosse o único herdeiro”, sustenta o brasiliense de 41 anos. Aflito com as descobertas, Álvaro resolveu confessar o que havia encontrado com a saudosa socialite carioca Bertha Mendes de Souza.

Foto colorida de prédio com uma bandeira hasteada - Metrópoles
Edifício Chopin, prédio onde Regina ficou mantida em cárcere privado

“Eu contei para ela tudo e a Bertha me disse: ‘Rasga toda essa documentação’. Foi o que eu fiz”, menciona. O que Álvaro não imaginava era que José Marcos viria a saber. Na entrevista, o brasiliense confessa ter sofrido tentativas de morte por três vezes após achar a documentação adulterada.

“Ele tentou me matar três vezes. A primeira simularam um assalto em São Conrado de madrugada. Na mesma semana, a segunda tentou envenenamento. Eu fiquei uma semana morrendo e ela [Regina] dopada na mansão até que eu fugi de lá para não morrer”, confidencia Álvaro à Coluna Claudia Meireles.

O brasiliense narra que a terceira situação aconteceu em 2017. Na ocasião, José Marcos telefonou para Álvaro e ressaltou que a tia estava muito mal e queria ver o sobrinho. “Quando eu cheguei à mansão, eu fui abordado por um cara armado com um silenciador no revólver. Eu só não fui morto porque um dos seguranças do condomínio achou o movimento estranho, passou de moto, buzinou, apertou a campainha e o cara correu assustado”, relata.

Em 2018, Regina procurou o sobrinho e o entregou um bilhete “pedindo ajuda”. Na ocasião, Álvaro foi à Delegacia do Idoso, porém José Marcos teria mandado um capanga acompanhar a socialite na hora dela se apresentar à instituição pública. “Minha tia viveu coagida, oprimida e humilhada em cárcere privado. Sofreu todo tipo de violência psicológica e física”, argumenta.

Golpes

O brasiliense descreve o ex-companheiro da tia como “uma pessoa muito perigosa”. De acordo com o sobrinho da socialite, José Marcos roubou a fortuna de Regina ao longo de mais de 10 anos de vínculo. “Tirou dinheiro dela do Banco Safra, do Banco do Brasil. Estamos falando de milhões, milhões”, endossa. Obras de arte e joias de grifes — a exemplo da Cartier, Van Cleef e Bulgari — também foram apanhados no golpe, salientou o estilista.

Regina Lemos Gonçalves é herdeira da família à frente da marca de baralhos Copag
Regina Lemos Gonçalves é herdeira da família à frente da marca de baralhos Copag

“Os cofres arrombados da minha tia levaram mais de R$ 20 milhões em joias. O total de sete cofres”, numera Álvaro O’hara. O estilista complementou: “Ele foi e sumiu não tem nada, nada, nada”. José Marcos também vendeu a mansão da socialite, em São Conrado, por um valor bem abaixo no avaliado em mercado.

Ao longo do tempo em que esteve com Regina Lemos Gonçalves, José Marcos teria usado o nome da socialite para aplicar golpes em compras de peças luxuosas. “Minha tia sempre foi uma pessoa que gostou de comprar itens bons. Ele, então, se fazia interlocutor dela dos pagamentos, copiava todo mundo e ela ficava com a fama de não pagar ninguém”, alega Álvaro.

Estado de saúde

À coluna, Álvaro O’hara sustenta que a tia materna está bem de saúde após ter ficado meses em cárcere privado e “sofrido maus tratos de todas as formas” por parte de José Marcos. “Graças a Deus, ela fez todos os exames e está bem. Ele a deixou passando fome”, assegura o estilista. Conforme o brasiliense, Regina chegou à casa de parentes apenas com a roupa do corpo e pesando 42 quilos, o que a fez ficar debilitada.

“Durante esse tempo todo, ela teve as mãos quebradas e afundamento de crânio. Ela está com oito pinos na cabeça, mas está completamente lúcida, muito consciente e a única coisa que queremos é Justiça. Ela sabe de tudo o que está acontecendo”, reforça Álvaro.

Regina Lemos e Marcos Ribeiro
Regina Lemos Gonçalves e José Marcos Chaves Ribeiro

O estilista expôs outros momentos vividos pela tia materna em cativeiro. Um deles envolveu José Marcos ter colocado escorpiões no apartamento. O objetivo dele era que o aracnídeo picasse Regina Lemos Gonçalves. “Ele é um mostro, uma pessoa perigosa, porque ela morrendo na atual situação, ele seria o único herdeiro dela”, explana.

Para “salvar” Regina, foi necessária uma ordem judicial, pois José Marcos impedia visitas ao apartamento e, inclusive, montou um circuito interno para monitorar todas as propriedades da idosa. Os vizinhos desconfiaram a ausência da socialite em áreas comuns do Edifício Chopin. Antes de denunciarem, os moradores tentaram contato com a mulher de 88 anos. Ela disse que “estava tudo bem”, contudo residentes não acreditaram na versão.

Futura lei

De acordo com o brasiliense, José Marcos “falsificou uma documentação com um advogado de união estável” com Regina. O estilista certifica que a tia não se lembra de ter assinado qualquer registro sobre o vínculo. “Ele se colocou na posição de dono de tudo com documentação falsificada, se colocando como marido e ela não lembra de ter assinado”, aponta.

A declaração de união estável de Álvaro e Regina foi registrada no 23º Ofício de Notas da Capital do Rio em dezembro de 2021. O brasiliense de 41 anos revela que mais desdobramentos de outros crimes cometidos por José Marcos Chaves Ribeiro deverão vir à tona. “É uma situação bem complicada. Tem várias questões e ainda é algo bem complexo. Alguns pontos estão dentro da esfera judicial”, diz o estilista.

Ao finalizar a entrevista, Álvaro O’hara partilha que os familiares, amigos e advogados da socialite têm trabalhado para que seja criada uma lei com o nome de Regina Lemos Gonçalves a fim de julgar casos de estelionato afetivo. “Infelizmente, isso é muito comum nos dias de hoje. Mulheres e homens idosos são roubados”, conclui. A socialite conseguiu uma medida protetiva contra o ex-companheiro.

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