Veja benefícios de consumir a substância considerada “Ozempic natural”
O doutor em biologia química Lucas Cintra explicou como a substância atua no organismo. O composto oferece benefícios à saúde
atualizado
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No ano passado, a palavra Ozempic entrou para o vocabulário dos brasileiros. Apesar de ser indicado para tratar diabetes tipo 2, o medicamento acabou sendo utilizado para fins de emagrecimento. Quem procura por esse efeito, contudo, pode recorrer a uma uma substância que oferece poderes similares. Trata-se da berberina.
De acordo com Lucas Cintra, doutor em química biológica pelo Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais da Universidade de Franca (GPNUP), em São Paulo, a berberina — substância intitulada como “Ozempic natural” — pode ser extraída de espécies de plantas pertencentes ao gênero Berberis, Pellodendron chinense e Coptis rhizome.
Em entrevista à Coluna Claudia Meireles, o farmacêutico explicou como o composto atua no organismo a fim de auxiliar na perda de peso: “A berberina previne eficazmente o desenvolvimento da obesidade por meio da modulação da microbiota intestinal, retardo da absorção de glicose pelo intestino”.
Modo de ação
Segundo o expert, a berberina ajuda a diminuir a produção de glicose pelo fígado e a regular os genes responsáveis pela proliferação e pela diferenciação de adipócitos, ou seja, células que armazenam gordura. Conhecido como “Ozempic natural”, o composto estimula a AMPK, enzima envolvida na lipólise, melhor dizendo, o processo de quebra de gordura.
“A berberina é eficaz na redução da glicose no sangue, uma vez que inibe uma importante enzima chamada alfaglicosidase, envolvida na absorção do monossacarídeo. Também é capaz de modular a microbiota intestinal, que tem papel chave na regulação do peso e ainda de aumentar a produção de dois peptídeos associados à saciedade e ao metabolismo da glicose, o GLP-1 e o GLP-2”, elucida.
Conforme detalha Lucas Cintra, consumir a berberina faz com que o organismo apresente uma melhora na captação da glicose pelos músculos, também auxilie na redução da resistência à insulina e na participação da ação de hormônios eficazes em regular o apetite. “Por fim, inibe a gliconeogênese hepática, isto é, a produção de glicose pelo fígado”, complementa o farmacêutico.
Benefícios
Embora o foco da ingestão da berberina esteja relacionado ao emagrecimento, o doutor em química biológica salienta que pesquisas mostraram os benefícios do composto em outros “sistemas e consequências da obesidade”, por exemplo, a diabetes e o câncer. “É preciso ter cautela, pois ainda não há estudos em larga escala e em longo prazo para comprovar a sua eficácia nessas doenças”, pondera.
“Os estudos, que já foram realizados, são muitos promissores”, garante o especialista.
O farmacêutico lista como bons resultados do consumo da berberina a redução do colesterol total, o que inclui o nível ruim, batizado de LDL. A substância ajuda na prevenção de doenças cardiovasculares, como aterosclerose, infarto e derrame cerebral.
O controle da pressão arterial e a preservação das funções cognitivas em razão das ações anti-inflamatórias e antioxidantes são outras vantagens decorrentes da ingestão da berberina. Por mais que seja natural, ingerir o composto requer atenção, especialmente por parte de gestantes e lactantes.
“Sem a devida orientação médica, a berberina não é indicada para mulheres grávidas ou que amamentam nem para crianças”, enfatiza o doutor em química biológica. Pessoas diabéticas e que fazem uso de antidiabéticos devem buscar auxílio especializado antes. De acordo com o farmacêutico, a berberina pode intensificar os efeitos dos medicamentos.
Chá ou suplemento?
Ao responder sobre qual a melhor forma de dispor das vantagens oriundas da berberina, se é por meio do suplemento ou do chá, Lucas recomenda tomar o suplemento da substância em cápsulas. “Assim, terá controle da dose ingerida. No modo chá, é mais complicado manipular se a porção é muito baixa ou acima da indicada”, instrui.
“A dose geralmente é entre 500 mg a 1 grama antes das principais refeições, sendo almoço e jantar”, sugere o doutor em química biológica pelo Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais da Universidade de Franca (GPNUP), em São Paulo.
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