Um verdadeiro Don Juan, rei da Espanha teve mais de 4 mil amantes
Em junho de 2014, o rei renunciou ao trono. Com a decisão, vieram à tona, novamente, revelações de seus milhares de romances
atualizado
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Don Juan é uma figura literária que simboliza a libertinagem. Classificada como um mito, a história foi criada pelo dramaturgo Tirso de Molina no século XVII. A alcunha do personagem dá nome ao transtorno sofrido por homens que têm compulsiva necessidade de seduzir, além de envolver-se com frequência em relacionamentos amorosos, por vezes, pouco duradouros ou praticamente inexistentes. Embora considerem uma lenda, a narrativa poderia ser associada à vida do rei emérito da Espanha, Juan Carlos, de 83 anos.
Pura coincidência o nome do personagem e do monarca ser Juan. Outra compatibilidade entre os dois é a fama de mulherengo. Conhecido como o rei das cinco mil amantes, o soberano espanhol teve nada menos do que 4.786 outras ao longo de 60 anos (1954 a 1962), de acordo com relatórios confidenciais dos serviços secretos do exército e segurança de estado. Para completar a biografia escandalosa, durante quase todo o período, ele estava casado com Sofia da Grécia, a rainha consorte. O matrimônio real ocorreu em 1962 e, segundo a imprensa, sempre foi de fachada.
Olhos abertos
Em junho de 2014, o rei renunciou ao trono. Com a decisão, vieram à tona novamente revelações de seus milhares de romances. Alguns foram citados no livro O rei das cinco mil amantes. Por trás da biografia não autorizada, está o coronel aposentado Amadeo Martinez Inglés. Ele publicou o título em 2017. À época em que Juan Carlos era chefe da monarquia espanhola, militares o vigiavam dia e noite na vida profissional e íntima, não à toa contabilizaram a quantidade de casos extraconjugais e de filhos fora do casamento.
Segundo Amadeo, Juan Carlos soma 20 filhos ilegítimos, além dos herdeiros reais. Da união com Sofia da Grécia, o rei teve Cristina de Bourbon; Elena, a duquesa do Lugo; e Filipe VI, atual rei da Espanha. Dentre os motivos para o monarca afastar-se do cargo, estão o envolvimento com corrupção e o fato de ter sido fotografado com uma “amiga” caçando elefantes. Conforme noticiado pela imprensa, o soberano matou um animal com idade de 50 anos e que pesava 50 toneladas. As presas de marfim mediam mais de um metro.
Cinco mil amantes
As amantes do rei se dividem em dois grupos. O primeiro, das “profissionais”, mulheres reconhecidas pelos espanhóis por terem relação prolongada com o monarca. Já grande parte delas pertence à turma do único contato, conforme explicou o coronel na biografia não autorizada. Quem abre a lista das aventuras extraconjugais de Juan Carlos é a filha do último rei italiano, Humberto II, María Gabriela de Saboya. Eles se conheceram ao longo do exílio da realeza espanhola na freguesia portuguesa de Estoril.
O romance entre Juan Carlos e María Gabriela não agradou ao ditador espanhol Francisco Franco, que fez questão de colocar um ponto final na história do casal. Já partindo para a infidelidade do soberano. A primeira amante dele foi a atriz e cantora Sara Montiel, em 1976. O caso começou quando o rei já estava casado com Sofia da Grécia. Inclusive, ela soube da traição e pegou os dois em flagrante. A imprensa costuma bater na tecla de que a rainha consorte fechou os olhos diante dos adultérios.
Na década de 1970, o rei viveu um romance com a cantora italiana Raffaela Carrà. Ainda na biografia feita por Amadeo, aparece o nome da atriz espanhola Barbara Rey. Foi graças ao serviço secreto espanhol que o soberano e a artista se encontravam em um apartamento cuidadosamente vigiado pelos agentes militares. O casal se conheceu por volta dos anos 1970 e levou a relação até meados de 1990. Para que o romance não fosse revelado, Barbara Rey chantageou o monarca pedindo dinheiro.
Integra também a lista “sem fim” de amantes do chefe da monarquia espanhola a decoradora Marta Gayá. A imprensa acredita que ela foi o grande amor da vida de Juan Carlos. O casal se conheceu por meio de amigos em comum. Outro caso de infidelidade do rei que estremeceu a realeza esteve ligado à belga Liliane Sartiau, com quem, suspeita-se, teve uma filha ilegítima chamada Ingrid. A possível herdeira pediu ao soberano para fazer um teste de DNA. Ele negou o pedido. Constam ainda na biografia os nomes da alemã Julia Steinbusch e da apresentadora Anne Igartiburu.
Princesa Diana
Sabendo das paixões proibidas do soberano, a jornalista Pilar Eyre escreveu não um, mas dois livros a respeito dos escândalos da dinastia. São eles: Segredos e Mentiras na Família Real Espanhola, de 2011; e A Solidão da Rainha: Sofia uma Vida, de 2012. Nas publicações, a autora catalã expôs a infidelidade do monarca e o casamento de aparências. Embora continuem como marido e mulher, Juan Carlos e Sofia da Grécia vivem separados há quase duas décadas.
Nem a princesa Diana escapou das investidas do chefe da monarquia da Espanha. De acordo com Pilar, o rei “morreu de amores” pela mãe de William e Harry. Lady Di chegou a comentar com uma amiga o assédio sofrido pelo soberano. Ela ficou em maus lençóis durante visita oficial à família de Juan Carlos, na ilha de Maiorca. Na ocasião, a britânica estava acompanhada do marido, o príncipe Charles, e dos filhos. O episódio ocorreu em 1987.
Caso mais famoso
Dentre as milhares aventuras extraconjugais de Juan Carlos, a mais famosa foi protagonizada pela empresária Corinna zu Sayn-Wittgenstein, conhecida como Corinna Larssen. O caso estendeu-se de 2004 a 2009. A dupla se conheceu em um jogo de tiro. Como o soberano enfrentava problemas com a arma, ela resolveu ajudá-lo. “Eu sei bastante sobre o assunto, então, sabia explicar o que havia de errado. Ele ficou bem surpreso”, recordou a amante em entrevista à BBC. O romance evoluiu a passos lentos.
“Acabamos conversando por telefone por alguns meses”, lembrou a empresária. O primeiro date aconteceu no início do verão. Corinna destacou que eles se conectaram de imediato devido aos interesses em comum, por exemplo, vinhos, gastronomia e política. No início do relacionamento, ela morava em Londres e era mãe solteira de duas crianças. A amante caracterizou o começo do romance como complicado em razão de o soberano ser uma pessoa muito ocupada.
Nas pausas dos compromissos, Juan Carlos arrumava um jeito de ligar para Corinna. Por dia, chegavam a uma média de 10 telefonemas. Em determinado momento, a empresária colocou o monarca contra a parede a respeito de como o caso afetaria a rainha Sofia da Grécia. “Ele disse sobre terem um arranjo para representar a Coroa e viverem vidas completamente diferentes e separadas. O rei havia saído de uma relação de quase 20 anos com outra mulher. Ela tinha um lugar muito especial em seu coração e na sua vida”, rememorou a amante.
Trair a amante
A aventura infiel de Corinna e Juan Carlos não era de conhecimento do público espanhol. O caso ganhou as manchetes quando o rei caiu em uma viagem por Botswana, em 2012. Mesmo após o relacionamento terminar, os dois continuaram amigos, já que o monarca era próximo dos filhos da empresária. No tour, o soberano fraturou o quadril e, ainda, matou um elefante durante uma caça. Antes desses acontecimentos, o chefe da Espanha confessou à amante que a traiu. A mulher responde pelo nome de Sol Bacharach.
Advogada, Sol ficou com Juan Carlos por três anos. No mesmo período, ele se relacionava com Corinna Larssen, sem contar o matrimônio com Sofia. “Eu simplesmente não esperava isso depois de ele me propor casamento e conhecer meu pai. Fiquei mal por vários meses”, revelou a empresária à BBC. Um fato nada inusitado da história do rei da Espanha ocorreu durante um evento escolar em julho de 2008. O soberano posou para os fotógrafos entre a amante Sol e a mulher, a rainha consorte.
Desde agosto, o rei emérito encontra-se em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Nesta semana, a Casa Real da Espanha precisou emitir um comunicado após informações falsas sobre o estado de saúde do ex-soberano terem circulado na imprensa. Ele apareceu ao lado do piloto Khaled Al Qubaisi.
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